quinta-feira, 29 de novembro de 2012

OS 190 KM NAS 24H DE CAMPINAS



De volta ao Parque

De repente amanheceu e novamente estávamos (tia Lalá, eu, Pataro e Gil) na entrada do Parque do Taquaral.

A visão de nossas barracas no mesmo lugar em que as deixamos, ao mesmo tempo em que punha fim ao receio que alguém, durante a ausência noturna, houvesse vetado o local escolhido, lembrava-nos que aquela seria nossa residência pelo menos até o domingo meio-dia.

Com Robertinho, Tomiko e Áureo Lavinas
- Ainda dá tempo de desistir! Falei, em tom de brincadeira, mas ninguém me deu ouvidos. Já tava todo mundo na concentração.

A hora estava chegando e o frio na barriga só fazia aumentar, quando os acordes do Hino Nacional começaram a espalhar-se pelo Parque. Embora estranhando a antecipação, agradeci aos céus e, mão no coração, fui juntar-me ao resto da tropa.


As lágrimas ainda escorriam em meu rosto quando soou a buzina de largada e, desejando sorte a todos, comecei a colocar em prática um certo plano ousado.

No Jantar de Massas da noite anterior havia conhecido o simpaticíssimo Ivan do Espírito Santo, ganhador da 1ª Edição das 24h de Campinas, e apesar da conversa rápida que tivemos, sua tranquilidade me impressionou tanto que na ida para o Hotel fiz o seguinte comentário: “Aquele cara tá com jeito de campeão, vou me arriscar, mas é ele quem vou tentar seguir na prova”.


Agora a prova já estava rolando e, cumprindo o prometido, tendo, para minha enorme satisfação, o amigo Gil ao meu lado, ia seguindo bem de perto Ivan, que ia ladeado pelo excelente Delino Tomé.

Delino, Ivan, eu e Gil
 Os primeiros 2.725m foram percorridos em 13’12 e ao passarmos por um ponto da pista deu para ouvir o técnico recomendando a Ivan que passasse mais perto dos 14 minutos na próxima vez. Achei aquilo perfeito, pois era exatamente o que tinha me proposto em relação a tempo de volta.

Logo na segunda volta anunciei a Ivan que tencionávamos (Gil e eu) “pegar carona” pelo maior tempo possível.

- É um prazer! (típica resposta de Campeão)

Na oitava volta, quando passávamos pelo técnico de Ivan ele “nos” anunciou que o líder estava a 300 metros. No ritmo forte que vínhamos correndo (com todas as voltas ficando na casa dos 13’/14’) imaginei que logo iríamos alcançar o Mauro Rosa, mas para minha surpresa, quando “abri o olho” o Campeão da edição do ano passado já estava dando um capote na gente.

Confesso que fiquei meio preocupado quando vi o cara indo embora, mas a tranquilidade com que Ivan recebeu aquela ultrapassagem, nenhum músculo denunciando o golpe, trouxe-me a certeza de que a estratégia deveria ser mantida.

Mantendo a mesma pegada, aos poucos uma conversa monossilábica começou a rolar e frequentemente Ivan ia nos dando dicas, inclusive quanto ao melhor traçado na pista. Algumas vezes parecíamos (Gil e eu) “os sombras”, pois  cada movimento de relaxamento à frente, instintivamente era reproduzido por nós atrás.

Continuando a brincadeira de “siga o Mestre”, na hora que começaram a servir purê e macarrão passamos a mão nos copinhos e, sem diminuir quase nada do ritmo, fizemos nosso almoço em pleno movimento.

Acusando dores, Delino foi o primeiro a deixar o bonde. Com três horas um dos staffs de Ivan ordenou-lhe que parasse na próxima volta, no que foi acompanhado por Gil e, sozinho, segui adiante na mesma toada.


Com 04h30 de prova e quase 50km rodados fiz uma parada para trocar o tênis baixo, que não estava dando conta do terreno pedregoso e, aproveitando o tempo que a empolgada “ultrastaff” tia Lalá iria gastar para trocar o chip, pedi ao Fisioterapeuta uma massagem que soltasse meu pescoço. Santa Massagem!


