E este foi mais um fim de semana
daqueles de guardar no coração...
Acompanhado de Pataro e Manoel,
deixamos Salvador em direção ao Vale do Jiquiriçá para fazer dois trechos do
Caminho da Paz.
Buscar um percurso que guarda grande similaridade com o terreno onde ocorrerá a UAI, prova para a qual seguimos nos preparando e que por enquanto segue mantida no calendário, foi a justificativa inicial para nossa viagem, mas no fundo, no fundo, a verdadeira e principal motivação é a grande recarga de natureza que recebemos quando estamos correndo naquelas bandas.
Um breve resumo para os que ainda não
conhecem o Caminho da Paz que foi desenhado para fazer em peregrinação, nos
moldes do famoso Caminho de Santiago:
“O Caminho da Paz é
uma caminhada de 127 km de extensão, iniciando na Cidade de Amargosa, no Estado
da Bahia, com chegada no 'Projeto Semente' – um ponto de Luz nas montanhas do
Vale do Jiquiriçá, em Ubaíra. É o primeiro do gênero no Nordeste do Brasil.”
O primeiro passo
antes de iniciar a peregrinação é adquirir a credencial e todas as informações
necessárias (nomes de pousadas, contatos em cada ponto de chegada, etc) na
Pousada do Bosque em Amargosa, primeiro ponto de apoio do Caminho.
O percurso é todo marcado com setas amarelas pintadas em estacas, postes, pedras, cancelas, árvores, etc., pelos 08 peregrinos que criaram o Caminho da Paz no ano de 2003 (Antônio Presídio, Maria de Lourdes, José Antônio, Wellington Muller, Roberto, Lourdinha, Jussara e Benedito). Em seu traçado original, media 165km, mas a partir de 2011 passou a ter “apenas” os atuais 127km e está concebido para ser feito em seis dias, assim divididos os trechos:
127 Km pelas trilhas do
CAMINHO DA PAZ
Sequência de Dias / Percurso / Km |
||
1° dia |
Amargosa |
25Km |
2° dia |
Alto da Lagoinha |
13Km |
3° dia |
Alto da Lagoinha |
17Km |
4° dia |
Mutuípe |
26Km |
5° dia |
Jiquiriçá |
27Km |
6° dia |
Ubaíra |
19Km |
DE MUTUÍPE A JIQUIRIÇÁ
O dia amanhecia quando deixamos a cidade de Mutuípe...
A chuva forte que durara toda
madrugada, apesar da cor barrenta que emprestava ao Jiquiriçá, rio que
margearíamos por um bom tempo, realçando toda a beleza do Caminho.
“Deus, como é bom poder estar aqui...”
com o espírito em festa íamos saboreando os quilômetros.
Por bom tempo seguimos lado a lado,
aproveitando esse tempo para fazermos nossa brincadeira de revezamento das
filmagens e fotografias em fartlek (quem vai registrar sempre precisa apertar o
passo um pouco mais rs).
Como em toda corrida longa,
naturalmente começamos a nos distanciar uns dos outros, e em pouco tempo, no
sobe e desce constante do Caminho, apenas eu e Pataro seguíamos num mesmo campo
de visão.
Alinhados chegamos nos arredores de
Jiquiriçá e sem nos determos, sempre orientados pelas setas amarelas, atravessamos
toda a cidade na direção da Cachoeira dos Prazeres.
Para nós, o momento ideal, para breve
parada de reposição de água em nossas mochilas e diminuição do peso engolindo
algumas das especiarias que ali levávamos.
Pois bem, cremos que nessas manobras,
numa vendinha postada à beira da estrada na entrada da Cachoeira dos Prazeres,
havíamos gastos pouco mais de 5 minutos, quando surgiu na entrada da rua
Manoel.
Manoel sempre curtindo os caminhos |
Euforia geral nossa pelo reencontro que ficou ainda melhor, quando Manu, respondendo a minha pergunta (um plano B, pra variar, já começava a se delinear em minha cabeça), disse:
“Vou continuar e fazer logo o segundo
trecho”.
