sábado, 29 de outubro de 2011

ITACIMIRIM - IDA E VOLTA (DUATHLON SURPRESA)

Itacimirim: chegando nas canelas e voltando nos camelos
No começo desta semana, durante a madrugada, numa daquelas viradas de um lado para outro na cama, despertei assustado com a impressão de que havia ouvido vozes dentro do quarto. Com o coração disparado, mantendo os olhos fechados, permaneci o mais imóvel quanto me permitia o medo. Aos poucos, os sussurros foram se aclarando, e pude perceber que se tratavam de duas vozes distintas, das quais pude ainda acompanhar o seguinte diálogo antes de voltar a adormecer:
“- Foi por sua causa.
- Mas bem que você se beneficiou também.
- É verdade, admito, mas já não aguento mais. Será que ele não vai mais voltar?
- Não fala assim, ele nunca nos abandonou antes...
- “Férias, férias”, você é quem ficou enchendo o saco com isso.
- Eu sei, eu sei. Aliás, como poderia me esquecer se todo dia você me joga isso na “cara”?
- Pssss. Cuidado, acho que ele acordou...”

*   *   *

Talvez não fosse o mais indicado para quem havia “dado um tempo” nas corridas nos últimos 20 dias, mas o retorno aos trabalhos foi em grande estilo: Salvador-Itacimirim (50km), com direito a um bônus no final.

Às 5:30 da manhã, acompanhado dos amigos Pataro e Gil (também treinando para a prova de 24 horas de Campinas), fomos deixados no Aeroporto (Km 0 da Estrada do Coco) pela Titia Lalá.
De um modo geral todos nós estávamos meio fora de ritmo e seguimos nossos passos da forma que o corpo ditava, como sempre, claro, no maior “converseiro”.
 
A cada km que avançávamos eu agradecia a Deus por estar me sentindo bem e readquirindo a confiança que andava abalada por conta das dores sentidas nas últimas corridas.

Em Barra do Jacuípe (Km 30) enquanto Pataro e Gil entravam num Posto de Gasolina buscando banheiro e água, por receio de parar e sentir algum desconforto, avisei-lhes que seguiria num passo tranquilo aguardando que eles me alcançassem.

Mesmo num passo miúdo, nos próximos 12 km só mantive contato com os dois via celular. Ora eu ligava abusando “Vocês vão ficar aí pra sempre... rs” ora, eles me ligavam brincando também “rapaz, que passo tranquilo é esse..rs”.

saindo do Posto em Guarajuba
No km 42, após aproveitar a dianteira e entrar no Posto de Gasolina em Guarajuba para comprar coca-cola, água e gatorade para repor nossos cintos/mochila de hidratação reencontrei os amigos.

Os últimos 8km fizemos lado a lado no famoso bate-papo da galera e, com 5:40 de corrida (incluindo as paradas para foto, banheiros, compras de alimentos e hidratação), atingimos Itacimirim, onde nos aguardavam, na casa do amigo Antônio (a quem devemos muito pela possibilidade da aventura deste dia), nossos meios de transporte da volta, sobre os quais Pataro não fazia a menor idéia.
Senta que lá vem estória...

Com pouco tempo de corrida, durante a Maratona de Porto Alegre, conheci Jefferson Pataro. A afinidade revelada no prazer em correr longas distâncias acabou por nos aproximar e logo-logo nos tornamos amigos e parceiros de empreitadas.

Pois bem. Nestes anos todos de amizade, toda vez que conto algum passeio/viagem de bike ele diz que também gostaria de fazer parte de um desses passeios, mas nunca conseguimos efetivar a tal pedalada.

Quem leu o último post pode ver que na semana passada fui pedalando com Rodrigo para Itacimirim. Ao mesmo tempo em que fazíamos nosso passeio, também estava “aprontando” uma surpresa para Pataro.

Na terça-feira, dando prosseguimento ao plano, foi a vez de Gil ir pedalando até lá para deixar sua bike.

Resumo: À exceção de Pataro, que pensava que voltaríamos de ônibus, todo mundo sabia que nosso retorno seria feito de bike.

DUATHLON SURPRESA
No intuito de ir preparando o psicológico de Pataro, de vez em quando, durante os 50km da ida, o “ameaçávamos” com mais duas horas de treino na areia fofa da praia após nossa chegada a Itacimirim para completar o treino das 24 horas.

A gente ria muito por causa da resposta dele: “Cê tá maluco?” e, cochichando, fazíamos nossa apostas: Será que o cara vai topar?

Assim que chegamos, abri a porta de casa e fui tirando a primeira bike. Pataro, caindo em si, foi logo exclamando: “Tem três bicicletas aí dentro, né?”

Para nossa alegria, não só topou como vibrou com a possibilidade de continuar o treino retornando a Salvador em cima de uma bike.

Por volta do meio dia, após uns 40 minutos em que aproveitamos para “destruir” um lanche que havia deixado na geladeira e tomarmos uma chuveirada no fundo do quintal, dando sequência ao nosso treino, iniciamos nossa pedalada de volta.

A VOLTA
Das três bicicletas à disposição, Pataro optou por voltar na Caloi 10 de Rodrigo; levou algum tempo para adaptar-se (até porque nunca havia pedalado na pista), mas logo-logo estava deslizando feliz pela estrada, não obstante as cãibras que vinha enfrentando desde que havia parado em Itacimirim.