Faltava pouco para as 03 horas da tarde quando voltei à pista.

Com as pernas enrijecidas, a primeira volta foi pra lá de lenta. Sabia que precisava ter paciência até que elas destravassem, entretanto mesmo naquele ritmo a coisa estava sendo muito sofrida.

Algumas voltas se desenrolavam e nada das dores e travamento me abandonarem.

Aliás, a coisa ficou tão feia que comecei a imaginar a possibilidade de não resistir. Foi preciso usar muitos argumentos para me convencer que tinha que permanecer ali: o tempo gasto em treino; a expectativa dos amigos; a contagiante euforia da tia Lalá, que o tempo todo fazia questão de me informar minha situação em relação aos adversários; o sorriso dos meus filhos.

Houve um momento que aos gritos implorei-lhe que não me avisasse mais nada, que eu não iria mais marcar ninguém, que ia só fazer a minha prova, etc., etc. (o desespero tava brabo rs).

Depois da tempestade, a bonança...

Pataro
Não sei ao certo em que momento a coisa voltou a fluir, só me lembro de, já num astral completamente diferente, ter passado pelo amigo Pataro gritando que ele não ia acreditar, mas havia voltado a completar as voltas na casa de 15 minutos.


Ainda mais que antes, chegava ao pórtico ávido pelas informações da tia Lalá e, ressabiado pelas dificuldades enfrentadas após a parada, decidi que aproveitaria o bom momento, adiando o máximo que pudesse o novo pit stop.

Área do Pórtico com toda estrutura necessária ao atleta

O que eu não poderia sequer imaginar era quão longa seria essa “perna” da corrida.

Inicialmente projetei a parada para as 19 horas (9h de corrida). E foi mais ou menos por esta hora que começou uma chuva que nos acompanharia durante toda a noite.

Classificação das 20:00
Enquanto alguns recepcionaram com reclamações o trabalho de São Pedro, vi nele uma oportunidade de ganhar terreno em relação ao pessoal que ia na minha frente e, sorridente, prossegui.

Outro que gostou da chuva foi Delino. Novamente nos encontramos e fizemos algumas voltas juntos, porém, como sua perna continuava dando sinais de que não aguentaria o tranco (o cara acabara de vir de uma prova de 48h) ele disse que iria parar para procurar um anti-inflamatório,  na passagem peguei um com a tia Lalá entregando-o para que ele não perdesse muito tempo.

A pista começou a enlamear e em alguns lugares os tênis ficavam completamente submersos. Mais cedo eu havia detectado uma bolha enorme na sola do pé e esta água poderia ser um complicador, mas continuei firme na decisão de não trocar as meias.

O Márcio Villar, que tinha ido lá só para treinar (ufa... rs), várias vezes demonstrou sua preocupação quanto ao fato de eu estar usando apenas short e camiseta (a maioria das pessoas usavam capas neste momento), temendo que eu tivesse hipotermia.

Agradecia sempre o carinho da preocupação, mas hora alguma senti desconforto em relação à temperatura e nem me passou pela cabeça a ideia de parar para colocar algo mais aquecido.

Às 22 horas começaria uma corrida de 11km (4 voltas). A ideia dos Organizadores da Ultrarunner era muito boa. Ao mesmo tempo em que dava aos acompanhantes oportunidade de uma corrida de menor porte, a presença de “sangue novo” na pista poderia injetar novo ânimo nos ultramaratonistas que estariam correndo há doze horas.

A chuva cada vez mais forte ameaçava a realização desta prova. E a tia Lalá, que estava inscrita, dizia-se arrependida por conta do frio. Imaginando que poderia (se aguentasse o ritmo da titia) dar as 04 voltas a seu lado, programei uma parada de pouco minutos antes das 22:00 para largarmos juntos.

Às 21:50 cruzava mais uma vez o pórtico e enquanto ia passando busquei sem sucesso encontrar a melhor staff da prova trajada de corredora. Na dúvida segui adiante.

