Marco inicial do Caminho da Paz em Amargosa - Antônio, Cris, Manoel, eu, Gil e Henrique |
“O Caminho da Paz é uma caminhada de 127 km de extensão, iniciando na Cidade de Amargosa, no Estado da Bahia, com chegada no 'Projeto Semente' – um ponto de Luz nas montanhas do Vale do Jiquiriçá, em Ubaíra. É o primeiro do gênero no Nordeste do Brasil.”
O percurso é todo marcado com setas amarelas pintadas em estacas, postes, pedras, cancelas, árvores, etc., pelos 08 peregrinos que criaram o Caminho da Paz no ano de 2003 (Antônio Presídio, Maria de Lourdes, José Antônio, Wellington Muller, Roberto, Lourdinha, Jussara e Benedito). Em seu traçado original, media 165km, mas a partir de 2011 passou a ter “apenas” os atuais 127km e está concebido para ser feito em seis dias, assim divididos os trechos:
127 Km pelas trilhas do
CAMINHO DA PAZ
Sequência de Dias / Percurso / Km
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1° dia
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Amargosa
ao Alto da Lagoinha |
25Km
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2° dia
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Alto da Lagoinha
ao Morrinho de São José ao Alto da Lagoinha |
13Km
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3° dia
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Alto da Lagoinha
a Mutuípe |
17Km
|
4° dia
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Mutuípe
a Jiquiriçá |
26Km
|
5° dia
|
Jiquiriçá
a Ubaíra |
27Km
|
6° dia
|
Ubaíra
ao Projeto Semente |
19Km
|
A ideia de cumprir, correndo, todos os seis trechos do Caminho da Paz nasceu imediatamente quando o descobri através dos Professores André e Ângela da Corpus Vitalle na páscoa de 2014, oportunidade em que o percorremos de bicicleta.
Com o intuito de treinar, sempre levando amigos comigo e usando os dois primeiros trechos, várias vezes voltei ao Caminho, sendo a última em março deste ano, quando tínhamos praticamente a mesma turma que topou a empreitada do último final semana.
Constando na minha planilha como parte da preparação para a BR 135 2017 (competição para a qual tive aceito o currículo submetido, mas que, por questões de ordem econômica, terei que adiar para o ano de 2018 - essa é outra estória que merecerá post próprio mais adiante), finalmente tinha a "desculpa perfeita" para realizar o desejo nascido 02 anos antes.
"Fazer sonhar é mister se alguém quiser convencer."
Combinar "obrigação" com prazer não foi uma coisa muito difícil de imaginar e logo surgiu o plano de fazer com que aquele grupo, que havia feito os 02 primeiros trechos em março último, completasse o Caminho correndo os 89km restantes.
A princípio a ideia parecia uma coisa bem maluca (rs). O volume de treino do pessoal estava longe de ser o ideal, mas tinha a convicção de que com o prazer com que se entregariam à "tarefa" a desempenhar, a força psicológica e a solidariedade de sempre, eles tirariam aquilo de letra.
Então, muitos convites e conversas depois, formamos o seguinte time: Antônio Alves Leite, Cristina Cangussu, Manoel Lima, Henrique da Hora, eu e Gilberto Bonfim da Silva.
Dois destes integrantes da expedição ainda não conheciam o Caminho da Paz. A Henrique (um deles) sugeri que, ao ser deixado no Alto da Lagoinha na sexta à tarde (de onde iriam partir no sábado de manhã) aproveitasse para ir ao Morro de São José, cumprindo assim o segundo trecho.
O outro, certamente o mais "louco" deles, era meu amigo-irmão Gil que, a despeito de não estar treinando longos há algum tempo, ofereceu-se para ir comigo o Caminho full.
