quarta-feira, 15 de junho de 2022

MARATONA DE PORTO ALEGRE 2022


É hoje o dia da alegria!”

Ainda de olhos semicerrados, curtindo a preguiça de uma deliciosa noite de sono, o refrão da música do Caetano Veloso invadia minha cabeça.

Com os termômetros marcando 6º C, o dia amanhecera e chegara a hora de ir ao baile. A bordo da “carruagem” da Tele Táxi Cidade, Manoel, Val e Pataro. Hospedados noutro canto, naquele mesmo horário, Jacson e Lourenço também se deslocavam para a festa.

Com Pataro, Val e Manoel indo para o "jantar de massas" na noite anterior

Aliás, naquele domingo parecia que todos os caminhos levavam à Avenida Diário de Notícias, em frente ao Barra Shopping Sul, na zona sul da capital gaúcha. Os números noticiavam 15.000 inscritos de 16 países diferentes (nas três distâncias da prova).

Então, o inevitável engarrafamento…

A cerca de um quilômetro do nosso destino, nosso táxi “ancorou na passarela” e após “desembarque fascinante”, no trote, fomos experimentando a diminuição da sensação térmica provocada pelo cortante vento frio que vinha do Guaíba.

Pataro festejando o RP  e sub -4 de Manoel

Após meses de preparação, e tendo entregue praticamente 100% dos treinos propostos pelo Mestre Marcelo Augusti, seguíamos conscientes de que estávamos aptos a tentar nosso melhor na Maratona Internacional de Porto Alegre. Exceção apenas para o amigo Pataro que, prejudicado por alguns contratempos, teria a nobre missão de “puxar” Manoel em sua corrida pelo sub-4.

O AQUECIMENTO

Depois de um providencial aquecimento dentro do shopping, restando apenas 10 minutos até a largada, ingressei no fundo do Pelotão A, ali reencontrando o amigo Sandoval, que também participara do nosso treino soltura no dia anterior.

Com Sandoval aguardando a largada

Lamentável sempre, o início da prova seria retardado em 10 minutos. Lembro-me, num instante, enquanto buscava movimentos para manter a temperatura, de observar o tanto de tênis de placa que estava ao meu redor. Depois, a contagem regressiva: 5, 4, 3, 2, 1! Um abraço desejando boa prova ao amigo e, “cheios de euforia para desfilar”, partimos.

A MARATONA

Mesmo saindo em ritmo tranquilo (para evitar quaisquer dos típicos acidentes de largada), passamos o primeiro quilômetro com 4’12.


Aumentando gradativamente o ritmo, a prova foi se desenrolando e os tempos pretendidos começaram a aparecer no visor do meu Garmin a cada soar de quilômetro.



Com tranquilidade, alcancei o km 5 com 20’41 e o km 10 com 41’15. 55 segundos depois o alarme programado para soar a cada 42’10, me faria lembrar que começara bem o caminho para a tentativa de quebrar o recorde pessoal, cuja marca era 2h57’48.

Foi justamente nessa altura da prova que fui ultrapassado por uma mocinha que corria de forma tão consistente quanto elegante (mais tarde viria a saber que estava na meia-maratona) a quem, imediatamente, elegi como marcadora de ritmo.


O gaúcho Lourenço Del Ponte estreando em grande estilo em POA (3h07)

Por volta do km 12,5 retornávamos na arena. Com a inversão do sentido da largada (que nesta 37ª edição saiu na direção do Mercado Municipal / Usina do Gasômetro) agora iríamos fazer o que eram tradicionalmente os 8,5 km iniciais.

Somente pelo 19º quilômetro foi que comecei a perceber o enorme pelotão que seguia alguns metros à minha frente.


Deixando minha coelha (Ana Clise) que chegaria em 13º geral com pódio de categoria

A partir dali, desejando um bom final de prova à minha coelha, aumentei o ritmo para ver se conseguiria entrar no bonde.

O incremento na velocidade levou-me a fazer o próximo quilômetro, que viria a ser o mais rápido de toda a maratona, em 3’56.


Bonde Sub -3 com Mari Luchezi em destaque

A passagem pela marca da meia maratona com o tempo de 1h27'15” (tempo idêntico ao da Meia em Feira de Santana na semana anterior), somada à sensação de estar me sentindo bem inteiro, trouxeram-me a esperança de estar no caminho certo para a quebra do recorde pessoal.

Entretanto, com planos de A a Z (sempre! rs), este último consistindo em chegar com saúde para próxima e com qualquer tempo, mesmo que não conseguisse superar a antiga marca, sentia que o plano B - correr a maratona abaixo de 03 horas – já começava a delinear-se possível.

E então, por volta do km 22, veio o encaixe no Pelotão…

No meio de uma gente tão modesta”

Nas provas grandes, correr em pelotão não chega a ser uma novidade para mim. Ali mesmo na Maratona de Porto Alegre (onde estava fazendo minha nona participação) já o fizera várias vezes, mas preciso registrar que nunca antes vivera uma emoção tão grande.



Desconhecidos entre nós em sua maioria, seguíamos, cerca de 40 pessoas, mastigando os quilômetros enquanto nos ajudávamos e motivávamos mutuamente. Éramos como se fôssemos um organismo vivo!

Na altura do km 25, um rápido momento de tensão quando 03 corredores se embolaram e foram ao chão. “Como uns gatos” (assim diria o Tadeu Schmidt) a turma levantou-se e tratou de reencaixar-se no bonde.