Quem acabei vendo naquela volta foi o técnico Branca. Já havia perguntado por ele durante o dia e encontrá-lo por ali foi uma enorme e maravilhosa surpresa. Com a calma e atenção de sempre, disse-me que também estava feliz por me ver ali.

Durante a madrugada, num momento em que ele cruzava o pórtico caminhando ao lado de um dos seus atletas, ao ver que eu continuava marcando e conferindo o tempo de cada volta, mais uma vez fui presenteado com um carinho:

“ – Você está bem. É isso aí, mantenha o  foco e esvazie a mente”.
Gente, vocês não imaginam a força que pode ter uma frase desta num momento tão crucial como aquele.

Na outra volta, soube que a corrida de 11km estava rolando e deduzi que além de não poder prestigiar a corrida da “titia”,  ficaria “órfão” por pelo menos 4 voltas.

Já passava da meia-noite quando nos reencontramos. A última vez que a incansável tia Lalá havia corrido foi em abril. Mesmo assim, quando perguntei se ela havia feito boa corrida, se gastara mais de uma hora e meia, toda prosa foi logo me dizendo: “Gastei 1 hora e 15 e na última volta fiz split negativo”.

Às duas horas da manhã quando saiu nova atualização de classificação eu já aparecia entre os cinco primeiros. Era hora de parar de me engabelar. Lembrando do conselho que recebera do amigo Genivaldo na corrida do ano passado, decidi que só pararia caso não conseguisse me arrastar.

Durante a madrugada, o campeão Ivan, com ajuda dos seus pacers, mantinha um ritmo impressionante. Tentei pegar carona algumas vezes, (até para fugir da perseguição do terceiro lugar), mas aquilo já estava além das minhas forças.

Um pouco mais tarde conheci o Moisés, que viria a ser o 4º colocado geral (é engraçado como você pode estar no mesmo lugar o dia todo e não encontrar e/ou perceber o outro) e, apesar de todo cansaço, nosso ritmo estava tão parecido que deu para seguirmos numa (apesar de econômica) descontraída conversa.


Quando o dia começou a amanhecer e a vitória já se mostrava quase impossível, resolvi que caso mantivesse a distância de 04 voltas para o terceiro lugar, iria me dar de presente uma parada antecipada.

Um pouco antes das nove horas da manhã, sem a menor chance de mudar de colocação, pus fim aquela corrida que já durava 18 horas ininterruptas e, abraçado à tia Lalá (para garantir e comemorar) fizemos juntos uma última (e única) volta andando.

Antes que desarmassem o circo, entreguei-me aos cuidados do pessoal do SAMU e deles enfim recebi o veredicto a respeito do que estava acontecendo com meus pés:
“– Estão cozidos. Calor o dia todo no tênis e água. Literalmente você cozinhou seus pés e agora só lhe resta deixá-los ao ar livre, nem sandália você deve calçar para que retorne a circulação.”


Fiquei por ali vendo a movimentação de quem ainda buscava fazer voltas nos últimos minutos e, para alegria geral, tanto Pataro quanto Gil encerraram suas corridas como vice-campeões de suas categorias. Sandrinha Grisi, a outra baiana presente na festa, também comemorava muito o terceiro lugar da sua faixa etária.

Baianos e seus troféus maravilhosos
Enquanto rolavam as comemorações pelo final das 24h, sentei-me estrategicamente perto do Pódio. Generoso como sempre, o Campeão Ivan, vendo o estado lastimável em que haviam ficado meus pés depois dos 190km percorridos, veio fazer uma visita.

Entre “ais”, “ois” e “uis” (rs), parabenizamo-nos reciprocamente pela corrida que fizemos. Ivan merecia a vitória e eu estava indisfarçavelmente feliz por sair Vice-Campeão de uma prova tão disputada.
 
Com Ivan
Devo muito a todos que me ajudam neste caminho. Durante a prova muitas destas pessoas me vinham à mente: os ensinamentos e as palavras de confiança de Marcelo Augusti; os gritos de Carlinhos (“mexe os braços, Rô”); os conselhos da amiga e Fisioterapeuta Joana (“contrair levemente o abdome”); a torcida empolgada dos amigos; o apoio da Família Working Sports; a presença na prova (e no dia a dia da preparação) dos meus amigo-irmãos Gil e Pataro, etc, etc...