DE JIQUIRIÇÁ A UBAÍRA
Animados pela ideia de seguirmos juntos
(os três) por mais um período de tempo, logo estávamos na doce tarefa de ir
colocando um pé adiante do outro, alternadamente.
E Justiça seja feita, o nosso querido
amigo, havia sido ultrarrápido em sua reposição hidríca.
As lembranças de outros momentos,
outras turmas no Caminho vão nos enchendo de saudade dos amigos que a gente
adoraria que estivesse trilhando ali conosco.
Pataro e Manoel morro abaixo |
Naquelas estradas rurais já fomos felizes muitas vezes e, sobretudo nesse período tão complicado, precisamos dar graças a Deus sempre... ...e uma boa corrida, entre amigos, sempre será uma forma de agradecimento e oração.
É sempre importante celebrar os momentos em que estamos reunidos.
Algumas curvas e ladeiras do caminhos
depois, já seguíamos todos distantes da vistas uns do outros.
Cenário propício para uma doce viagem
ao interior,..
No silêncio das estradas, o som da cadência das passadas, das batidas do
coração, do soprar do vento e da chuva fininha que começara a cair, nos dava a
certeza de estar vivendo um momento mágico.
Somente na entrada de Ubaíra (não havia
passado por essa nova parte do caminho ainda) voltaria a alcançar Pataro, que
destemido, vencendo seus monstros interiores, deu show no acompanhamento das
setas amarelas.
Com o Garmim, marcando 52km chegamos em
nosso destino, felizes com nosso desempenho, particularmente porque havíamos
feito uma maratona em terreno misto (areia fofa, dunas, trilhas, barros e ate
um pouco de asfalto rs) há apenas 5 dias.
Cerca de meia hora depois de nossa
chegada, entramos (Pataro e eu) numa Van que nos deixou no Hotel Portal do Vale
(ponto oficial de parada dos peregrinos em Mutuípe que tem a simpaticíssima Ene
como líder.
Com Ene |
Depois de subir e tomar um banho apenas para trocar de roupa, rumamos com o possante de volta para Ubaíra.
Quando lá chegamos, um dilúvio caía
sobre a cidade...
Tentava divisar nosso amigo no ponto
onde antes havíamos entrada na Van, quando um maluco fazendo polichinelos em frente a um
restaurante me chamou a atenção... .
Feliz reconhecemos nosso amigo todo feliz e já tirando onda:
“Já almocei, rs”.
E como não podia deixar de ser, o
acompanhamos numa deliciosa “carne de panela”.
E merecidamente a sentença foi dada:
“Manu, pra você não tem mais turma B,
rs”
O DAY AFTER
“Frustrados” pela desobediência de Manoel rs... O jeito era botar em ação o plano B.
Pedra Branca, prontos para subir a Serra da Jiboia |
Em vez de repetirmos alguns dos trechos, sairíamos antes das 5 da manhã, e no retorno para Salvador, pararíamos em Santa Terezinha para fazer uma subidinha na Serra da Jiboia.
SERRA DA JIBOIA –
Após atravessarmos os 70 km de estrada
ruim que separam Mutuípe do Distrito de Pedra Branca, chegamos no pé da Serra
da Jiboia.
Que delícia retornar aquele local onde
há 07 anos o Salvador Pró-Maratona consegue reunir tanta gente boa para algo
que é muito mais que corrida, na verdade uma grande confraternização em
família.
Com ritmo condizente com a missão feita
no dia anterior, os 13km da Serra da Jiboia (6,5 pra cima, 6,5 pra baixo) foi
verdadeiramente um novo momento de oração de agradecimento a Deus pelo fim de
semana.
Até a próxima!
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OUTRAS FOTOS DO CAMINHO DA PAZ
OUTRAS FOTOS DA SERRA DA JIBOIA
ALGUMAS FOTOS DA MARATONA MISTA 05 DIAS ANTES