domingo, 25 de abril de 2021

DE MUTUÍPE A UBAIRA PELO CAMINHO DA PAZ (TRECHOS 4 E 5)

 

E este foi mais um fim de semana daqueles de guardar no coração...

Acompanhado de Pataro e Manoel, deixamos Salvador em direção ao Vale do Jiquiriçá para fazer dois trechos do Caminho da Paz.

Buscar um percurso que guarda grande similaridade com o terreno onde ocorrerá a UAI,  prova para a qual seguimos nos preparando e que por enquanto segue mantida no calendário, foi a justificativa inicial para nossa viagem, mas no fundo, no fundo, a verdadeira e principal motivação é a grande recarga de natureza que recebemos quando estamos correndo naquelas bandas.

Um breve resumo para os que ainda não conhecem o Caminho da Paz que foi desenhado para fazer em peregrinação, nos moldes do famoso Caminho de Santiago:

“O Caminho da Paz é uma caminhada de 127 km de extensão, iniciando na Cidade de Amargosa, no Estado da Bahia, com chegada no 'Projeto Semente' – um ponto de Luz nas montanhas do Vale do Jiquiriçá, em Ubaíra. É o primeiro do gênero no Nordeste do Brasil.”

O primeiro passo antes de iniciar a peregrinação é adquirir a credencial e todas as informações necessárias (nomes de pousadas, contatos em cada ponto de chegada, etc) na Pousada do Bosque em Amargosa, primeiro ponto de apoio do Caminho.




O percurso é todo marcado com setas amarelas pintadas em estacas, postes, pedras, cancelas, árvores, etc., pelos 08 peregrinos que criaram o Caminho da Paz no ano de 2003 (Antônio Presídio, Maria de Lourdes, José Antônio, Wellington Muller, Roberto, Lourdinha, Jussara e Benedito). Em seu traçado original, media 165km, mas a partir de 2011 passou a ter “apenas” os atuais 127km e está concebido para ser feito em seis dias, assim divididos os trechos:

 

127 Km  pelas trilhas do

CAMINHO  DA  PAZ

Sequência de Dias / Percurso / Km

1° dia

Amargosa
ao
Alto da Lagoinha

25Km

2° dia

Alto da Lagoinha
ao
Morrinho de São José
ao
Alto da Lagoinha

13Km

3° dia

Alto da Lagoinha
a
Mutuípe

17Km

4° dia

Mutuípe
a
Jiquiriçá

26Km

5° dia

Jiquiriçá
a
Ubaíra

27Km

6° dia

Ubaíra
ao
Projeto Semente

19Km

 

DE MUTUÍPE A JIQUIRIÇÁ

O dia amanhecia quando deixamos a cidade de Mutuípe...


Em nossos planos,
 Pataro e eu faríamos os dois trechos num só dia, e Manoel (ex turma B, logo vocês saberão porque rs) faria um trecho por dia.

A chuva forte que durara toda madrugada, apesar da cor barrenta que emprestava ao Jiquiriçá, rio que margearíamos por um bom tempo, realçando toda a beleza do Caminho.




“Deus, como é bom poder estar aqui...” com o espírito em festa íamos saboreando os quilômetros.

Por bom tempo seguimos lado a lado, aproveitando esse tempo para fazermos nossa brincadeira de revezamento das filmagens e fotografias em fartlek (quem vai registrar sempre precisa apertar o passo um pouco mais rs).



Como em toda corrida longa, naturalmente começamos a nos distanciar uns dos outros, e em pouco tempo, no sobe e desce constante do Caminho, apenas eu e Pataro seguíamos num mesmo campo de visão.

Alinhados chegamos nos arredores de Jiquiriçá e sem nos determos, sempre orientados pelas setas amarelas, atravessamos toda a cidade na direção da Cachoeira dos Prazeres.

Para quem está peregrinando, é ali na Cachoeira que se consegue o carimbo de comprovação de ter concluído o quarto dia.

Para nós, o momento ideal, para breve parada de reposição de água em nossas mochilas e diminuição do peso engolindo algumas das especiarias que ali levávamos.

Pois bem, cremos que nessas manobras, numa vendinha postada à beira da estrada na entrada da Cachoeira dos Prazeres, havíamos gastos pouco mais de 5 minutos, quando surgiu na entrada da rua Manoel.