Foto tirada na sexta-feira a tarde
Entretanto, não há como fugir da realidade. Qualquer pessoa presente naquele Parque Taquaral sabe disso. Jamais teria ido tão longe sem a energia e o amor da tia Lalá e a esta maravilhosa mulher dedico o resultado desta Corrida.

Fiquem com Deus!


clique para ver matéria no GloboEsporte.com

Pódio Geral Feminino - Campeã - Gildiane Souza Heusner

Pataro, 2º lugar na categoria 45/49 (141 km)
 
Gil, 2º lugar na categoria 35/39 (136km)

No Pódio com a Tia Lalá

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

PRÉ-CAMPINAS

Parque do Taquaral - Pataro, Tia Lalá, eu e o aniversariante do dia, Gil

Tudo pronto para começar a brincadeira na Lagoa do Taquaral amanhã.

Antes de sair de Salvador cumpri o ritual de passar no Pinicão, mais para encontrar os amigos que propriamente para treinar, e a dupla que estava lá hoje é daquelas que só pode ser considerada de ótimo augúrio: Carlinhos e Adautro, este fazendo tiros de 500 metros, aquele, de 2.000 metros.


Adautro voando nos 500 e Carlinhos no intervalo dos 2.000
Dentro dos meus 40 minutos de trote, é claro que separei um pouco de tempo para acompanhá-los em alguns tiros antes de despedir-me.



O voo que trouxe o time do Salvador Pró-Maratona (Gil, eu e Pataro) e sua staff de luxo (tia Lalá) foi tranquilo e assim que invadimos Campinas fomos montar nossas barracas no Parque Portugal.



Montadas as barracas, era chegada a hora de ir buscar o kit, reencontrar os amigos e cair matando no delicioso Jantar de Massas.


Com Lucina Ratinho ("Vó") e  Áureo Lavinas
As 24h de Campinas serão transmitidas ao vivo pelo site oficial da ultrarunnereventos, inclusive lá também existe um serviço de recados que são repassados aos atletas durante a prova através do sistema de som. Aceitamos tudo: torcida, recados e rezas!
Jantar de Massas

terça-feira, 20 de novembro de 2012

IV CORRIDA DA COPPA, PREMIAÇÕES E CRIANÇAS


Neste domingo foi realizada no Parque de Pituaçu a IV Corrida da COPPA (Companhia de Polícia de Proteção Ambiental).

Não bastasse o prazer que experimentamos toda vez que corremos naquele belíssimo lugar, os 14,3km da prova principal “soaram” perfeitos para fechar a preparação para as 24h de Campinas, e foi com esses argumentos que convenci o amigo Pataro a fazer nossa inscrição.
Com Pataro num dos muitos dias de treino em Pituaçu
Após enfrentar dificuldades de encontrar vaga para estacionar o carro, tão logo entrei no Parque encontrei Adautro, que já ia começar seu aquecimento. Faltando menos de meia hora para o início da prova e pretendendo usá-la como treino de “velocidade”, não perdi tempo e juntei-me ao colega de Pinicão nos educativos.

Pós-treino no pinicão no começo do mês com Valdir, Adautro, Gil, Alan e Chico
Alinhados para a largada, às 7:50 o sol já nos fazia pingar de suor, quando finalmente soou a buzina.

Dando ouvidos aos conselhos de Adautro, que insistira em dizer que era melhor se poupar no início, saí tranquilo e num relance contei mais de 20 corredores disparados à minha frente. Sábio conselho! Não foi à toa que o cara venceu a prova masculina com o tempo de 50’04.

Já no Km 2 comecei a alcançar os corredores que iam à minha frente e durante toda a prova não recebi nenhuma ultrapassagem.

Na altura do Km 10,5 tive a ajuda de Valdir (outro colega de Pinicão rs), que vinha correndo em sentido contrário e ao me avistar deu meia volta para me “puxar” até o pórtico.
Valdir voando num dos seus tiros no "Pinicão"
Com 57’ cruzei a linha de chegada em sétimo lugar no geral, obtendo por herança o segundo lugar na Categoria 30/44 (pasmem! 15 anos numa mesma faixa).

