quinta-feira, 18 de junho de 2015

RP DUPLO NA MARATONA DE PORTO ALEGRE 2015

foto gentilmente cedida por Gilmar Farias



E a maratona de Porto Alegre continua linda...

No último domingo matei uma saudade que estava me corroendo há 03 anos. Por conta das Copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014) estava longe da minha prova preferida desde 2012.

O bom mesmo era que mais uma vez teria o privilégio de estar alinhado para os 42,2k da capital gaucha ao lado do amigo, e parceiríssimo de treino, Pataro. Exatamente naquele lugar, quando começava a arriscar meus primeiros passos, o conheci.
Com Pataro , minutos antes da largada

Senta que lá vem estória...

No ano de 2008 viajei com Adhemar (o anjo que me trouxe para o fantástico mundo da corrida) para Porto Alegre para estrear na Maratona.

Quando mencionei o tempo com que pretendia fechar a prova (3h e 30), Adhemar me disse que conhecia uma pessoa que deveria fazer a prova mais ou menos naquele tempo e iria me apresentá-lo para que corrêssemos juntos.

Vieram entrega de kit, jantar de massas e nada de me bater com o tal Pataro. Finalmente chegou o dia inesquecível da primeira maratona, o frio nas ruas e um ainda maior na barriga (esse me acompanha até hoje) e nada de encontrá-lo / conhecê-lo.

A sirene indicava que era hora de começar a viagem. A emoção que também me acompanharia em todas as outras largadas me fazia rir e chorar ao mesmo tempo...
De repente, ouvi uma daquelas pessoas que estavam vibrando com a largada gritar um “vai, Pataro!” e, ato contínuo, um cara ao meu lado devolver com aquele sorrisão (marca registrada do amigo) palavras de incentivo e agradecimento. Não me fiz de rogado.

- O Senhor é caçador? Daqueles que andam atrás do lobo? Ops! estória errada.

- Você é de Salvador? Parente de Chico do TRE? Sou amigo de Adhemar e ele tinha me falado para tentar acompanhá-lo.

Fomos juntos.
                                                 * * *
De volta a 2015...
Pegando o Kit no sábado
Ambos estávamos ali conscientes de que poderíamos brigar para estabelecer novos recordes pessoais. A temperatura estava ideal. Praticamente fechamos 100% os treinos propostos por Marcelo Augusti (Mr. Running) e sabíamos que este ano dificilmente teríamos nova chance nos 42,2. Precisava ser naquele dia.

Antes da largada o encontro com os amigos Joel, Van, Gilmar, Lula e toda a festiva galera da ACORJA serviu (principalmente para mim que brigo sempre com a ansiedade nestas horas) como uma forma de fazer o tempo passar com leveza. Quase não tive aquela sensação de leão enjaulado, louco para ouvir o barulho dos ferrolhos se abrindo.


Chegada do Presidente Lula de Holanda -

Começou...

Uma coisa é certa. Adoro fazer aquilo. É diversão. O tempo, a performance, os recordes são muito legais, mas não dizem tudo que aquele “poder estar ali de novo” representa para mim. A emoção de estar a caminho não aguarda a publicação dos resultados, ela chega ali mesmo, nos primeiros metros, e toma conta de tudo.

 A prova ia rolando e, diferentemente da Maratona do Chile, os tempos pretendidos começaram a aparecer no visor do meu garmin a cada soar de quilômetro.


Sem dificuldade passei o km 5 com 21’ 09.

Lá pelo oitavo quilômetro ultrapassei um pelotão grande que seguia em passos consistentes e até pensei em encaixar-me nele mas, lembrando-me que em Santiago havia pego uma carona num grupo assim e começado, pela comodidade da companhia, a correr um pouco acima do ritmo que deveria, resolvi seguir em frente.
Um pouco adiante minha “fuga” foi neutralizada pelo grupo que havia deixado para trás e neste momento uma coisa chamou muito minha atenção e foi, acredito, crucial para o recorde que estabeleceria no final daquela prova.

encaixado no bloco
O rapaz que liderava o pelotão, Jacques Jochims, tinha pregado no fundo da sua camisa em números garrafais – como se fosse um marcador de ritmo – a hipnotizante mensagem 2:59.

