segunda-feira, 5 de março de 2012

MEIA MARATONA INTERNACIONAL DE SÃO PAULO 2012

Foto roubartilhada do FB da Fernanda Runner

Uma prova cheia de sobe e desce e infinitos cotovelos definitivamente não é o lugar mais apropriado para ir-se em busca de recorde pessoal. Alguns sites e revistas especializados já comentavam isso há alguns meses. Acontece que, inadvertidamente, viajei para São Paulo sem ler nenhuma destas notícias e somente durante o percurso é que vim conhecer a realidade da Meia Maratona Internacional de São Paulo.

Aquecido pelo trote que vinha fazendo desde a Avenida São João, onde estava hospedado, cheguei à Praça Charles Miller faltando menos de 10 minutos para o início da Largada Geral.
"Alguma coisa acontece no meu coração..."
No caminho já havia cruzado com a Elite Feminina, que passara por mim à toda enquanto eu dava um grito de apoio para Marily, que ia no meio do bloco.

Largar do Setor Vermelho, localizado logo atrás das Elites Masculina e Especial C, teoricamente, deveria ser uma garantia de “pista livre” pela frente, mas não foi bem assim. Nem era preciso olhar muito para constatar que o controle de entrada nas baias, se existiu, não foi eficiente. Ao meu redor era abundante o número de pessoas com pulseiras de cor diferente da exigida para estar ali, sem contar o equívoco de ter dentro daquele espaço (destinados a pessoas que correriam abaixo de 1h40) marcadores de ritmo com placa de 5’/km.

Sem muita cerimônia, pontualmente às 7:30 da manhã foi dada a Largada Geral e, apesar dos muitos zigue zague (e subidas na calçada) para desviar do pessoal que havia largado fora do seu setor, acabei partindo mais forte do que imaginara, cravando 03:39 na passagem pela placa de 1km.

O primeiro posto de água estava no Km 2, logo após uma curva e no início de uma íngreme ladeira que nos levaria ao Elevado Presidente Arthur Costa e Silva. Por cerca de 03 quilômetros estivemos no Minhocão e, logo que percebi que voltaríamos a correr nele no finalzinho da prova (estavam por lá também as placas de 17 e 18km), é que me dei conta de que aquela não seria uma prova fácil.


As muitas ladeiras do percurso, somadas às inúmeras curvas fechadas (como se pode ver no gráfico da prova), iam-se multiplicando e geravam uma oscilação incomum em minhas passagens a cada quilômetro.

Cometera o erro de não dar uma olhada prévia no mapa do percurso e, na busca por manter-me dentro da média pretendida, enquanto desenrolava-se a prova resolvi adotar a tática de forçar um pouco mais nas subidas para fazer as descidas com mais tranquilidade.

Uma verificada no relógio na passagem pelos quilômetros 10 (39’59) e 15 (01:00) indicava que apesar de toda oscilação estava conseguindo correr no pace pretendido (4’/km). Entretanto, a partir dali foram quase 03 km de aclive (retorno ao Minhocão) que fizeram, por mais que eu forçasse o ritmo, a média subir.

Enquanto subia o Minhocão tratei de me concentrar para alcançar logo o ponto de volta, colocaria nos 03 km finais (que seriam divididos entre a descida do Minhocão e uma reta na Av. Pacaembu) toda minha força de vontade para reequilibrar o pace, aumentando o ritmo já no Km 18, mas reservando um pouco de gás para, a partir do 19, “dar um tiro” de 2.000 metros (distância que venho treinando regularmente).

Cumpri o tiro (na verdade 2.100 metros) em 07’58, cruzando o pórtico de chegada quando o relógio marcava o tempo bruto na casa de 1:25. Apesar da curiosidade optei por somente olhar meu tempo quando estivesse ao telefone com a titia Lalá, minha namorada, no retorno ao Hotel.
                                                              fechando os 21,1 km
Independente de saber se havia conseguido um RP ou não saí de lá feliz pela prova, que, apesar de duríssima, fiz sempre dentro de um certo “conforto”.

Antigamente cada recorde pessoal me trazia à mente (em meio à alegria do momento da passagem pelo pórtico) um pensamento cheio de pavor: “a próxima vez terá que ser mais sofrida que isso”.

Hoje em dia a grande diferença quando estou correndo para superar tempo é que, paulatinamente, vou chegando neles sem precisar me matar. Mesmo no sprint final o esforço não foi tão grande e, às vezes, chego mesmo a duvidar se não estou sendo mole demais e o certo não seria correr com maior intensidade por mais tempo.

Antes de sair de lá conheci um casal de corredores que me pediu para fazer uma foto deles. Como não havia levado a minha máquina fotográfica aprovei a deixa e pedi-lhes que registrassem uma foto minha em frente ao Pacaembu e enviassem para meu e-mail.
foto gentilmente tirada e enviada por Ricardo Messias
De volta ao Hotel (ao telefone com a titia) finalmente descobri que havia conseguido um novo RP (1 minuto e 04 segundos menos) em Meia Maratona: 1h24min23

Há alguns anos atrás, mas precisamente em 2008, quando meus tempos nos 21,1 e 42,2 eram respectivamente 1h 34min e 3h 27min comecei a dizer para mim mesmo que meus objetivos nestas duas distâncias seriam 1:24 na Meia e correr abaixo de 3 horas a Maratona.