Logo depois Pataro fechou sua prova com o tempo de 01h01’52, assegurando a 12ª colocação entre os 178 corredores do naipe masculino e, também por herança, obtendo o terceiro lugar na Categoria 45/54.

Após ver a chegada de Luana Macedo de Souza, vencedora do feminino, que cravou 01h05’50, resolvi ir em casa buscar os meninos para aproveitar o parque e, claro, subir ao pódio com o papai.

Acontece que ontem (só pra contrariar) a premiação foi super-rápida. “Nunca antes na história” destas corridas havia sido assim e quando retornamos ao parque já havia passado o momento da entrega da medalha diferenciada no pódio.


Corri usando a camisa da Academia WorkingSports e lamentei muito o fato de ter perdido a oportunidade de divulgação desta Família que tem me ajudado bastante nos últimos meses.

Com Rafa no pódio sendo fotografados por Luan

O jeito era esquecer e aproveitar o dia, afinal de contas ainda havia muitos peixes para alimentar e os meninos não viam a hora de começar.


Falando em premiação...


Com o atraso na apuração das Categorias por Faixa Etária na última edição do Running D’aventura (21km), seguindo a orientação dos organizadores, deixei para pegar meu Troféu (placa) na FBA. Entretanto, quando compareci à Federação a placa não foi encontrada.

Mandei um e-mail no dia 14 de julho e na semana passada fui contatado por Nai, da RD, que, desculpando-se, informou-me que nova placa havia sido confeccionada e solicitou um endereço para o envio.

Hoje os Correios trouxeram-me uma caixa que continha a Placa de 3º Lugar da Categoria 40/44, alguns mimos (inclusive um vídeo da prova) e uma carta pedindo desculpas pelo transtorno.


Alguns podem até dizer que eles não fizeram mais do que deviam, mas achei o gesto de grande elegância e completamente condizente com o status de que goza a RD entre a maioria dos corredores desta cidade, de ser a melhor prova da região.

Um pouco mais a respeito de premiação...

Vice-Campeão da última corrida do Águia (16 de setembro 2012), fiquei sem receber o troféu.

No dia, após perder um tempão tentando mostrar aos militares que conduziam a cerimônia que eles estavam descumprindo o que estava escrito no regulamento, recebi a promessa do Prof. Og Robson de que a FBA iria providenciar ela mesmo uma troféu e reparar o erro. Esse eu ainda não recebi...

Mudando de assunto.

Aproveitamos o último feriado para visitar o NACCI (Núcleo de Apoio ao Combate do Câncer Infantil), que fica localizado na Rua do Alvo, no Bairro da Saúde.

A visita, além de ser uma experiência incrível, serviu para sondar quais as maiores necessidades daquela Instituição de Caridade.

Com o sapeca João no NACCI
Este ano o treino de confraternização do Salvador Pró-Maratona será no dia 22 de dezembro, do Farol da Barra à Saúde, quando aproveitaremos para levar doações que arrecadaremos.

Em breve postaremos todos os detalhes desta nossa corrida solidária, mas desde já convidamos todos vocês para fazermos mais esta festa juntos.

Feliz dia da Consciência Negra. Muita Luz e Paz para Todos!

Luan, Pedro e Rafa no Zoo



Pedrinho, irmao da Titia Lala







domingo, 11 de novembro de 2012

92,4KM DE TREINO ESPECÍFICO PARA CAMPINAS

Gil, Pataro e eu - missão cumprida
Sob orientação de Marcelo Augusti realizamos nesta quinta/sexta-feira o último treino específico para as 24h de Campinas.

O Plano
A estrutura do treino, que buscava simular situações enfrentadas nesse tipo de prova, era a seguinte:
  •  Quinta à noite: 30km (ritmo confortável);
  • Sexta pela manhã: 4 x 15km = 60km (confortável / pausa 30').

Nas pausas, a ordem do Professor era “fazer todo tipo de procedimento que se pretende realizar na competição (troca de calçados, roupas, alimentação, hidratação, imersão no gelo, etc)”.

