quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

MARILY DOS SANTOS (Do Jardim de Alah a Stella Maris)


Foram apenas 1.500 metros, 10% do que marcava minha planilha naquele dia, mas correr ao lado de Marily dos Santos no começo do meu treino de ritmo no sábado só podia ser um bom indício de que a coisa seria muito boa.


Havia acabado de acertar os últimos detalhes com a "titia" Lalá, que me daria um apoio de carro (marcando os quilômetros e entregando água) nos 15 km entre o Jardim de Alah e Stella Maris, quando vi a nossa campeã se aproximando num ritmo que aparentava ser 4'/km. Gritei-lhe que iria pegar carona naquele seu "trote" e, em resposta, recebi um sorriso acompanhado de um sinal de positivo. Bastou para que, cheio de entusiasmo, acionasse o cronômetro e desse início à viagem.

E de que outra forma poderia ficar por correr ao lado de uma mulher que tantas vezes, mesmo sem saber, já esteve presente na vida desse ilustre corredor anônimo que vos escreve? 

No dia 28 de janeiro de 2007 (17 dias após minha estreia em competição) participei da 1ª Meia Maratona da Cidade de Maceió. Desde então já adotava a estratégia de correr bem tranquilo ao experimentar uma nova distância, o que me levou a gastar 1h55min na capital Alagoana para cumprir os 21,1 km e apenas na cerimônia de premiação é que descobri os vencedores: no masculino, Enio Kleiton de Lima, corredor de Garanhuns e no feminino uma menina bem magrinha, que sambava alegremente, esbanjando simpatia e simplicidade em cima do pódio.

Ao ser entregue o troféu o MC começou a fazer referências ao fato de que a vencedora, Marily dos Santos, era uma alagoana radicada na Bahia e isso foi a gota d’água. Tal qual uma criança que vai a um estádio pela primeira vez e torna-se torcedor do time que ganha o jogo naquele dia, instantaneamente tornei-me fã daquela alago-baiana.

Menos de dois meses depois, quando fui correr meus primeiros 25 km em Aracaju, tornei a vê-la no lugar mais alto do pódio. Muitas outras vezes voltei àquela corrida e as cenas sempre se repetiam, alegria, simplicidade, competência e pódio.

Em 2008 Marily foi a nossa única representante feminina na Maratona de Pequim. O índice A veio na Maratona de Santa Catarina “num dia de muita chuva em que não dava nem para enxergar o relógio”, somente no final é que ela viu que o carro-madrinha marcava o tempo que carimbou seu passaporte para a China: 2h36min21.

Alguns dias depois da Maratona de Santa Catarina viajei para Juazeiro para correr a Meia Maratona Tiradentes. Todos estavam felizes com o índice conquistado pela alagoana mais baiana do mundo, mas a expectativa geral é que ela não fosse defender os vários títulos consecutivos naquela cidade, dada a proximidade do seu grande feito em Florianópolis.

Engano geral: Marily apareceu. Todos foram parabenizá-la. A mim, enquanto tirávamos uma foto juntos me disse: “Vim correr hoje aqui só para brincar. Todo mundo viu o que eu fiz lá em Santa Catarina...”. Pobre das meninas que acreditaram naquele discurso. Ela venceu mais uma.


Numa outra ocasião, em uma corrida em Jacobina, ao sair do hotel deparei-me com a grande campeã. Seguimos juntos e novamente ouvi dela a mesma estória de que tinha ido ali apenas “brincar”. Ri, enquanto trotávamos até o local da largada, dizendo que não acreditava mais nela depois do episódio de Juazeiro. E é claro que ela não cumpriu o prometido e levou mais um troféu de campeã para casa.

Em 2008 fui a São Paulo correr minha primeira e até hoje única São Silvestre. Enquanto eu sofria para desvencilhar-me daquele mundo de placas e corredores fantasiados, nossa famosa baixinha voava lá na frente conquistando o terceiro lugar na prova, para alegria de todos.

Em 2009, a vigésima 10 Milhas Garoto, corrida realizada no dia 16 de agosto entre Vitória e Vila Velha no Espírito Santo, faria com que novamente nos reencontrássemos fora de Salvador. E mais uma vez, para delírio deste baiano, Marily foi chamada ao pódio como segunda colocada geral. Coube-lhe ainda receber um carro 0 km por ter sido a melhor brasileira da prova.

