segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

SAUDADE, MEU REMÉDIO É CANTAR!


11/12/2012
A emoção de chegar a Exu foi enorme!

Lembro que a primeira coisa que fiz quando entrei na cidade foi ligar para os amigos contando euforicamente sobre as dificuldades enfrentadas no último dia de viagem e o quanto estava feliz em tê-las superado.

Logo depois a Tia Lalá veio ao meu encontro e guiou-me até o Parque Aza Branca onde, com lágrimas escorrendo pelo rosto, fiz o registro oficial do fim da pedalada Salvador/Exu. 

Já ia me retirando do Parque quando o porteiro gritou meu nome. Detive a bicicleta e para minha enorme surpresa quem me buscava era Soiane, uma amiga de infância que há muitos anos eu não via.

Com Soiane que também topou ir a Juazeiro
A programação do centenário somente se iniciaria no outro dia, então, como forma de agradecimento a essa mulher que “é meu xodó, é meu zamô” e “que me acompanha pelos cantos adonde eu vou” em meia hora já estava pronto para irmos a Juazeiro do Norte para que a tia Lalá conhecesse o Horto do Padre Cícero.


12/12/12
Amanhecemos o dia e fomos direto para o Museu do Gonzagão, onde ficamos saboreando lentamente aquele mundo maravilhoso de objetos, fotos e textos.

Uma coisa que mexeu muito com a gente naquela cidade, apaixonadíssimos que somos pelo Velho Lua, foi o fato de ter encontrado em todos os lugares, sem exceção, sua música como “trilha sonora”.



Veio a noite e a “Cantata Gonzaguiana: Um olhar sinfônico sobre a Luiz de Gonzaga”, com a Orquestra Sinfônica de Teresina e João Cláudio Moreno (outro ídolo nosso) deu início (e que início!) aos festejos pelo Centenário de Luiz.

                                                Légua tirana

13/12/12
Exu estava ainda mais encantada. Por todo canto só se respirava Gonzagão. O povo chegou de vez e as placas de carro revelavam a enorme diversidade de sua procedência. Vinda de todos os bares, casas, carros a música do Rei brotava espalhando um delicioso clima de paz, saudade e poesia.



Pelas ruas, as pessoas que vieram para esta festa, exibiam em cada detalhe o orgulho de fazer parte deste momento histórico.

De bicicleta, por volta das 10 horas da manhã, parti para a Fazenda Araripe, onde a programação prometia (e cumpriu) autênticos pés-de-serra.


No meio do caminho, recebi uma ligação da tia Lalá, dizendo que o Hotel já ia nos despejar. Havíamos conseguido vagas apenas para os dois primeiros dias e a partir dali teríamos que arranjar hospedagem numa cidade próxima.

Cheguei à Fazenda Araripe e o forró tava mesmo de lascar o cano. Sabendo que a tia Lalá ia adorar aquilo ali, fiquei torcendo para que ela chegasse logo com as nossas malas no carro.

Clique para ver
De repente minha fantasia de ciclista começou a chamar atenção dos muitos jornalistas que estavam por lá e tive que enfrentar uma maratona de entrevistas.

Em meio a uma delas, um homem aproximou-se de mim e fez a seguinte pergunta (Senta que lá vem estória...):
- É mesmo que você veio da Bahia nesta bicicleta?
- Sim - respondi-lhe, acrescentando que não estava chegando naquele momento.
- De qual cidade?
- Vim de Salvador. Saí quarta da semana passada e cheguei terça-feira.
- Ah! De Salvador? É que eu achei você parecido com uma pessoa que conheço lá em Amargosa: Osvaldo.
- Osvaldo é meu pai! Exclamei de supetão.
- Você é filho de Osvaldo!  Você é filho de Osvaldo! gritou o  homem (Juvenal Júnior) enquanto me abraçava efusivamente.

Com Betânia e Júnior
Logo depois fui apresentado a Betânia e Cássia (respectivamente sua esposa e sua cunhada), de quem já ouvira falar na casa dos meus pais.

Expliquei-lhes que a minha namorada, que estava me acompanhando desde Cabrobó, logo chegaria ao forrobodó trazendo nossas malas para mais tarde irmos nos hospedar numa cidade próxima.
- Estamos numa casa alugada. Dá para vocês ficarem lá.

Cássia, Júnior, Betânia, Tia Lalá e o sobrinho-neto de  Lampião

Uhu! Não iríamos mais precisar deixar Exu.

Cláudio (Pedal, Sol e Poeira)

De volta ao Parque Aza Branca, num momento em que dava entrevista ao Diário de Pernambuco, encontrei finalmente o Cláudio Lima que, saindo de Recife, também viera para Exu de bicicleta. O pessoal do Jornal aproveitou para nos juntar numa só matéria.




À noite juntos com nossos anfitriões curtimos os maravilhosos shows de Daniel Gonzaga, Dominguinhos e Gilberto Gil.