Esses intervalos, que em princípio parecem feitos para descanso, na verdade servem para complicar ainda mais o exercício, já que a cada recomeço teríamos que lutar contra o enrijecimento natural das articulações após longas paradas.

Outra coisa importante era o tempo de recuperação entre os dois treinos, que deveria ficar na casa de 6 horas.

Para adaptar o treino às agendas de meus dois parceiros de prova (Gil e Pataro), naturalmente foram necessários alguns ajustes e, infelizmente, por causa do trabalho, Gil só pode participar do treino da manhã.

A Execução - PARTE 1 (30Km)



Às 18:00 da quinta-feira, saindo da Igreja do Rio Vermelho, em ritmo tranquilo seguimos (Pataro e eu) até o Posto Plakafor em Piatã, onde nos aguardava a maratonista Vanuza, que nos acompanhou nos 15km da volta, mesmo tendo feito tiros pela manhã.


Quem me conhece sabe que sou um atleta madrugador, mas correr na orla à noite com aquela brisa gostosa, enquanto o papo, os causos e as risadas rolavam soltos foi realmente muito agradável, e ao final nem dava para acreditar que já haviam se passado 3 horas e 05 minutos de treino.

Pataro e Vanuza
Agradecemos a presença de Vanuza acompanhando-a até o ponto de ônibus e disparamos para nossas casas, afinal já passava das 21 horas e às 4:30 estaríamos em ação novamente.

Finalizando treino da noite
* * *
Fui para a cama pouco depois das 22 horas e às 3:10 já estava de pé novamente.

Não dormi muito bem, acredito que o açaí tomado pouco antes de deitar influenciou negativamente em meu sono e curiosamente acordei sentindo as pernas doloridas. Digo curiosamente porque quase nunca sinto dores musculares, mas enquanto arrumava o arsenal hídrico que levaria para o treino construí a seguinte teoria para depois discutir com os amigos: longões feitos à noite, imediatamente seguidos de uma dormida, não são bons para os músculos. O que a gente anda pra lá e pra cá no pós-treino diurno é o que favorece a recuperação muscular. Será? rs

Bem, divagações à parte, após alguns copos-d’água, batata-doce, leite de soja e BCAA (olha aí o que ando comendo Pataro... rs), levando Gil de carona, dirigi-me ao Dique do Tororó.



Aproveitando os 2.600 metros do circuito, acertamos fazer 04 blocos de 06 voltas, o que elevaria nosso treino para 62,4km.

Os intervalos variaram entre 20 e 30 minutos e neles optei por lavar o rosto, tomar água de coco e deixar as pernas mais altas que o corpo.

A Execução - PARTE 2 (62,4Km)


Eu, Gil e Pataro (ao fundo a Fonte Nova (Estádio) sendo reconstruído para a Copa 

CAPÍTULO I
1º bloco - 1h25’04
15'23
14'11
14'42
13'22
14'36
12'49


Às 4:45 disparamos nossos cronômetros. Ainda na primeira volta recebemos com alegria a chegada dos amigos e maratonistas Joel e Edmilson, que foram lá para nos dar uma força e correram conosco as primeiras seis voltas.


Neste primeiro bloco, após iniciarmos com voltas de 15 minutos passamos a fazê-las um pouco mais rápido e fechamos os primeiros 15,6km em 01h25’04.



Enquanto desfrutávamos do intervalo, seguindo para seus afazeres, Joel e Edmilson despediam-se de nós.

CAPÍTULO II
2º bloco - 1h31'03
16'18
14'37
15'14
14'49
15'10
14'54

Às 6:45 começamos o segundo bloco de 06 voltas.



O Dique já estava cheio de corredores; volta meia, quando alguém mais rápido (mas num ritmo ainda confortável) nos passava, aproveitávamos para pegar uma carona e, geralmente, em meio aos bate-papos que estabelecíamos com nossos coelhos, só os deixávamos quando completavam seus treinos.

Gil pegando carona no ritmo de outros coredores

Desse jeito, em 01h31’03 completamos mais 15,6km.