Estou em treinamento de 6, 7, 8, 12 horas desde setembro. Nas últimas semanas fiz vários treinos de 100km (sempre visando a BR 135). No mês passado alcancei o segundo lugar geral numa competição duríssima de 100km, etc. Se fosse qualquer outra pessoa que estivesse praticamente sem treinar como sabia que ele estava, aconselharia juntar-se aos outros e ficar "apenas" com os 04 trechos restantes, porém quem estava me dizendo aquilo era Gil. E por experiência, já sabia que ele daria conta do recado.
Quantas vezes não disse ou não já ouvi falar a seguinte frase: "Se esse cara treinasse com regularidade, ninguém o venceria em distância alguma". Pois bem, some-se a isso tratar-se de um ser humano ímpar, sempre com o olhar e a atitude de ajuda, de contribuição, de fazer inveja até à Mula Marmela.
É claro que aceitei a parceria e, posso adiantar, ele correu com a simplicidade e a bondade de sempre. É incrível! Lá se vão quase 20 anos de amizade e até hoje sigo aprendendo coisas com o "monstro" Gil.
Ficamos fechados assim:
Grupo A - Cris, Seu Antônio, Manoel e Henrique: faria 89km partindo do Alto da Lagoinha no sábado de manhã.
Grupo B - Gil e eu: 127km partindo de Amargosa na sexta à tarde.
25/11 (sexta-feira)
Por volta das 09 horas, em dois carros, chegamos a Amargosa e providenciar as credenciais do peregrino foi nossa primeira ação.
A logística, daquelas capazes de dar nó em muita cabeça boa por aí, precisava ser imediatamente começada para estarmos todos prontos para a largada, e a passagem na casa de meu pai foi algo de poucos minutos.
Depois de muita correria, e após somente 10 minutos do nosso retorno à Amargosa (após ter deixado o grupo A no Alto da Lagoinha e um carro no Projeto Semente), o amigo Louro, incluído na logística "natoralmente", deixou-nos (eu e Gil) no ponto inicial do Caminho da Paz e assim, às 16:37, colocamos o pé na estrada.
Lanterna de cabeça ligada, em 2 horas e meia, que passaram absolutamente sem que sentíssemos, chegamos ao Alto da Lagoinha com a recepção dos nossos amigos e da sempre simpática anfitriã Damiana.
Ali ficamos sabendo que Henrique havia acatado prontamente nossa sugestão de ir ao Morrinho pela tarde, no que foi acompanhado por Manoel que, por assim dizer, "já tinha o segundo trecho no currículo".
A alegria de estarmos ali novamente era evidente em todos os rostos. O jantar em família, não obstante toda a correria do dia e o horário em que todos deveriam estar prontos para a largada na madrugada seguinte foi ruidoso e divertido.
26/11 (sábado)
Marcamos para sair às 4h, mas pelo horário que já estavam de pé Seu Antônio e Henrique bem que poderíamos sair às 2h (rs).
Todos tínhamos o mesmo destino: Jiquiriçá.
O Grupo A seguiria direto para Mutuípe para colher o carimbo nas Credenciais, depois rumaria para Jiquiriçá, enquanto eu e Gil, antes de seguir o mesmo caminho, iríamos ao Morrinho de São José. Ou seja, para eles, 02 trechos (43km), para nós, 03 (56km).
A separação do grupo deu-se ainda no escuro. Apesar dos 13km a mais, havia uma expectativa de que talvez nos encontrássemos antes do ponto final em Jiquiriçá. A diferença não foi tirada no caminho e confesso que não nos esforçamos para isso.
Quando começou a amanhecer e me dei conta de que para Gil aquilo era tudo novo, vi que a gente não podia simplesmente chegar lá no morrinho, tocá-lo e dar meia volta. Era muita luz, muita beleza a se ignorar. Então chegamos, sentamos e curtimos a maravilhosa vista do Morrinho de São José.
Cerca de meia hora depois começamos a descer o Morro. Era preciso, o sol já menos amistoso mostrava que o dia seria bem quente e ainda tínhamos 50km para cumprir.