Não estava correndo para sub -3 (não me sentia confiante para tanto e sempre afirmei que ele só viria se fosse naturalmente), mas buscava correr pelo menos o suficiente para baixar a marca antiga, de 3h01’46seg.

Se eu me garantisse até o final da prova pelo menos uns 500 metros atrás daquele bloco provavelmente teria êxito em meu plano.

Dali por diante a prova, que já estava maravilhosa, tornou-se um verdadeiro passeio. Era impressionante ver como sobrava o Jacques, correu o tempo inteiro chamando os outros para perto, mandando focar, pisar mais leve no chão. O cara não se cansava, acredito que se estivesse correndo para ele sozinho poderia fazer tranquilamente uns 2h48 na prova.

Chegada de Jacques - Entregando o que prometeu - com 2h e 59 no bruto

O tempo estava perfeito e a frase do Jacques que mais mexia comigo era: Hoje é o dia! - Hoje é o dia! repetia eu.

Juntos passamos a marca da meia maratona para 1h29’34 segundos. Já tinha feito o plano de me desligar do garmim e aquela carona estava ajudando muito.

Na passagem pelo 28k uma nova olhada e vi que estávamos com 1h e 59 alto.

O grupo foi se esfacelando e teve até uma hora em que o Jacques me disse que voltaria um pouco para pegar alguém que havia ficado um pouco para trás e me incumbiu de segurar o ritmo na ponta.

Honrado com a missão (que durou poucos minutos), estufei o peito, cantando a pleno pulmões Alegria, Alegria.

Note lá atrás de branco e preto o Jacques... Logo  iria embora e eu asó o acompanharia com os olhos
Logo depois dos 30k começou a ficar difícil manter-me dentro dos 4’18/km e fazia força para ficar pelo menos em 4’20 baixo. Toda vez que subia o ritmo, concentrava-me ao máximo para tentar compensar no quilômetro seguinte.

Lá pelo 35k Jacques começava a distanciar-se e a maioria do grupo estava sentindo mais do que eu. Dizia para mim mesmo. Quando estarei nesta posição novamente? Quando estarei tão “inteiro” numa prova com condição de estabelecer RP? Agora é fazer a força que praticamente não havia feito durante toda a viagem.

Minha última olhada estava programada para o km 40 e somente quando vi que estava com 2h e 51 (não visualizei os segundos) é que me dei conta que talvez pudesse até fazer o tão sonhado sub -3.

Apertei. Naquele momento os corredores que estavam na mesma batida faziam-se a mesma pergunta: Será que ainda dá?

Fechei o km 41 com 4’09 e, já seguro do RP, arrisquei-me a subir ainda mais o ritmo. O km 42 foi percorrido em 3’57, mas os 200 metros... Ah, aqueles duzentos metros! rs Consumiram mais alguns segundos e, absolutamente voando, para os padrões de chegada de uma Maratona, olhos fixos no cronômetro oficial, cruzei a linha com o tempo bruto marcando ainda 3h00.


Note do lado dieito da foto Jacques e seu hipnotizante 2:59
Sub-3?! Não sabia, mas pelo tempo que havia deixado o cronômetro rolar (esquecido de trava-lo imediatamente), desconfiava que não, afinal meu relógio estava marcando 3h e 09 segundos.

O confirmadíssimo Recorde Pessoal obtido, a conclusão de mais uma maratona, a chegada forte que havia feito, era luminosidade demais para aquela sombra de dúvida, e imensamente feliz, cumpri uma promessa que me havia feito no meio da prova...

Inspirado em Carlinhos, o nosso queniano-baiano, que toda vez que chega se ajoelha, abre os braços, reza, depois se levanta e vai apertar a mão de cada um ali por perto (engraçado é que, com aquelas canelas finas, não raro alguém o toma como campeão da prova rs) prostrei-me de joelhos para agradecer a Deus por tudo.


