TREINO FLUTUANTE

(Pinicão) Valdir, Adautro, Gil, eu, Alan e Chico 

Com a mesma estrutura de um fartlek – aceleração e recuperação numa distância e/ou tempo predeterminado – o grande diferencial do treino flutuante é a recuperação feita em ritmo forte.

É um ótimo trabalho para desenvolver resistência física e mental, na medida em que a oscilação constante nesse treino ensina o atleta a dar aquela respirada no meio de uma prova, sem, contudo, deixar despencar a velocidade.

Para o treino de hoje acordamos (Gil, eu e Chico) que faríamos 10km intercalando 1km forte com 1km “fraco” e, como referência, tomaríamos respectivamente nossos ritmos de meia maratona e maratona.

Às 5:00 já estávamos todos no Pinicão e antes de dar início aos exercícios educativos e fazer o fundamental aquecimento pré-treino/prova intensa, montamos um posto de hidratação (água gelada em saquinhos plásticos) bem ao lado da “pista”, que tem 500 metros de extensão.

Com o atual tempo de 1h24 em Meia e 3h03 em Maratona, minha missão hoje era tentar alternar um quilômetro abaixo de 4 minutos e outro (o fraco) abaixo de 4:20.

Pra variar, Chico, que chegou com aquela conversa mole de que ia correr no nosso ritmo e blá, blá, blá, já passou o primeiro quilômetro abaixo de 3’30 e por má influência (rs), quando vi estava completando meu primeiro quilômetro com 3’44.

Alertando Gil, que ia ao meu lado, sobre nossa passagem muito forte (gato escaldado tem medo de água fria e ainda não deu tempo de esquecer Jacobina), resolvi prestar mais atenção em meu relógio e deixar que o lépido Chico seguisse em voo solo.

Completava a décima volta (5km) quando Valdir apareceu e ficou à beira do “campo” incentivando-nos.

Durante as voltas vinha notando que Chico não estava fazendo mais flutuação alguma. Sorri. Ele já tinha outro estímulo e eu adivinhava o que era: dar um capote na gente.

Para os que não estão familiarizados com o termo, em “corridês”, “dar um capote” significa colocar uma volta em cima do “adversário” e mesmo entre amigos já vale umas boas gozações.

Quando Alan chegou e, aquecido, foi correr ao lado de Chico, senti que minha situação iria piorar. Pouco depois o pobre do Gil já estava sendo engolido por aquela espécie de locomotiva humana e meu destino certamente não seria diferente, não fosse a providencial ajuda de Adautro, que acabara de fazer seus tiros de 500 metros e viera “desaquecer” (naquele momento estava rodando na casa de 3’50/km) ao meu lado.

Em sua última volta Chico apertou o máximo que pode enquanto eu, para evitar a ultrapassagem, no melhor estilo Dick Vigarista, ziguezagueava em sua frente gritando que não queria levar capote. O negócio tava cômico.

Não é que faltando 100 metros o espírito do Dick passou para o outro lado?

Atrás de mim Chico gritou que não queria me dar capote, mas na hora que, inocente, acreditei na conversa e deixei-o emparelhar, o cara deu uma acelerada digna de meio-fundista levando-me a dar o maior sprint da vida para defender minha honra (rs).

Livre do capote, mantive o ritmo na última volta, fechando os 10km em 39’42. Chico havia cravado 37’52 e Gil, um pouco atrás, concluiu seu treino com 40’19.

Foi um treino duro, mas a felicidade de estar com o “dia ganho” antes das 6:30 da manhã deixa a gente parecendo criança. O riso fácil na resenha pós-treino não deixa nenhuma dúvida do quanto nos divertimos com nosso esporte.

Até a próxima!

Km fortes			Km fracos
1	03’44		2	04’06
3	03’58		4	04’09
5	03’58		6	04’08
7	03’55		8	04’04
9	03’52		10	03’44*

* lutando para fugir do capote