Sempre seguindo as setas amarelas do caminho, após as doces e nada moles ladeiras do trecho 3, chegamos à Pousada Portal de Mutuípe, onde carimbamos nosso passaporte e ficamos sabendo que nossos amigos haviam feito o mesmo ritual há duas horas.
Gastamos uns 40 minutos em Mutuípe antes de dar início ao trecho Mutuípe -Jiquiriçá (26km).
Com sensação térmica na casa dos 40 graus (pelo menos na minha cabeça, rs) nossa corrida foi cada vez mais se tornando trote, até que comecei a torcer por aquelas pirambeiras enormes, daquelas que não adianta muito correr, para subir andando. O Caminho da Paz ensinando humildade: Vieram correr? Pois bem! rs
Correr com Gil é sempre vantajoso. Toda hora o cara enxergava algo para comermos. Aqui um cacau verde: "contém mais proteína", ali, um quiabo cru, acolá uma manga e, provando dessas iguarias, pedindo água nas poucas casas do Caminho e remando devagarinho em meio àquela natureza exuberante, por volta das 13 horas chegamos ao nosso destino e juntamo-nos ao restante da turma.
Era bom demais ver todos felizes e realizados, afinal de contas, haviam feito dois trechos de uma só vez, 43km de muita dificuldade, e de repente estavam ali, ressaltando menos a dureza que as belezas do Caminho.
Almoçamos todos juntos e o resto do sábado foi desfrutado em família.
27/11 (domingo)
Novamente às 04 da manhã estávamos todos prontos para a largada.
Desta vez tínhamos destinos diferentes. O grupo A correria "apenas" o trecho Jiquiriçá - Ubaíra, enquanto eu e Gil correríamos até o Projeto Semente, ponto final do Caminho da Paz.
Após alguns quilômetros juntos, por termos 19km a mais para cumprir em nossa missão do dia, Gil e eu começamos a imprimir um ritmo mais forte que nossos amigos e fomos nos afastando.
O Caminho da Paz seguia nos enchendo os olhos. O que não deixa de ser curioso, pois toda aquela beleza vinha envolta em verdes e enormes pirambeiras e a apreensão por saber que as enfrentaríamos sempre ficava em segundo plano.
Por volta das 07 e meia chegamos a Ubaíra e com Dona Lúcia colhemos o penúltimo carimbo de nossas credenciais.
Antes de tomarmos nosso rumo final buscamos reabastecimento numa padaria. Lá o dono se interessou para entender o que estávamos fazendo e, como não poderia deixar de ser, gastamos um bom tempo divulgando o Caminho. É incrível como são poucas as pessoas das cidades envolvidas no percurso que o conhecem.
Mal havíamos recomeçado nossa corrida e, via celular ficamos sabendo que o Grupo A já havia chegado a Ubaíra, onde ficariam para fazer o desfecho somente no dia seguinte.
O trecho final é um dos menores mas, nem por isso, mais fácil. Nele há umas paisagens/pisos diferentes do restante do trajeto. Uma subida num morro, a passagem em pastos em meio a um montão de bois e um trecho de trilha são algumas das peculiaridades da rota entre Ubaíra e o Projeto Semente.
Às 11 horas da manhã, super felizes com a conquista, finalizávamos, Gil e eu, os 127km do Caminho da Paz.
Constava da logística inicial sermos buscados no ponto final por integrantes do Grupo A para que na segunda-feira, todos juntos, fizéssemos nova chegada no Projeto Semente.
Entretanto, nem tudo sai como a gente quer e tivemos um contratempo com o carro de resgate, felizmente apenas com perdas materiais.
"...Na contramão
Dança para-lama
Já era para-choque
Agora ele se chama
Emerson"
E o plano do dia seguinte precisou ser refeito. Gil, que já havia terminado o Caminho da Paz, voltou para Salvador de ônibus, enquanto assumi a responsabilidade de ir buscar de carro Cris, Seu Antônio, Henrique e Manoel e de festejar com eles a chegada no Projeto Semente.