15 dias depois voltaríamos a nos encontrar no Circuito Brasil de Meia Maratona – Etapa Maceió. E foi bem engraçado nosso encontro. O sistema de som avisava que a largada feminina estava prestes a ocorrer, e eis que Marily, que ganhara a primeira etapa deste Circuito (em Salvador), surgiu inesperadamente à minha frente, saindo de um banheiro químico masculino, bem no momento em que eu estava para abrir a porta. Nem sei se me reconheceu, só sei que ela olhou para mim e largou em minha mão um resto de banana e uma garrafa com um líquido esverdeado enquanto gritava que estava atrasada. Fiquei rindo atônito enquanto pensava: “Será que comendo estes negócios eu posso correr igual a ela?”

Em novembro último Marily cruzou a linha de chegada da Maratona de Frankfurt, fazendo a sua melhor marca pessoal com o expressivo tempo final de 02h35min32, praticamente igual ao da vencedora da última Maratona do Rio (que estava com um nível técnico altíssimo) e suficiente para vencer a mais recente Maratona de São Paulo.

Nesse último domingo Adriana Aparecida da Silva conseguiu em Tóquio o tão almejado índice para a Maratona de Londres e até abril ficaremos na torcida para que Marily também consiga atingir a difícil e apertada marca de 2h30min07 exigida pela CBAt para a Maratona Femina (a marca para a IAAF continua sendo 2h37min00).


No sábado, depois de nossa separação no estacionamento do Aeroclube, local onde nossa campeã se deteve por ter encontrado com sua Equipe de Corrida, enquanto as pernas assumiam a parte pesada do trabalho, corri com o pensamento entregue a estas doces lembranças e completei o treino em 01h01min30.




Super feliz com o "encontro" e com o tempo obtido, levando em consideração que era um dia cheio de gente para desviar e calçada para subir e descer toda hora, ao chegar em Stella ainda fui fazer um trote de 20 minutos com a tia Lalá para que ela pudesse completar seu treino iniciado na grama do Jardim de Alah enquanto eu me preparava para a largada.

Bons treinos!



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

5 X 2000, A BATALHA E RETROSPECTIVA DO CARNAVAL (TREINOS)

Talvez chegue o dia em que consiga encarar esse tipo de treino sem sofrimento prévio, mas toda vez que a planilha marca tiros a história se repete.

Reconduzido ao mundo pelo som do despertador que enche o quarto às 5:00 da manhã, enquanto o corpo relutante começa a rolar de um lado para outro da cama, imediatamente a cabeça desata a trabalhar na busca de algo que possa evitar a temível “guerra” iminente.

Alguns intermináveis minutos se passam até chegar a “triste” constatação de que não inventaram ainda uma pílula da velocidade e, tal qual um soldado que deixa sua chorosa amada no porto, finalmente pulo da cama para ir ao front enfrentar o inimigo.

Os 5 x 2.000m foram cumpridos no Pinicão com a ajuda do “General” Alan, que de muito perto (acompanhou-me em dois tiros) gritava suas ordens e instruções, cruciais para conseguirmos a vitória na batalha desta manhã.


TEMPOS
1
07’42
2
07’42
3
07’27
4
07’30
5
07’33


RETROSPECTIVA DO CARNAVAL (treinos)


O Carnaval de Salvador acabou ontem e isso, por aqui, implica dizer que finalmente o ano vai começar (rs). Foi a primeira vez que passei sem os pimpolhos e assistir aos filmes indicados ao Oscar, cuja cerimônia acontece no próximo Domingo, foi a melhor opção para divertir-me e recarregar as baterias enquanto cumpria a planilha.

Luan e Rafa na festinha de Carnaval da Escola


Veja como foi a programação e alguns dos melhores momentos deste “Carnaval”.
Abraços e Feliz Ano Novo (rs)!

Quinta-feira
 (16 km entre Ondina e Barra na Corrida Circuitos da Folia)



























Sexta-Feira
(5 tiros de 2.000m com Alan e Pataro)

Foto de arquivo

Sábado
(Salvador – Camaçari - Salvador de bike com Alan)

Pneu furado também é festa
















Segunda-Feira
(2 horas de pedal pela orla)
Jardim dos Namorados


Terça-feira
(15 km em fartlek com Luciano Bressy  e um pouco mais após encontro com Oliveira, Cris e Ivone)

"Encontro do Trio" Jd. de Alah  (Amâncio, Luciano e eu)

Quarta-feira
(11km da Liberdade à praia de Jardim de Alah)



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

II CORRIDA CIRCUITOS DA FOLIA

Pose para foto oficial da Largada em Ondina

"Mais uma vez no cenário das ruas de São Salvador" conseguimos realizar uma grande festa. A II Corrida Circuitos da Folia foi o maior Carnaval!

A chuva forte de verão que despencara por toda madrugada, e lamentavelmente havia feito várias baixas em nossa linha de largada, dera uma trégua, mas o vento frio e o céu coalhado de nuvens ameaçadoras indicavam às pessoas ali reunidas que logo, logo estaríamos todos dentro d’água, misturando "chuva, suor e gatorade".