Chegada de Carlinhos em Curitiba 2011
No mesmo instante ouvi um “Oooh!” ou seria “Aaah!” atrás de mim. De olhos fechados, imaginei que talvez fossem as pessoas achando bonito o gesto. Quando dei por mim, tinha um cara me estendendo a mão e gritando para eu sair dali:

- Um corredor que chegou um pouco antes de você acabou de vomitar neste mesmo lugar. Argh!

Dei uma olhada para o chão e realmente pude reconhecer a marca do gel colocado para fora ali (rs). Ao cara que me estendeu a mão, fiz questão de dizer: Tudo bem. O importante é que estou aqui e a prova foi ótima. Comigo mesmo pensava: Ainda bem que no ritual de Carlinhos não tinha beijo no chão (rs).

Nada que uns copinhos d’água não resolvessem. Ali reencontrei o Jacques, de quem virei fã, e o abracei dizendo: Muito do que consegui nesta prova hoje, devo a você! Obrigado!
03h 17' 38 - Novo Recorde Pessoal de Pataro
Depois chegou Pataro controlando uma ameaça de cãibra, mas correndo o suficiente para diminuir em 1 minuto o antigo recorde. Não posso deixar de dizer: Nada mal para um cinqüentão. Parabéns, amigo!

Quem andou travando o cronômetro muito bem (inclusive antes de Pataro) foi o amigo Regis Leal, outro cinqüentão arretado que mandou um 03h14.

Chegada de Regis Leal
Aguardamos (Pataro, eu e Regis) a chegada de outros amigos até a marca de 3h e 40, depois rumamos para o Hotel. Viajaríamos de volta logo mais.

Peguei o avião sem saber do resultado oficial e nunca temi tanto que ele caísse. Como seria morrer na dúvida se fui ou não sub-3. Provavelmente iria me transformar em assombração que perguntava: Fuuuuuui? Fuuuuuuuui?

Já em Salvador descobri meu tempo líquido oficial 3h 00 minutos e 05 (cinco) segundos.  Centésimo lugar entre 1.658 homens que concluíram a prova.

Confesso que levei uns dias para digerir estes (grrrrr) 06 segundos (a gente sempre fica pensando, se tivesse apertado 200 metros antes, etc). Mas no final tudo é bobagem, mesmo porque, não irá mudar, e se eu tivesse baixado apenas um segundo, já voltaria de lá comemorando RP, então como achar ruim ter eliminado mais 1’ e 45 segundos no meu tempo oficial?

Foto tirada no aeroporto de Salvador na ida - Tava adivinhando?
Agradeço a todos que torceram/vibraram positivamente, peço desculpas ao maravilhoso treinador e orientador Marcelo Augusti - Mr Running, (ele não tem culpa dos 5 segundos rs) e agora é festejar o Recorde Pessoal curtindo as festas juninas, logo, se Deus continuar nos permitindo, outros desafios baterão à porta.
Bom São João!



Van

Gilmar Farias RP também 3h 34' 43



Edésio - 2h e 35






AQUECENDO NO SÁBADO (7 DA MANHÃ - 8 GRAUS)



Fernando Péricles - 2h 31
F







terça-feira, 9 de junho de 2015

SERRA DA JIBOIA - ANO III - O RETORNO


Em cima: Chico, Cristiano, Angélica, Ana Alice, Semíramis, Manoel, Deja
Embaixo: Rubem, Hector, Vanuza, Cristina, Gil, Bel, Antonio Leite, eu, Laryssa, Márcia, Valdir, Carlinhos e Ronaldo

Neste domingo, pelo terceiro ano consecutivo, o Salvador Pró-Maratona retornou à Serra da Jiboia no Distrito de Pedra Branca, Município de Santa Terezinha - Bahia. 

Com desnível de 530 metros entre o pé e o topo da serra, a desafiadora subida de 6,5km é um excelente teste para o coração, tanto pelo esforço exigido para se atingir o seu ponto máximo (situado a 786 metros de altitude acima do nível do mar), quanto pela forte emoção ao contemplar a maravilhosa paisagem que se tem desde ali.