14/12/12
Com poucas horas de sono e cheios de saudade nos despedimos de Exu. Bike dentro do carro, agora era hora de remar de volta os mais de 700km para chegar em Salvador pegar os molequinhos Luan e Rafa e  seguir para Amargosa.


15/12/12
O motivo dessa passagem meteórica por Salvador era o aniversário de 75 anos de minha mãe. Vocês acham que ela me perdoaria ir a Exu de bike para viver o centenário de Luiz Gonzaga e deixar de ir a Amargosa no seu aniversário?


A festa da velha Floripes é estar na Igreja e para alegrá-la fomos todos à missa das 20 horas.

16/12/12
Você achou que esta postagem ia acabar sem falar nem um pouco sobre corrida? rs

Na verdade, os 07 dias de pedal, as duas noites de forró e as muitas horas de volante (1.000 km) estavam a exigir um dia de acordar mais tarde e ficar na preguiça, entretanto, no sábado à tarde, pela primeira vez em todos esses anos, conheci um grupo de corredores em Amargosa, e sem querer perder a oportunidade de fazer amizade com a galera arrisquei-me a encarar uma corrida de 12km entre Tartaruga e Amargosa.

Muitos prometeram estar no Posto São Geraldo às 5:00 da manhã, mas quando lá cheguei apenas o maratonista Angelísio se encontrava por ali.

com Angelísio 
Por mais que eu dissesse que não era “migué” de corredor, que eu estava de férias do atletismo, que havia pedalado 750km naquela semana (alegando até os 190km de Campinas, alvo de matéria no BahiaEsporte – clique aqui para assistir), Elísio mandou ver num ritmo abaixo de 4:30 e eu, que não esperava correr neste ritmo antes dos próximos quinze dias, tive que me matar para acompanhar a fera.

Lá pela metade do caminho, não sei se por eu ter crescido no treino ou por camaradagem de Elísio, emparelhamos e, aí sim, fizemos o que é mais gostoso numa corridinha destas, engatamos uma conversa até a chegada em Amargosa quando parei o cronômetro com 55’49.

* * *
E por falar em corrida, no próximo domingo, dia 23 de dezembro, às 08:00, realizaremos a nossa Corrida Solidária (Farol da Barra / Saúde – 6km) para levar doações (alimentos e brinquedos) ao NACCI – Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil.

Quem quiser contribuir e / ou participar da corrida pode fazer contato deixando aqui um comentário, enviando email para bikeselva@hotmail.com ou via telefone (8228-2209).

Esperamos (nós e as crianças) por você!


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Chambinho

Ala masculina da família Encarnação
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Vovós gêmeas?


Rafinha e vovô

7 comentários:

  1. Esta postagem está belíssima, maravilhosa, meu caro amigo! Aliás, não chega a ser novidade, pois você escreve tão bem quanto corre e pedala!!! Como sempre você vai se superando. Depois de toda "maratona" de viagens e festas, como se costuma dizer, ainda fazer uma "corridinha" de 12 km em 55'49!!!Simplesmente extraordinário!Um forte abraço.

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  2. Ê, Amâncio!
    Obrigado pelas palavras.
    Se Deus quiser estaremos juntos no dia 23 para botarmos os papos em dia enquanto fazemos nossa corrida solidária... tenho uma novidade para contar lá.
    Abraços!

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  3. Roberto,
    Que história deliciosa de se ler.Parabéns!
    Meu amigo, você é um cara abençoado. Deus só colocou gente boa no seu caminho durante essa aventura.
    Conforme solicitado, aqui em casa tem um DIÁRIO DE PERNAMBUCO aguardando apenas o seu endereço para ele chegar em Salvador. A matéria ficou muito interessante, com direito a uma grande foto.
    Um abraço e boa sorte na Corrida Solidária.
    Gilmar

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    Respostas
    1. Gilmar,
      Não posso negar que a vida inteira tenho a presença de Deus que não se cansa de usar como disfarce as pessoas que cruzam meus caminhos.
      Se eu fosse sentar para contar todas as pequeninas coisas que acontecem e que só podem ser obra de Deus para que tudo se encaminhe da melhor forma possível amanheceríamos muitos dias nesta conversa.
      Obrigado pelas palavras.

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  4. Gilmar,
    Perdi meu celular na ultima noite em Exu... (acho que foram os capetas que bebi...rs) e estou sem seu número por isto não te liguei estes dias.
    Por favor me dá uma ligada ou repassa novamente seu número.
    Abraços!
    Roberto!

    P.S. - Não encontrei nada no Diário de Pernambuco on-line e nem esperava mais ter saído no impresso.

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  5. Êta nós!!! Gostosa leitura num texto que a gente viaja junto com o autor. PARABÉNS Roberto, continue nos premiando com suas histórias maravilhosas.
    FELIZ NATAL pra vc e toda sua família.
    Bjão.

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  6. Realmente muito lindas as histórias verdadeiras, o que vc viveu esse momento emocionante marcantes que nunca se acaba.Vanuza Lins.

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