E veio enfim a 2ª
Maratona Caixa Bahia!
Às vezes acho que a
ficha ainda está por cair. Correr “em casa” uma prova tão esperada e pela qual
tanto lutamos, ainda parece um sonho.
Em sua segunda
edição a Maratona de Salvador já apresentou um bom número de maraturistas e o número de concluintes
chegou a 271, sendo 245 homens e 26 mulheres.
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Com Eduardo que veio do Rio para fazer a Maratona de Salvador |
Diferentemente do
ano passado, quando entrei na festa apenas para completar os 42,2km, no último
domingo sentia-me bastante confiante de que, independente de conseguir ou não
um RP ou o tão almejado sub-3, faria uma boa prova bem consistente e, o melhor
de tudo, sem sofrimentos.
O que alicerçava
este sentimento era a certeza de que, apesar de todas as atribulações do
período de preparação das Eleições (aliás, esta é a causa de só agora estar
fazendo este relato), havia cumprido algo bem próximo de 100% do que me havia
exigido o Mestre Marcelo Augusti.
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trote na véspera da prova |
Parceiro de toda
preparação para esta prova, Pataro, que desde o treino no dia anterior já se
dizia “mais tranquilo e confiante do que nunca”, era mais um a se alinhar beneficiado
pelos treinos do Mestre.
E o cara não tava
mentindo não. O que já se podia facilmente perceber, pela sua alegria
contagiante e seus insistentes gritos de incentivo toda vez que nos cruzávamos
nos cotovelos do percurso, foi confirmado quando alcançou o pórtico de chegada com
3h24 (20 minutos mais rápido que na prova do ano passado),
transformando a maratona baiana em seu segundo melhor tempo (seu RP é 3h18 no
Rio 2011) e superando resultados obtidos, inclusive, nas rápidas Buenos Aires,
Santiago e Porto Alegre (nada mal para um cinquentão né?).
Apesar de ter
consciência de que a Maratona de Salvador não é a prova ideal para RP, deixei
para trás a linha de largada (e o velho e bom friozinho na barriga) com o plano
de me manter correndo por volta dos 4’15/km e, quem sabe, contrariar o
prognóstico e superar meu atual 3h01’46, obtido em Brasília no ano passado.
A tentativa era
ganhar algo perto dos 120 segundos nos primeiros 26km, negociá-los depois no
incrível contravento entre o 26 e o 34 e, no retorno, entre o 34 e o 42,
retomar um ritmo mais forte e tentar manter pelo menos 4’17/km.
No primeiro quilômetro,
“pra variar”, acabei passando abaixo dos 4’/km e só não foi “pior” porque
recebi logo um puxão de orelha de João Paulo: “Segura, Robertão!”. O engraçado
é que, obediente, fui logo tratando de segurar mesmo, e o amigo conselheiro simplesmente
me deixou para trás. Sorri comigo mesmo como quem, no melhor baianês, exclama:
“Ah, sacana!”, mas, sabendo que o plano dele era mais ousado, mentalmente
desejei-lhe boa sorte.
Aliás, é bom
ressaltar que J.P. e seu fabuloso resultado na Maratona da Bahia no ano passado
foram minhas grandes inspirações para tentar um RP em casa.
Por muitos
quilômetros estive perto daquele pelotão verde formado por Carlinhos, Edson e
João Paulo e, como desejei ter coragem para fazer um fartlek e colar no vácuo
dos amigos do Peralva Team, mas como se diz em nosso meio, “42 é 42”, não dava
para brincar, então “quetei o facho”.
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JP, Risadinha, Edson e Carlinhos |
Mantendo a balada
alcancei a marca da meia-maratona com 1h28min e 45 segundos.
No meio da prova já
me dava conta de que o tal contravento não começaria apenas no km 26. Em várias
passagens (Rio Vermelho, Amaralina e Jardim dos Namorados) já havia sido
bastante difícil manter o ritmo abaixo dos 4’18.
Na passagem pelo
pórtico (km 26) Carlinhos parou. Passei por ele com uma cara de interrogação
enquanto ouvia seus gritos: “aperta que Petrônio (outro de nossa categoria) tá
quebrando e vai logo aí na frente”.
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avistando a galera no momento de mais uma ultrapassagem (mãos abertas para receber as garrafas) |
Alguns segundos
depois quem apertou foi meu coração ante a revigorante visão da tia Lalá e meus
dois pequenos, de quem recebi 2 garrafinhas, uma de coca-cola, que tomei na
hora, e outra com dextrose que eu levaria para tomar mais perto do final da
prova.
Veio a ventania e,
apesar de estar ultrapassando alguns competidores, o ritmo começou a cair. No
entanto o plano estava dando certo. Mesmo enfrentando uma desorientação
momentânea, para a qual tratei de ingerir uma cápsula de sal, fiz a meia volta
e já a favor do vento completei o km 35 com 2h, 31min e 15seg.
O tempo era
suficiente para obter o RP, bastando que eu retornasse a um pace próximo do que vinha imprimindo
antes do vendaval, mas aí o jegue empacou. Queria apertar mas não conseguia.
Imaginava o vento me empurrando e esforçava-me para aumentar o ritmo, mas no
garmin os alarmes a cada quilômetro mostravam apenas números desanimadores.
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Como si diz por aí: "aperto de mente" do Prof. Carlinhos |
Lá pelo 40 (com 2h54' e 02 seg) abandonei de vez a ideia do RP e seguia tranquilamente para a conclusão da prova, quando fui acordado dos meus devaneios por um histérioco Carlinhos, que resolvera vir me buscar e, feito louco, gritava incessantemente para eu apertar o passo.
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Rafinha disparando lá na frente |
Ainda tentei
argumentar que não adiantava mais forçar a barra pois não dava mais para RP e o
cara só faltou me bater (rs), então, ao som dos seus berros, só me restou
reunir forças para emparelhar com ele até bem perto do final, quando tive a
melhor de todas as surpresas da minha vida de maratonista: a pouco mais de 100
metros da chegada, Rafinha, substituindo o titio Carlinhos, partiu na minha
dianteira e foi com o coração saindo pela boca (de tanta felicidade e orgulho)
que cruzei, lado a lado com meu pequeno filhote de 07 anos, o pórtico de
chegada com 03h, 05’ e 34 seg. Agora era hora de curtir e agradecer a Deus.
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Carlinhos: dando por cumprida sua missão |
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Ainda agora me emociono vendo esta foto. |
Um monte de gente
gritando meu nome durante o percurso; o incentivo de Carlinhos nos quilômetros
finais; fechar os 42,2 ao lado do meu filho mais novo, com direito a “pódio de
chegada e beijo de namorada”; a recepção, assim que passamos o tapete, de João
Paulo, que tinha emplacado mais um sub-3; a presença na área de chegada de Márcia
e Chico, que mesmo momentaneamente fora de campo fez questão de ir prestigiar
os amigos, etc., etc., etc.