O friozinho gostoso, a dança das neblinas, o carinho nas articulações fruto da corrida no piso de chão batido, o barulho dos riachos que correm paralelos à trilha, o banho de cachoeira, o canto dos pássaros, tudo contribui para aumentar a magia deste nosso treino-festa, entretanto, opinião minha, o maior responsável pela sensação de “quero estar aqui de novo no próximo ano” é a amizade, a simplicidade e a energia desta família que cresce a cada ano.

A viagem foi boa, a corrida foi excelente, mas poder estar entre amigos que comungam de uma mesma paixão é impagável.

O Sábado

O horário para início da viagem de 200km até Castro Alves era facultativo e durante todo o dia teve gente chegando à casa do nossos anfitriões Chico, Márcia e Victor.

Miriu, Elicelma, Rosimeire e Manoel

Infelizmente neste ano não pudemos contar com a presença e a alegria do fantástico “seu” Louro (pai do amigo Chico), que estava em Salvador para fazer exames.

Ao todo foram 29 pessoas em 08 carros (o de Hector seguiu direto para Santa Terezinha) e, pelo andar da carruagem, se Deus nos permitir, no próximo ano poderemos até fretar um ônibus. Já imaginaram a festa que seria todo mundo viajando junto?

Com direito a muita comilança, risadas, final de Champions League e até curso de esteticista, o sábado voou.


Domingo


6 da manhã, prontos para sair de Castro Alves
Após um ruidoso e nutritivo café da manhã, iniciado antes mesmo de raiar o dia e que teve a participação inclusive das pessoas que optaram por hospedar-se em pousadas próximas à “nossa casa”, nos preparamos para viajar ao distrito de Pedra Branca.

Na entrada da cidade de Santa Terezinha, Hector, “o chileno”, já aguardava nossa passagem e, após fazermos os registros de costume, seguimos direto para nosso destino.
Em Santa Terezinha
Em Pedra Branca, antes de começar a brincadeira, fomos até o topo da serra para montar os três postos de hidratação.

O frio estava perfeito e a trilha cheia de surpresas. Desta vez entregaríamos tudo que havíamos propagandeado.

Passava um pouco das 08 quando fizemos nosso registro e demos início ao treino.

Cada subida e descida perfaz 13km e, como sempre costuma acontecer em nossos eventos, havia ritmos e distâncias para todos os gostos. Havia desde iniciantes neste esporte até pessoas como Ronaldo Assis, campeão da 1ª edição da Maratona de Salvador.

A apenas uma semana da Maratona de Porto Alegre, reservei para mim apenas uma subida/descida (não sem algum vai-e-vem), dedicando-me mais a animar e registrar com fotos e filmagens o povo em seu sobe e desce.


Lá no meio das coisas sempre existem os detalhes que realmente fazem tudo valer a pena (aquilo que quita o empenho e a dedicação para fazer a festa acontecer) e que geralmente não são medidas em tempo / quilometragem. Citarei algumas e vocês me dirão se não tenho razão:

- Todos atingiram suas metas.

Com o sobe e desce da galera que estava fazendo distância diversas  não foi possível reunir todos lá em cima num mesmo momento

- A felicidade de Chico em retornar às corridas, mesmo completando apenas a subida.
Chico agradecendo a Deus pelo recomeço com sucesso

- O nascimento de novas amizades.

Cristina Cangussu e Bel Andrade felizes com a chegada ao topo
- Ouvir o exclamar de um homem de 66 anos (Antônio Leite), que correu como se fosse uma criança: - Isto é vida! Isto é vida!

Antônio Leite que após completar a subida, fez diversas descidas e subidas para ajudar o pessoal que vinha mais lento
 Até a próxima!



















Chico... antes e depois da limpeza de pele











Rubem ajudando Semíramis a completar a subida

















Deja no Posto De Hidratação - 1





































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