À altura de Barra do Jacuípe fomos surpreendidos pela aparição de Rodrigo que, contando com nossa presença no trecho, pedalara na direção contrária até nos encontrar e dar meia volta para seguirmos juntos até Salvador, onde voltaria a nos deixar na Paralela.
Quase na chegada do Pedágio em Jauá (36km pedalados), num momento em que já se encontrava bastante integrado com a bike, infelizmente, nosso novel ciclista de estrada perdeu o controle e, após várias tentativas em vão de evitar a queda, foi ao chão, ganhando de nós (os mais experientes em quedas) os gritos, cuidados e brincadeiras de consolação pela estreia no asfalto que lhe rendeu algumas raladuras, graças a Deus, sem maiores consequências (“coisa de menino”) como fez questão de afirmar o próprio Pataro.
alguns segundos antes da queda
Pouco tempo após a queda ele viria a ter um breve momento de desorientação (muito semelhante ao ocorrido com o amigo Cristiano durante a doublhe marathon 84). Talvez resultado da soma de horas de treino e muito sol, mas nada que umas paçoquitas e uns jatos de água gelado na cabeça não pudessem resolver. Coisas de Ultra.

Chegamos a Stella Maris (55km) com 2:35 pedaladas (nada mal para um iniciante após uma corrida de 50km) e, apesar das cãibras e raladuras, Pataro, num gesto generoso de quem queria diminuir nosso mal estar (meu e de Gil) pelo seu acidente, festejou gritando que havia sido o melhor treino da vida dele.

É claro que teria sido melhor sem o acidente, mas com certeza foi um daqueles dias inesquecíveis. 08 horas e 15 minutos, 105km (50 a pé, 55 de bike), que só fazem aumentar ainda mais a sensação de irmandade que existe entre a gente.

Se tudo der certo, na próxima quarta teremos surpresa.

O DIA SEGUINTE
Como diria uma certa personagem de Chico Anysio: “eu não sei mentir”.  Hoje acordei bem quebradinho (já falei acima que o treino de ontem talvez não fosse o mais indicado após tanto dias de férias) então, para dar uma recuperada, resolvi sair com o vizinho Fernando (Pombo) para pedalar um pouco antes de ir fazer um trote com Alan e Carlinhos que estavam correndo nas Dunas da Lagoa de Dois Dois.

Por falar em acordar, durante a noite quase não dormi direito, tal era a barulhenta festa feita por meus dois joelhos, que, aparentemente embriagados de prazer, sem se preocupar com a possibilidade de serem descobertos, não paravam de gritar: “100 por cento, 100 por cento, 100 por cento”. Graças a Deus!

Bom Domingo!
missão cumprida

7 comentários:

  1. Treinos como estes vão fazendo com que o desafio de enfrentar maratonas sejam apenas um treinamento.
    Parabéns a todos!
    As corridas de longas distâncias são mais prazerosas e aos poucos vou buscando adaptar o meu organismo.
    Espero em breve poder está num nível mais próximo dos de vocês para poder participar desses momentos que não tem preço.
    Domingo passado embora não estivesse me inscrito na Corrida da Asa, sai de onde moro correndo até Ondina e participei com os amigos fazendo o percurso.
    Grande abraço a todos.

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  2. Salve imaozinho

    Aqui nao eh disneylandia e eu nao sou o pateta. Heheheheh

    Mesmio assim foi bom participar de parte do. Batismo de pataro... e foi completo mesmo hein....:)
    As "travadas" de pataro. E a intromissao "solidaria" do DA BANANA PRA ELE DA BANANA PRA ELE tbm foram engracadas

    Fica aqui o parabens aos amigos pela aventura completada - em especial pra pataro pela estreia e por nao abrir mao de completar o desafio....


    Mais uma vez grato ao irmazozinho por nao falar sobre as minha videocassetadas:D. Mas aqui nao eh xou da xuxa


    Abracos a todos
    Rodrigo

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  3. Roberto,
    Vejo que você gosta de grandes desafios.
    Estamos organizando uma ultramaratona de revezamento de 300km (Aracaju x Maceió) e gostaríamos de convidar a sua equipe para participar dessa corrida.
    Veja mais detalhes no meu blog:
    http://fotocorridagilmar.blogspot.com/2011/10/ultramaratona-aracaju-x-maceio-2011.html
    Gilmar Farias - ACORJA
    Recife - Pernambuco
    081 9168 9134
    gilmarfarias@br.inter.net

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  4. Poxa parabéns a todos. E que contato com natureza perfeito...belas fotos Roberto. Como prometido vc fez esta surpresa mesmo a seu amigo, ainda bem que ele topa tudo.

    Muito massa!!! Adoro passar por aqui e contemplar suas aventuras.

    Abs

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  5. Valeu Roberto!
    Excelente apronto para as 24h de Campinas.
    Vocês me ajudaram muito pra completar este desafio. Você, Gil e Rodrigo.
    Agora para o próximo, me informe pelo menos o tempo que estaremos em atividade, para mim preparar mentalmente.
    Um abraço
    Pataro

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  6. Olá Pessoal!
    É como já disse lá no texto, apesar do acidente foi realmente um dia divertido e um bom treino para as 24 horas economizando as articulações nas mais de 2 horas de bike.
    O revezamento de Aracaju a Maceió partindo do mesmo ponto de chegada do Desafio de Salvador a Aracaju (salvadoraracajucorrendo.blogspot.com) despertou-me interesse logo que ouvi falar mas infelizmente choca com a prova de 24 horas de Campinas, agradeço o convite Gilmar.
    Abraços a todos e obrigado pelos comentários!

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  7. Que loucura foi essa, 50 km correndo, 55 de bike em um só dia, isso só os ultramaratonistas conseguen.itacimirim é meu quintal de treinamento, moro em Barra do Pojuca.

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