Então o negócio era botar logo o "bloco" para andar e foi assim que, pontualmente às 7:00, após fazermos os registros de praxe, demos início ao nosso desfile, saindo da Praça das Gordinhas em Ondina com os seguintes foliões: Joel, eu, Ronaldo Oliveira, Landeiro, Ivone, Ângela, Pataro, José Amâncio, André Vinicio, Eduardo Braga,  Alan, Guilherme, Deja, Van, Gil e o nosso famoso hidrociclocinegrafista (rs) Rodrigo.


Nem bem havíamos corrido um quilômetro e a chuva voltou a cair lavando a alma da galera. 

Não demorou muito para que a Ala "apressadinhos" (puxada pelos famosos Mestre Sala Alan e Porta Bandeira Ângela) sumisse lá na frente e o pessoal da "Velha Guarda" começasse a reclamar do ritmo. Pedi-lhes paciência com aquelas crianças voadoras da frente, prometendo-lhes que buscaríamos um jeito de harmonizar o ritmo após nossa parada no Farol da Barra, onde acreditávamos que novos foliões passariam para o lado de dentro da corda.

Pataro, Ivan, Ronaldo Oliveira., Van, eu, Ângela, Zé Amâncio, Luciana, Ivone, Guilherme, Gil, Alan, Deja, Eduardo Braga., André, Landeiro, Joel e Augustinha
 Impelidos pelo vento, pela chuva e pela ausência de novos integrantes no Farol fizemos um rápido registro e, com o pessoal todo reagrupado, retomamos a levada em direção ao Campo Grande.

Os 900 metros da Ladeira da Barra foram a conta certa para trazer sintonia ao Bloco Salvador Pró-Maratona e escrevermos um novo Enredo.
bloco afinado
Era possível notar que aos poucos aquele grupo tão heterogêneo (apesar da união em torno de uma mesma paixão: a corrida), com vários desconhecidos entre eles, ia virando uma boa mistura, uns ajudando aos outros.

O tempo individual de cada um deixara de ter o valor costumeiro. Aquilo não era uma corrida, era uma Comunhão, em que se podia alegrar-se com a superação de um (vencer uma ladeira, alcançar novas distâncias), contagiar-se com a alegria e simplicidade do outro.
Gil e Deja
É sempre muito prazeroso ver algo que você imaginou um dia tornando-se realidade. Em alguns momentos, embalados pelas músicas de antigos carnavais, pude com muita satisfação ver todos correndo sorridentes, brincalhões, dançantes, completamente olvidados de tempo, planilhas ou frequência cardíaca.


À nossa passagem deixávamos um enorme rastro de alegria:
  
Um Operário que deixou seus companheiros para vir correr/sambar conosco;

folião na área
Uma repórter que fazia uma gravação na Praça Castro Alves deu uma pausa no seu trabalho para nos perguntar "até onde íamos com tanta alegria";

Na descida da Barra, três senhores trocaram a caminhada que faziam para correr ao nosso lado ao ver/ouvir a festa que fazíamos;

Pessoas nos pontos de ônibus, seguindo a pé ou de carro para seus trabalhos, policiais, vendedores ambulantes, ninguém ficava indiferente àquele bando de malucos correndo felizes e enfeitados pelas ruas da Folia. Os sorrisos se multiplicavam no rosto de todos.


Na Av. Sete, Léo, amigo de Pataro, ingressara no Cordão e com mais esse folião alcançamos o Terreiro de Jesus, local onde o bloco faria a meia volta.




Cada vez mais afinados fizemos o caminho de retorno com algumas rápidas paradas para fotos. No Porto da Barra ainda tivemos a aparição de Eduardo, que apesar de estar indo trabalhar, desceu da condução para correr conosco por alguns quilômetros.


O final estava chegando e a levada ia diminuindo, talvez num inconsciente desejo de prolongar um pouco mais este dia tão especial que deixará saudades. Mas se Deus quiser ano que vem teremos mais!


Agradecemos à Pombo Correio pelo apoio dado ao Evento e a todos que participaram ou mesmo tencionaram participar da II Corrida Circuitos da Folia. Em breve a nossa luta para trazer para Salvador uma Maratona ganhará novo capítulo e todos estão convidados a ingressar conosco nesta jornada.



Que a paz, a felicidade e a energia desta manhã se espalhem por todos os cantos de nossas cidades durante o Carnaval!

Todos que sairam da Praça das Gordinhas cumpriram os 16,5 km de ida e volta
Eta, Sergipe que dá coisa boa
Alan e Ângela (Casal de Mestre Sala e Porta  Bandeira