Exatamente após uma hora e meia de sono a campainha do despertador invadiu meus sonhos.
O dia anterior havia sido bem intenso. Além da viagem para Amargosa, que é sempre
muito complicada no período das festas juninas, e de ter acompanhado o pique
(ainda mais energizado pelas horas de sono no carro) dos moleques Rafa e Luan até
a hora em que foram para a cama, atravessara a noite forrozeando com a titia
Lalá.
Apaixonados pelos reinos gonzaguianos, ainda
que extremamente cansados, não há como ignorarmos aquela festança toda. Não é
todo dia que a gente tem um show de Geraldo Azevedo (atração principal da
noite) a metros de nossa casa.
Amargosa, a 230km da Capital, tem uma das festas de São João mais famosas e
procuradas do Brasil. Nossa presença nesta cidade, entretanto, dá-se menos por
esta fama que pelo fato de ali residirem os vovô e vovó Osvaldo e Floripes
(meus pais). Mas quem nunca ouviu falar do bom que é a junção do útil ao
agradável?
E foi pensando nisso que neste sábado,
ainda imerso em sonhos, deixei a cama para me aprontar para um treino que tinha
como tempero principal a estreia do amigo Louri no mundo da corrida.
O percurso escolhido não poderia ser mais
marcante para o novel corredor. Sairíamos de Amargosa até sua casa na roça, que
fica na estrada para Corta Mão.
Após algumas breves explicações,
pontualmente demos início à nossa viagem.
Metade do trecho seria feito na serra,
pegando o asfalto da Rodovia entre Amargosa e Santo Antônio de Jesus, e metade
em estrada de barro, em meio a bois e cavalos, passagem em “mata-burros’’ e
paisagens deslumbrantes.
O cara leva jeito. Com extrema facilidade
(como eu já imaginava), mantendo a passada firme, a respiração tranquila e
ainda sendo capaz de alimentar um bom bate-papo, aos poucos o sonho de chegar à
sua propriedade estava se tornando real.
Boa parte do caminho estava sendo novidade
para mim e ele era perfeito, daqueles que a gente logo “garra” a imaginar como
seria trazer ali os amigos para uma corridinha.
Envolvido nestes pensamentos, num dado
momento ouvi exclamar o amigo Louro: “Agora está pertinho!”. A partir dali ele
já tinha costume de passar andando e, apesar de nesta minha vida de conduzir
gente ao esporte (pedaladas/corridas) eu já ter vivido este momento dezenas de
vezes, mais uma vez pude me emocionar com a felicidade contida naquelas
palavras e naqueles olhos a brilhar.
Costumo dizer que chegar supera tudo. Qualquer
dificuldade que tenha existido durante o caminho será menor que a felicidade de
atingir o alvo. Cada passo, cada trecho precisa ser comemorado, aos poucos a
gente desenvolve este aprendizado dentro da gente para naturalmente curtir o
caminho e valorizar ainda mais todas as chegadas.
Com direito ainda a um fartlek (1’ forte / 2’
fracos) nos trechos finais (quem mandou estrear com casca grossa rs), após 14km
e 1 hora e 29 minutos de corrida, deixei feliz da vida o amigo Louro em sua
casa na roça.
Compromisso cumprido, restava-me dar
meia-volta e seguir pelos mesmos 14km (1h19) que me levariam de volta a
Amargosa e à família.
Boas Festas Juninas!