segunda-feira, 29 de outubro de 2012

3ª MARATONA PRAIAS DO LITORAL SUL


Na semana passada, em meio a uma conversa telefônica com Gigi (Gilmar Farias) a respeito da Ultra de Revezamento 300km, atentei para o fato de que no sábado, 27 de outubro,  aconteceria em Recife pelo terceiro ano consecutivo a Maratona Praias do Litoral Sul, organizada pelo Grupo ACORJA.


À frente do computador, enquanto seguíamos em nosso papo, efetuei uma pesquisa no preço dos vôos e, para minha surpresa, apesar de estar “em cima da hora”, na tela surgiram, em horários compatíveis com minhas obrigações laborais neste 2º turno das eleições, passagens promocionais que poderiam ser pagas com um crédito que eu tinha na Companhia Aérea.


“- Vou correr com vocês no sábado.”


A frase dita de supetão em princípio foi recebida por Gilmar como uma brincadeira, mas logo que, eufórico, passei a contar os detalhes ele compreendeu que a coisa era séria e disse que ia divulgar entre os demais participantes da corrida.
Além de ir conhecer pessoalmente, entre outros integrantes, o Gilmar Farias e o Presidente Lula Holanda, algumas coisas justificavam minha decisão: a participação numa corrida da ACORJA era uma espécie de pedido de desculpas por não poder estar em dezembro na Ultra de Revezamento organizada por eles; os 42,2k serviriam também como treino para as 24h de Campinas.

Mas o motivo mais determinante para minha “inscrição” na 3ª Maratona das Praias era a possibilidade de me divertir numa corrida (que, sem querer soar pretensioso, é feita em moldes parecidos com os eventos do Salvador Pró-Maratona) sem o peso de ter de organizá-la.

Não poderia ter sido melhor. Essa foi a impressão que restou destas poucas horas na Capital pernambucana.

Na sexta à noite fui apanhado por Lula e sua esposa, que me levaram a um barzinho próximo para desfrutar de umas comidas / bebidas típicas e a conversa franca e alegre do Presidente rimavam perfeitamente com todas as impressões que já me haviam passado a seu respeito.

com Gilmar e o  Presidente Lula 
 Mais tarde chegou Gilmar, que ensina numa cidade próxima, mas assim que deixou a Faculdade manteve contato para nos localizar e vir ao nosso encontro. Após tanta conversa via telefone nos últimos meses, quando o Gigi chegou nem parecia que era a primeira vez que nos víamos.

Lula com a camisa do Salvador Pró-Maratona
Por volta das 23:00 era deixado de volta no Hotel. No dia seguinte a largada seria às 4:00 e, incentivado pelos dois, fui dormir aquelas poucas horas sabendo que não mais iria acompanhá-los na prova (como era meu plano) e sim correr para tentar vencê-la.

A CORRIDA
De carona com Gilmar, cheguei no Parque da Jaqueira às 3:30 da manhã e a muvuca já estava formada. Segundo eles teríamos 49 participantes e parece que boa parte já estava ali enchendo as ruas com aquela alegria boa costuma emanar do reencontro de pessoas que tem em comum uma mesma paixão.


Reconheci entre a galera muitos corredores que já avistara em outras provas e, embora super atarefado, o Presidente Lula fez questão de me apresentar ao pessoal que ele julgava ter o ritmo mais próximo do meu.


Às 4:20, após ouvirmos as explicações do Presidente a respeito do percurso e da sistemática dos postos móveis de hidratação, foi dada a largada. 


Iniciando a corrida em ritmo tranquilo, deixei-me ser ultrapassado por todos para tentar fazer fotos, malgrado a escuridão que ainda tomava conta do dia, e só depois, ainda fotografando, vi que dois blocos de corredores já se destacavam lá na frente em ritmo que, absolutamente, não era de longão.


Apertando o passo alcancei o primeiro bloco (com 05 corredores), dei uma respirada, algumas clicadas e tornei a apertar o passo para chegar ao pelotão da frente.

Assim que alcancei os três primeiros colocados notei que o negócio era sério, ninguém dava um pio e o ritmo, desconfiei, estava abaixo de 4:30/km.


O dia amanhecia rápido e um sol que despontava sem fazer cerimônias tingia de tons alaranjados a belíssima Veneza Brasileira.

O pessoal ia em silêncio, mas como não sei correr mudo, vez por outra fazia uma observação, uma pergunta e logo descobri que ali na frente estava gente que, apesar da idade (todos acima dos 50) fazia 10km abaixo  dos 40.

Ao ouvir um bip no Garmim de um dos atletas, perguntei-lhe e fui informado que já havíamos percorrido 9km. Meu relógio marcava 40 minutos de corrida o que confirmava a suspeita que o ritmo era mesmo de prova oficial.