28/11 (segunda)
Chegara o dia dos meus companheiros provarem do gostinho que sentíramos no dia anterior. A distância menor influenciou na decisão do Grupo de dar a largada um pouco mais tarde, às 4:30 (rs).
Acordei morrendo de sono, o desgaste havia sido grande no dia anterior, e fui registrar a largada do pessoal.
De carro os segui por 05km. Ao volante, via com imenso prazer que estavam refeitos do susto do dia anterior e que o Caminho da Paz já os envolvera novamente.
Pouco depois das 07 horas da manhã voltaríamos a nos encontrar no Projeto Semente. Agora sim, todos haviam cumprido o que fora proposto. Agora sim, poderíamos voltar a Salvador, mas não sem antes tomar um delicioso café da manhã providenciado por Zé Filho, e passar algumas horas reabastecendo-nos da energia e da PAZ maravilhosas que emanam daquele lugar.
Parabéns, pessoal!
Obrigado, Deus!
PROJETO SEMENTE
OUTRAS FOTOS DO CAMINHO DA PAZ
Com o intuito de treinar, sempre levando amigos comigo e usando os dois primeiros trechos, várias vezes voltei ao Caminho, sendo a última em março deste ano, quando tínhamos praticamente a mesma turma que topou a empreitada do último final semana.
Constando na minha planilha como parte da preparação para a BR 135 2017 (competição para a qual tive aceito o currículo submetido, mas que, por questões de ordem econômica, terei que adiar para o ano de 2018 - essa é outra estória que merecerá post próprio mais adiante), finalmente tinha a "desculpa perfeita" para realizar o desejo nascido 02 anos antes.
"Fazer sonhar é mister se alguém quiser convencer."
Combinar "obrigação" com prazer não foi uma coisa muito difícil de imaginar e logo surgiu o plano de fazer com que aquele grupo, que havia feito os 02 primeiros trechos em março último, completasse o Caminho correndo os 89km restantes.
A princípio a ideia parecia uma coisa bem maluca (rs). O volume de treino do pessoal estava longe de ser o ideal, mas tinha a convicção de que com o prazer com que se entregariam à "tarefa" a desempenhar, a força psicológica e a solidariedade de sempre, eles tirariam aquilo de letra.
Então, muitos convites e conversas depois, formamos o seguinte time: Antônio Alves Leite, Cristina Cangussu, Manoel Lima, Henrique da Hora, eu e Gilberto Bonfim da Silva.
Dois destes integrantes da expedição ainda não conheciam o Caminho da Paz. A Henrique (um deles) sugeri que, ao ser deixado no Alto da Lagoinha na sexta à tarde (de onde iriam partir no sábado de manhã) aproveitasse para ir ao Morro de São José, cumprindo assim o segundo trecho.
Vista do a partir do Morrinho de São José - Como não aceitar a sugestão, nao é Henrique? |
Estou em treinamento de 6, 7, 8, 12 horas desde setembro. Nas últimas semanas fiz vários treinos de 100km (sempre visando a BR 135). No mês passado alcancei o segundo lugar geral numa competição duríssima de 100km, etc. Se fosse qualquer outra pessoa que estivesse praticamente sem treinar como sabia que ele estava, aconselharia juntar-se aos outros e ficar "apenas" com os 04 trechos restantes, porém quem estava me dizendo aquilo era Gil. E por experiência, já sabia que ele daria conta do recado.
Gil e a seta amarela |
Ficamos fechados assim:
Grupo A - Cris, Seu Antônio, Manoel e Henrique: faria 89km partindo do Alto da Lagoinha no sábado de manhã.
Grupo B - Gil e eu: 127km partindo de Amargosa na sexta à tarde.
25/11 (sexta-feira)
Por volta das 09 horas, em dois carros, chegamos a Amargosa e providenciar as credenciais do peregrino foi nossa primeira ação.