Naquela época nem tinha conhecimento de certa "teoria", comumente ouvida entre corredores, que para ser um "Sub -3h" é necessário ter pelo menos 1:25 na meia. 

04 anos de treinos constantes foram necessários para ir diluindo pelo caminho estes "seculares" 10 minutos. Devo muito deste progresso aos amigos que treinam comigo no dia-a-dia, a sempre presente "Tia" Lalá e a Marcelo Augusti (Mr. Running) que em todos estes anos, mais que treinos e planilhas, presenteou-me sempre com palavras de incentivo.


O fato é que a Meia Maratona deste domingo foi um ótimo treino para Maratona de Santiago, enchendo-me de confiança para trazer de lá um novo RP e quem sabe finalmente ingressar no seleto clube dos Sub -3h.


Deus esteja com todos!
JOSEPH KACHAPIN APERUMOI , MARILSON GOMES DOS SANTOS, PAULO ROBERTO ALMEIDA PAULA, STANLEI KIPCHIRCHIR KOECH e GIOVANI DOS SANTOS
PASALIA KIPKOECH CHEPKORIR, ERIKA ABRIL SUAREZ, CRUZ NONATA DA SILVA, SUELI PEREIRA SILVA e JACKLYNE CHEMWEK (Dessa vez,  infelizmente não deu para Marily que ficou em 6º lugar.


9 comentários:

  1. Parabéns!
    Como sempre digo: "O nosso limite é do tamanha da nossa força de vontade" e com determinação somos capazes de alcançar.
    Você é um exemplo disso e para nós corredores nomais ou anormais nos enchemos de coragem para que também possamos superar os nossos obstáculos.
    Rumo ao seu sub 3 nos 42 k.

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  2. Parabéns Roberto pelo record pessoal na maratona, deu pra perceber que você chegou muito bem, todos nós corredores sabemos que os records não brotam do chão, as conquistas são frutos de muita dedicação.

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  3. Parabéns Roberto, pelo RP e pela corrida. Você comenta sobre as baias e eu me pergunto se realmente elas existem a risca no Brasil, que não seja a da elite. Por que sinceramente de todas as corridas que fui, ainda que dissessem que havia baias, vi pulseiras misturadas e pouco as pessoas respeitarem. Claro que você tem um caminho muito maior que o meu e neste quesito deve saber.

    O que importa foi a bela corrida que fizestes.

    PARABÉNS!!! Quando comenta que nada sente, mesmo quando esta correndo melhor que antes, sabemos muito bem a que isso se deve. Ao seu esforço, disciplina e dedicação, estas sim são as causas para que cada vez mais você melhore.

    Boa semana!!

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  4. Sou sua fã! Que tempo lindo! Tenho certeza de que você vai bater seu recorde em Santiago, parabéns!

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  5. Roberto boa noite no Brasil os corredores precisam ainda ter muita educação é inadmissivel que isso venha acontecendo os organizadores também tem sua parcela de culpa eles colocam os corredores para largar por ritmo mas os corredores não respeitam e os fiscais nem estão aí...pois me lembro que na corrida bombom garoto no Espirito Santo em 2003 isso valeu o fiscal viu um corredor entrando no local dos corredores de elite e disse para o corredor se ele iria sair por bem ou por mal o corredor se ligou e saiu, já numa prova da Adidas ano passado que tive a felicidade de largar junto com os corredores de elite aqui no Rio muitos corredores pularam a grade da elite e largaram na elite e os fiscais não fizeram nada é um pena que isso aconteça...Bom se vc achou que teve muitos vai e vem e sobe e desce imagina na Maratona de SP é assim 2 vezes pior eu também corri esta maratona em 2004 e também não gostei. Mesmo vc achando esta prova dificil correndo os 21km para 1h24min vc mandou super bem campeão parabéns...Já que vc foi em Sp e vi vc falando da Fernanda vc conheceu ela? Pois ela é uma grande amiga que eu conheço também...Valeu Roberto boa sorte em Santiago.

    Boa semana e bons treinos,

    Jorge Cerqueira
    www.jmaratona.com

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  6. Parabéns meu caro!! Vc é um vencedor. Independente do RP alcançado, o prazer que vem acompanhando você enquanto corre em busca de suas conquista supera o "correr com maior intensidade por mais tempo".
    Isso sim é a zona de prazer tanto perseguida pelos corredores de alma.

    Sucesso!!!

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  7. Grande Roberto,

    Durante os treinos não percebemos o quanto evoluímos de verdade até conseguirmos alcançar os nossos objetivos e você certamente vem treinando com uma disciplina e comprometimento maiores do que qualquer outra pessoa que conheço.

    Parabéns pelo RP e depois de uma prova com tantas curvas e ladeiras, acredito que o RP na Maratona está garantido!!!

    Abs!

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  8. Olá, Jorge,
    Não conheci a Fernanda, até fiquei reparando para ver se a reconhecia no meio daquele povo todo. Realmente o negócio da baia é um problema a ser resolvido e para isso será preciso tanto uma fiscalização mais efetiva dos realizadores de prova quanto da educação dos participantes.
    Pessoal
    Fiquei realmente contente com o novo patamar alcançado. Sei que boa parte deste modesto sucesso devo a todos vocês que estão comigo no dia a dia, seja incentivando, correndo ou dando dicas ou simplesmente torcendo.
    Muito obrigado a todos.

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