Apesar de estar fazendo longão em cima de longão, desde Porto Alegre em junho (3h03) que não saía para uma Maratona em ritmo tão rápido e não estava muito certo de que aguentaria aquela batida (que previa completar os 42,2 em 3h e 09), mas resolvi guardar a máquina e me concentrar mais na competição.

Augusto Carlos de L. Brito (5º lugar nas 24 hs dos Fuzileiros Navais em 2012)
Por volta do km 12, Brito (atual campeão do Desafio 100 km do frio e que recentemente emplacou 192,8km na Ultra Maratona dos Fuzileiros Navais) desistiu de sustentar aquele ritmo e foi ficando para trás.

Bomba ao lado de Júlio em outro momento da prova
Em Boa viagem, perto do km 17 foi a vez de Bomba (que, segundo ele, corre 10km em 36’ e estava tentando sua primeira Maratona) ficar para trás e restamos lá na frente apenas Edilson e eu.

O Edilson Bigode, só mais tarde iria perceber (estava de bigode raspado), eu já conhecia dos 25k de Aracaju, em que ele impressionantemente corre na casa de 1h e 42, mas também nunca havia feito uma Maratona.

Edilson e o belíssimo visual da prova
Passamos a marca da meia com 1h34min50, já havia encaixado o ritmo e comecei realmente a gostar da brincadeira.

Os carros de apoio revezavam-se para fazer a hidratação e tudo estava muito a contento, com direito a água gelada, isotônico em saco de geladão e até carboidrato em gel.

Enquanto isso, na falta de batedores, ia seguindo Edilson Bigode, que conhecia o caminho, alternando vez por outra a posição com ele para ajudá-lo a manter o bom ritmo que estávamos desenvolvendo.

Filho de Bigode
Após o km 22, Edilson passou a receber (e eu por tabela) apoio do filho, que levava a bordo de sua bike um monte de coisas muito bem vindas naquela altura do campeonato (mel, gatorade, etc.).


Mantendo a pegada, atingimos o Km 32 com 2h e 24 minutos de corrida, entretanto, a partir dali o ritmo do parceiro de viagem começou a diminuir sensivelmente. Sem ver ninguém no retrovisor, decidi conservar-me junto a Edilson. A ideia era retribuir a força que vinha me dando com uma chegada lado a lado.

O ritmo diminuído, por volta do km 35, trouxe a “perigosa” aproximação do terceiro lugar e, dois quilômetros adiante, já ficava evidente para mim que naquele ritmo seríamos ultrapassados, então, um pouco triste com a mudança de plano, abandonei o “parceiro” exatamente na hora em que surgia uma enorme ladeira a ser vencida.

No km 40, enquanto pegava um copo d´água no carro de um dos anjos que nos deu apoio durante a prova, externei-lhe a preocupação de, agora que estava sozinho, errar o caminho, e fui orientado a seguir em frente e ficar de olho numa faixa que estaria postada na avenida indicando a direção.

A galera do apoio, entre eles Severino Henrique (o 1º da esquerda) que emplacou 180,8 km  nas 24hs dos F.N. 2012
Na dúvida, para ter certeza de que estava no caminho certo, percorri os últimos quilômetros de olho no pessoal que vinha atrás, e pude notar que como havia previsto Edilson havia caído para terceiro lugar.

Só quando avistei a faixa da ACORJA com uma seta indicando a rua que devia entrar é que finalmente pude me concentrar apenas em minha corrida. Nova seta, nova rua, outra faixa adiante e um monte de gente esperando (familiares de corredores) e, enfim, em primeiro lugar, cruzei a linha de chegada,  com o cronômetro marcando  03h 20m 36s.



Após a chegada do quinto lugar, retornei à estrada para dar uma força nos últimos quilômetros de Gilmar e do Presidente Lula.



Logo depois teve início um farto, diversificado e muito divertido café da manhã que se estendeu até perto do meio dia. Estas horas foram para mim o ponto alto da viagem. Com a sensação de dever cumprido todos exalavam felicidade e eu pude sentir na pele o que é fazer parte da família Acorjiana.

Após a confraternização fui deixado no Aeroporto e, na hora da despedida, o Presidente Lula ainda resolveu “aprontar” comigo, tirando do corpo a camisa da ACORJA que usara durante a Maratona para me presentear, recomendando no habitual tom zombeteiro de sempre que não a usasse antes de lavá-la.


A responsabilidade é muuuito grande, mas adorei o presente.

Até a próxima!!!