Lá pelo 27, a tensão agora era toda minha. O cadarço molhado do KR5 desamarrou. Importante ressaltar que calço e descalço todos meus tênis sem tirar os nós.

Acelerei um pouco mais e busquei um lugar mais alto para fazer a amarração, mas os dedos enrijecidos pelo frio (além de ter dois deles quebrados) não me deixavam tracionar direito os cadarços. Abortei a tentativa e tornei a entrar no bonde.


Jacson  estreando com 3h31

Há muito que havia notado que o rapaz que parecia ser o principal responsável pelo bonde não estava inscrito. Com a facilidade que ele estava correndo, já havia julgado que certamente deveria correr os 42 para casa de 2h40.

Acelerando para ficar ao seu lado, contei-lhe os detalhes da minha tentativa frustrada de amarrar o tênis.

O simpático Gilberto Castilhos mostrou-se logo disposto a ajudar. Disse-lhe que daria outro “tiro” para fazermos o pit stop na frente do bonde. Assim que emparelhamos ele pediu que eu escolhesse a hora de fazermos a operação e, aproveitando-me de uma pequena elevação próxima, parei de imediato. Rapidamente estávamos de volta ao jogo.



Graças ao Giba, pude voltar a concentração inteiramente para a prova que, passado aquele sufoco, ocorreu sem grandes sustos. Corria encaixado e sem fazer muitos cálculos em relação ao Recorde Pessoal.

Com exatas 2h passava a marca do Km 29, chegando ao 32 com o Garmin acusando 2h13.

Sentindo-me confiante, pouco tempo depois deixaria o bonde, no que acabei sendo acompanhado por Giba, Eduardo Wust e a impressionante Mari Luchezi. Todos eles chegariam levemente à minha frente.


Com Giba e Eduardo nos quilômetros finais da prova

Na passagem pelo km 40, mesmo já sabendo que a marca cairia, busquei na base do “haja caretas” aumentar um pouco mais o ritmo.



Com as turbinas em potência máxima, voei para a linha de chegada e, com a sensação de não haver “na avenida alguém mais feliz que eu”, pude conferir no cronômetro a nova marca pessoal estabelecida: 2h56'25".



Após confraternizar com os atletas recém-chegados, bastante emocionado parti para a correria que o voo prestes a acontecer nos impingia.

Antes, ainda busquei, esperançoso (oh, inocência! rs), e consegui descobri    minha          colocação na categoria: 11º, bem longe do pódio. (rs). Nada que abalasse a moral rs. Afinal de contas, não é todo dia que se consegue baixar tempo quando se tem 54 anos de idade.

Com o Prof. Marcelo Augusti
Durante o trajeto para chegar ao hotel, um filme ia passando em minha cabeça. Um monte de gente a quem queria agradecer e dividir logo a vitória pessoal, que nunca é conseguida de forma  solitária.

Minha primeira mensagem, como não poderia deixar de ser, foi para o Professor Marcelo Augusti (Mr. Running), que  tem o dom de sempre me fazer acreditar.


Com Dr. Douglas Hora e Ivan Luz na Clinica Larmonie  nos ajustes pré-competição

A Deus, a todas as pessoas que vibram positivamente, aos parceiros e amigos dos treinos cotidianos, agradecer, agradecer, agradecer.

Falando nos amigo, em breve confirmaria que todos da turma haviam atingido sua meta. 

"Diga espelho meu, se há na avenida alguém mais feliz que eu?"

Destaque especialíssimo para Val que treinando para maratonas desde 2019 (tendo inclusive sido vice-campeã geral na Runners 42k e terceiro lugar geral nos 55k da UAI Reverse) finalmente pode fazer sua estreia numa prova oficial, com a invejável marca de 03h56'51

Pódio Geral Masculino - Campeão -  o baiano Geilson dos Santos

Acabada a diversão, chegara a hora de voar de volta para Salvador.



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chamada para treino regenerativo e solidário do próximo sábado




foto do diploma inserida pela ocasião do fechamento do ranking em dezembro



















sábado, 11 de junho de 2022

A VELHA E BOA SOLTURA PRE MARATONA DE PORTO ALEGRE

E mais uma vez, graças a Deus, estamos na expectativa, sempre especial, de fazer parte da Maratona de Porto Alegre.

Em solo gaúcho desde ontem (quando aproveitamos para ir logo a entrega de kits),  nesta manhã saímos para nosso tradicional treino pré-prova.

O time formado para a soltura deste sábado, contou com as presenças de Val, Lourenço, Jacson, Manoel, Pataro e Sandoval.

Pataro, Val, Sandoval, Lourenço, Manoel e Jacson

Mais que  relembrar às nossas queridas pernas o ritmo que precisarão trabalhar amanhã, os 40' minutos repartidos entre  aquecimento, desaquecimento e acelerações de 200 metros, serviram  para descontrair e aliviar a natural TPM  (Tensão Pré-Maratona).

Providencial passatempo, pois se o friozinho na barriga ataca até os mais experientes (diga-se de passagem conheci Pataro  aqui na Maratona de 2008),  é possível imaginar a quanto anda a cabeça da turma que  em sua maioria irá estrear oficialmente nos 42,2 amanhã.

Outra coisa boa dessa soltura pré-prova   é poder ir se acostumando com a  temperatura (hoje e amanhã na casa de 6 graus) e ao final da brincadeira, parece rs, que o objetivo foi alcançado.


Um boa maratona pra todos  amanhã!

No próximo post, com a permissão divina, traremos as estórias da 37ª Maratona de Porto Alegre.