CAPÍTULO III
3º bloco - 1h33'17
18'14
14'34
15'46
14'55
15'04
14'41

Após o intervalo iniciamos o terceiro bloco. As pernas pesavam neste novo recomeço, mas em menos de três minutos já me sentia solto novamente.


Sentindo mais o treino, Pataro começou a diminuir o ritmo e acabou parando na terceira volta reclamando de violentas câimbras.

Sugerindo que aproveitasse para treinar e fosse caminhando (algo comum em prova de 24 horas) segui adiante com Gil, mas ao completarmos a 4ª volta encontramos Pataro parado, afirmando que ficaria até o final para nos ajudar mas que não iria correr mais.

Naquele momento Pataro estava com 15 voltas, que multiplicadas por 2.6 dava 39 quilômetros. Tentando fazê-lo retornar ao treino, enquanto abríamos a nova volta, informei-lhe que com pouco mais de um volta ele completaria pelo menos uma Maratona e aos gritos provoquei: “Vai perder?”

Apertando o ritmo para tirar a diferença das primeiras voltas fechamos o terceiro bloco em 01h33’17.

CAPÍTULO IV
4º bloco - 1h40'35
18'25
17'12
18'04
17'32
16'34
12'46

Às 10:37, após vinte minutos de intervalo, com o time novamente completo demos início ao quarto e último bloco de 06 voltas.

Não averiguei se foi o descanso ou a provocação, só sei que apesar de todo desconforto Pataro estava ali novamente conosco tentando fazer mais alguns quilômetros.

Após os primeiros minutos de recomeço e o paulatino destravamento das pernas, já estávamos querendo acelerar de novo, entretanto, temendo novas câimbras, nosso guerreiro seguia num ritmo excessivamente lento.

Correndo ao seu lado para incentivá-lo a dar o maior número de voltas possível, Gil e eu íamos contando causos para distrair o amigo, quando um cansado Pataro me fez a seguinte pergunta:
- Beto, você não tá sentindo nada?
(Poderia ter feito essa mesma pergunta ao incrível Gil, mas certamente fê-la a mim lembrando-se dos 30km da noite anterior).

Àquela altura do campeonato, já confiante (e mestre em esconder as dores), acelerei um pouco, dei um giro, voltei e sorridente respondi:
- Não!

Então com uma cara ULTRA engraçada, que destoava completamente da dor que estava enfrentando Pataro arrematou:
- O que é que você come?!  
Caímos todos no riso.

No meio da terceira volta Pataro anunciou que iria parar ao completá-la então resolvemos (Gil e eu) retomar o ritmo antigo.


Quando fechamos a quarta volta, Pataro nos esperava com duas coca-colas de 600 ml, indicando que era uma para cada. Não havíamos tomado refrigerante em nenhum momento e coincidentemente eu acabara de ter esse desejo.

Em vez de pegar uma para cada um como sugerido por nosso staff falei com Gil para usarmos uma para cada volta que faltava.

Quando iniciamos os últimos 2,6km e passei a mão na outra coca-cola, Pataro nos avisou que só faltava aquela volta para completar. Aos gritos (santa endorfina!) disse-lhe que não iríamos apenas completar e sim mandar um RP na última volta, acrescentando: “Quem mandou nos dar coca-cola?”

Numa parceria incrível fomos eu e Gil forçando o ritmo um para o outro, incentivando, incentivando e (nem eu mesmo acreditei) não é que a 24ª volta foi a mais rápida de todas? 12’46, o que dá um ritmo de 4’54/km. Nada mal para quem estava correndo desde as 4:40 da manhã.

O último bloco foi completado em 1h40’35.


Passava um pouco do meio-dia quando demos por encerrado nosso último trabalho (específico) para as 24h de Campinas. Nas últimas 18 horas havia corrido 92,4km e, com essa aceleração final, é claro que saí muito feliz com o treino.

Até a próxima!


Algumas horas depois contando estórias para os filhotes e sua coleguinha Yasmim


Anoitecer do Rio Vermelho
Adicionar legenda



Amanhecer do Dique do Tororó