André Salgado em 2º 
Edilson (Bigode?) em 3º

Brito - 4º

Pâmela fechando o pódio em 5º lugar

Gilmar (www.fotocorridagilmar.blogspot.com) e Ricardo Dubeux (www.açãoeaventura.com.br)






domingo, 21 de outubro de 2012

20 VOLTAS NO DIQUE DO TORORÓ (52 KM)

Escultura de Orixás, Obra do Artista Plástico Tatti Moreno

Dando prosseguimento aos treinos para as 24h de Campinas, neste domingo fizemos mais um treino em circuito, e desta vez o local escolhido foi o Dique do Tororó.

O Dique é uma construção dos holandeses que habitaram Salvador a partir de 1624 e esteve por décadas abandonado, mas que em 1988 foi alvo de uma reurbanização que o transformou num dos mais belos cartões-postais da cidade.

Além da lagoa, o local tem raias para a prática de remo, deques para a pesca, piers para pequenas embarcações, um palco flutuante para a realização de shows, equipamentos de esporte e ginástica, playgrounds e, claro, o que mais nos interessa neste momento, uma pista de corrida com 2.600 metros de extensão.

Para o treino de hoje, apenas eu e Pataro faríamos as vinte voltas, não obstante espalhamos convites para que os amigos aparecessem por lá ainda que fosse para uma volta apenas.

Pataro, Ângela e eu
Por volta das 4:30, junto com Ângela (que foi para 10 voltas), já estávamos arrumando nosso arsenal hídrico (uma parte foi deixada ao lado da pista e outra no carro), que consistia em 07 litros de água congelada em saquinhos plásticos, 03 litros de maltodextrina e 03 coca-colas pequenas e, antes das 5:00, demos início a brincadeira.

O trânsito no entorno costuma ser fechado aos domingos para que as famílias possam desfrutar melhor ainda do espaço, mas ainda estava muito cedo.


As primeiras horas foram de total tranquilidade, de vez em quando passava algum corredor conhecido a caminho de Ondina, onde iria acontecer a Corrida da ASA, quando de repente o Dique começou a ser tomado por um batalhão de mulheres vestidas de rosa.

No intuito de conscientizar a população sobre o câncer de mama, o Movimento Outubro Rosa, que tem o objetivo de chamar a atenção das mulheres sobre a necessidade da realização do autoexame e da mamografia, iria realizar ali uma passeata.

Quando começaram a chegar os ambulantes, uma senhora armou sua barraca bem próximo ao local onde estávamos deixando nossas sacolas e isso nos deixou ainda mais tranquilos para continuar nossas passadas.

Do meio da galera do Outubro Rosa surgiu travestido de fotógrafo o amigo Samuel que, ao mesmo tempo que fazia uns registros nossos, foi logo esclarecendo que não viera para correr – outra causa o trouxera ali.



Vitório também apareceu por lá, justamente na hora em que Ângela completava suas dez voltas (26km) e ia nos deixar. Ficamos animados com a presença do novo integrante, mas como ele já estava vindo de longe ficou conosco (Pataro e eu) apenas até completarmos aquela volta.


Quando íamos iniciar nossa 13ª volta, finalmente chegou Gil (outro que também está treinando para as 24h de Campinas), acompanhado de sua esposa. A chuva que já havia caído ali no Dique estava mais forte em outros cantos da cidade e atrapalhara bastante sua viagem até o Tororó.


Aliás essa chuva já havia provocado mudanças nos planos desta manhã. Por sua causa ligara para a “tia Lalá” avisando que era melhor desistir da ideia de acordar os filhotes (Rafa e Luan) para trazê-los para brincar no Dique. Ainda bem que no dia anterior aproveitamos bastante o sol em Praia do Forte...

Praia do Forte no sábado
Na 17ª volta aconteceu algo bem engraçado (senta que lá vem estória...):
Um senhor, puxando outro pelo braço, dirigiu-se ao meu encontro e de uma forma meio aflita, provavelmente temendo atrapalhar nossa corrida, perguntou:
- “Quantas voltas? Quantas voltas?”
Meio confuso com a volta em que estávamos, recorri a Pataro e após breve conferência respondemos em uníssono: 17 voltas.
PQP! espantado, exclamou o senhor, enquanto seus olhos pareciam dizer ao amigo atado a ele: “eu não disse? eu não disse?”.

Angelina virando para procurar o capacete que caiu
 Outra que se espantou com o tempo que passamos por lá hoje foi a atleta cadeirante Angelina. Reencontramo-la exatamente em meio à vigésima volta e, embora retornasse da Corrida da Asa com um troféu a tira-colo, vinha bastante chateada com o fato de ter concorrido com homens naquela prova.

Fechando a vigésima volta
Concluída a vigésima volta, despedindo-nos de Gil que ainda faria mais 03 voltas para completar 10, Pataro e eu demos por encerrado nosso treino (52 km em 5h22 – tempo bruto) e voei para casa.


Boa semana!


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