A logística, daquelas capazes de dar nó em muita cabeça boa por aí, precisava ser imediatamente começada para estarmos todos prontos para a largada, e a passagem na casa de meu pai foi algo de poucos minutos.
Prontos para argada |
Depois de muita correria, e após somente 10 minutos do nosso retorno à Amargosa (após ter deixado o grupo A no Alto da Lagoinha e um carro no Projeto Semente), o amigo Louro, incluído na logística "natoralmente", deixou-nos (eu e Gil) no ponto inicial do Caminho da Paz e assim, às 16:37, colocamos o pé na estrada.
Lanterna de cabeça ligada, em 2 horas e meia, que passaram absolutamente sem que sentíssemos, chegamos ao Alto da Lagoinha com a recepção dos nossos amigos e da sempre simpática anfitriã Damiana.
Ali ficamos sabendo que Henrique havia acatado prontamente nossa sugestão de ir ao Morrinho pela tarde, no que foi acompanhado por Manoel que, por assim dizer, "já tinha o segundo trecho no currículo".
Grupo à mesa com as Peregrinas Selma e Nilma |
A alegria de estarmos ali novamente era evidente em todos os rostos. O jantar em família, não obstante toda a correria do dia e o horário em que todos deveriam estar prontos para a largada na madrugada seguinte foi ruidoso e divertido.
26/11 (sábado)
Todos tínhamos o mesmo destino: Jiquiriçá.
O Grupo A seguiria direto para Mutuípe para colher o carimbo nas Credenciais, depois rumaria para Jiquiriçá, enquanto eu e Gil, antes de seguir o mesmo caminho, iríamos ao Morrinho de São José. Ou seja, para eles, 02 trechos (43km), para nós, 03 (56km).
A separação do grupo deu-se ainda no escuro. Apesar dos 13km a mais, havia uma expectativa de que talvez nos encontrássemos antes do ponto final em Jiquiriçá. A diferença não foi tirada no caminho e confesso que não nos esforçamos para isso.
Quando começou a amanhecer e me dei conta de que para Gil aquilo era tudo novo, vi que a gente não podia simplesmente chegar lá no morrinho, tocá-lo e dar meia volta. Era muita luz, muita beleza a se ignorar. Então chegamos, sentamos e curtimos a maravilhosa vista do Morrinho de São José.
Presente de Deus - Sol nascendo quase na mesma hora que estávamos atingindo o Morrinho de São José |
Cerca de meia hora depois começamos a descer o Morro. Era preciso, o sol já menos amistoso mostrava que o dia seria bem quente e ainda tínhamos 50km para cumprir.
Sempre seguindo as setas amarelas do caminho, após as doces e nada moles ladeiras do trecho 3, chegamos à Pousada Portal de Mutuípe, onde carimbamos nosso passaporte e ficamos sabendo que nossos amigos haviam feito o mesmo ritual há duas horas.
Gastamos uns 40 minutos em Mutuípe antes de dar início ao trecho Mutuípe -Jiquiriçá (26km).
Com Ene na Portal de Mutuípe protnos para voltar à estrada após carimbar Credencial do Peregrino |
Com sensação térmica na casa dos 40 graus (pelo menos na minha cabeça, rs) nossa corrida foi cada vez mais se tornando trote, até que comecei a torcer por aquelas pirambeiras enormes, daquelas que não adianta muito correr, para subir andando. O Caminho da Paz ensinando humildade: Vieram correr? Pois bem! rs
Correr com Gil é sempre vantajoso. Toda hora o cara enxergava algo para comermos. Aqui um cacau verde: "contém mais proteína", ali, um quiabo cru, acolá uma manga e, provando dessas iguarias, pedindo água nas poucas casas do Caminho e remando devagarinho em meio àquela natureza exuberante, por volta das 13 horas chegamos ao nosso destino e juntamo-nos ao restante da turma.
Era bom demais ver todos felizes e realizados, afinal de contas, haviam feito dois trechos de uma só vez, 43km de muita dificuldade, e de repente estavam ali, ressaltando menos a dureza que as belezas do Caminho.