Manoel sempre curtindo os caminhos

Euforia geral nossa pelo reencontro que ficou ainda melhor, quando Manu, respondendo a minha pergunta (um plano B, pra variar, já começava a se delinear em minha cabeça), disse:

“Vou continuar e fazer logo o segundo trecho”.

DE JIQUIRIÇÁ A UBAÍRA



Animados pela ideia de seguirmos juntos (os três) por mais um período de tempo, logo estávamos na doce tarefa de ir colocando um pé adiante do outro, alternadamente.

E Justiça seja feita, o nosso querido amigo, havia sido ultrarrápido em sua reposição hidríca.

As lembranças de outros momentos, outras turmas no Caminho vão nos enchendo de saudade dos amigos que a gente adoraria que estivesse trilhando ali conosco.

Pataro e Manoel morro abaixo

Naquelas estradas rurais já fomos felizes muitas vezes e, sobretudo nesse período tão complicado, precisamos dar graças a Deus sempre...   ...e uma boa corrida, entre amigos, sempre será  uma forma de agradecimento e oração.

É sempre importante celebrar  os momentos  em que estamos reunidos.

Algumas curvas e ladeiras do caminhos depois, já seguíamos todos distantes da vistas uns do outros.

Cenário propício para uma doce viagem ao interior,..



No silêncio das estradas, o som  da cadência das passadas, das batidas do coração, do soprar do vento e da chuva fininha que começara a cair, nos dava a certeza de estar vivendo um momento mágico.

Somente na entrada de Ubaíra (não havia passado por essa nova parte do caminho ainda) voltaria a alcançar Pataro, que destemido, vencendo seus monstros interiores, deu show no acompanhamento das setas amarelas.



Com o Garmim, marcando 52km chegamos em nosso destino, felizes com nosso desempenho,  particularmente porque havíamos feito uma maratona em terreno misto (areia fofa, dunas, trilhas, barros e ate um pouco de asfalto rs) há apenas 5 dias.


Ubaíra estava sem sinal de nenhuma das operadoras. Ainda bem que no Caminho havíamos combinado que quem chegasse primeiro, tendo oportunidade, poderia pegar logo um transporte para Mutuípe para buscar o carro e resgatar os demais.

Cerca de meia hora depois de nossa chegada, entramos (Pataro e eu) numa Van que nos deixou no Hotel Portal do Vale (ponto oficial de parada dos peregrinos em Mutuípe que tem a simpaticíssima Ene como líder.

Com Ene

Depois de subir e tomar um banho apenas para trocar de roupa, rumamos com o possante de volta para Ubaíra.



Quando lá chegamos, um dilúvio caía sobre a cidade...

Tentava divisar nosso amigo no ponto onde antes havíamos entrada na Van, quando um maluco  fazendo polichinelos em frente a um restaurante me chamou a atenção... .

Feliz reconhecemos  nosso amigo todo feliz e já tirando onda:

“Já almocei, rs”.

E como não podia deixar de ser, o acompanhamos numa deliciosa “carne de panela”.

E merecidamente a sentença foi dada:

“Manu, pra você não tem mais turma B, rs”

 

O DAY AFTER

“Frustrados” pela desobediência de Manoel rs... O jeito era botar em ação o plano B.

Pedra Branca, prontos para subir a Serra da Jiboia

Em vez de repetirmos alguns dos trechos, sairíamos antes das 5 da manhã, e no retorno para Salvador, pararíamos em Santa Terezinha para fazer uma subidinha na Serra da Jiboia.

SERRA DA JIBOIA –



Após atravessarmos os 70 km de estrada ruim que separam Mutuípe do Distrito de Pedra Branca, chegamos no pé da Serra da Jiboia.

Que delícia retornar aquele local onde há 07 anos o Salvador Pró-Maratona consegue reunir tanta gente boa para algo que é muito mais que corrida, na verdade uma grande confraternização em família.



Com ritmo condizente com a missão feita no dia anterior, os 13km da Serra da Jiboia (6,5 pra cima, 6,5 pra baixo) foi verdadeiramente um novo momento de oração de agradecimento a Deus pelo fim de semana.

Até a próxima!


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OUTRAS FOTOS DO CAMINHO DA PAZ 



































OUTRAS FOTOS DA SERRA DA JIBOIA












ALGUMAS FOTOS DA MARATONA MISTA 05 DIAS ANTES