Grupo reunido em Jiquiriçá comemorando o sucesso do dia |
Almoçamos todos juntos e o resto do sábado foi desfrutado em família.
27/11 (domingo)
Deixando Jiquiriçá |
Novamente às 04 da manhã estávamos todos prontos para a largada.
Desta vez tínhamos destinos diferentes. O grupo A correria "apenas" o trecho Jiquiriçá - Ubaíra, enquanto eu e Gil correríamos até o Projeto Semente, ponto final do Caminho da Paz.
Após alguns quilômetros juntos, por termos 19km a mais para cumprir em nossa missão do dia, Gil e eu começamos a imprimir um ritmo mais forte que nossos amigos e fomos nos afastando.
O Caminho da Paz seguia nos enchendo os olhos. O que não deixa de ser curioso, pois toda aquela beleza vinha envolta em verdes e enormes pirambeiras e a apreensão por saber que as enfrentaríamos sempre ficava em segundo plano.
Por volta das 07 e meia chegamos a Ubaíra e com Dona Lúcia colhemos o penúltimo carimbo de nossas credenciais.
Antes de tomarmos nosso rumo final buscamos reabastecimento numa padaria. Lá o dono se interessou para entender o que estávamos fazendo e, como não poderia deixar de ser, gastamos um bom tempo divulgando o Caminho. É incrível como são poucas as pessoas das cidades envolvidas no percurso que o conhecem.
Dona Lúcia orgulhosa do seu lindo Presépio em Ubaíra |
O trecho final é um dos menores mas, nem por isso, mais fácil. Nele há umas paisagens/pisos diferentes do restante do trajeto. Uma subida num morro, a passagem em pastos em meio a um montão de bois e um trecho de trilha são algumas das peculiaridades da rota entre Ubaíra e o Projeto Semente.
A grande curva em forma de Coração - quase lá |
Constava da logística inicial sermos buscados no ponto final por integrantes do Grupo A para que na segunda-feira, todos juntos, fizéssemos nova chegada no Projeto Semente.
Entretanto, nem tudo sai como a gente quer e tivemos um contratempo com o carro de resgate, felizmente apenas com perdas materiais.
"...Na contramão
Dança para-lama
Já era para-choque
Agora ele se chama
Emerson"
E o plano do dia seguinte precisou ser refeito. Gil, que já havia terminado o Caminho da Paz, voltou para Salvador de ônibus, enquanto assumi a responsabilidade de ir buscar de carro Cris, Seu Antônio, Henrique e Manoel e de festejar com eles a chegada no Projeto Semente.
28/11 (segunda)
Adicionar legenda |
Acordei morrendo de sono, o desgaste havia sido grande no dia anterior, e fui registrar a largada do pessoal.
De carro os segui por 05km. Ao volante, via com imenso prazer que estavam refeitos do susto do dia anterior e que o Caminho da Paz já os envolvera novamente.
Chegada do Grupo A - última seta do Caminho da Paz apontando para a entrada do Projeto Semente |
Pouco depois das 07 horas da manhã voltaríamos a nos encontrar no Projeto Semente. Agora sim, todos haviam cumprido o que fora proposto. Agora sim, poderíamos voltar a Salvador, mas não sem antes tomar um delicioso café da manhã providenciado por Zé Filho, e passar algumas horas reabastecendo-nos da energia e da PAZ maravilhosas que emanam daquele lugar.
Parabéns, pessoal!
Obrigado, Deus!
GRUPO A NO CAMINHO
Marcação de 10 km em gravetos deixada como mensagem carinhosa ao Grupo que vinha atrás |
OUTRAS FOTOS DO CAMINHO DA PAZ
Louro que deu uma força na logística |
Saindo à frente de Ubaíra |
Um dos poucos trechos de asfalto do Caminho. - Precisava ser numa serra? rs |