100 KM DO FRIO - DE GARANHUNS A CARUARU - COM A ACORJA

Após os difíceis dias de julho, agosto não poderia começar melhor. Na companhia dos melhores ultramaratonistas do Nordeste, fazendo dupla com Pataro, realizei o sonho de participar na prova mais charmosa da ACORJA que acontece no agreste pernambucano.

Inspirada na Comrades, a rainha das Ultramaratonas, a corrida que se desenrola entre Garanhuns e Caruaru é uma grande festa. Não existem postos de hidratação, cada equipe cuida do seu atleta e este formato aumenta ainda mais a cumplicidade entre os participantes.

Foto by Maivan Fernandes

No sobe e desce das inúmeras ladeiras existentes no percurso, a competitividade vai sendo ultrapassada pelo companheirismo, pela integração entre as equipes, pelo entendimento que, independentemente da modalidade escolhida: solo, dupla ou quarteto, o desafio de cada um deve ser valorizado e comemorado.

Em sua quarta edição, o Desafio do Frio chegou a 228 atletas  (22 solos, 15 duplas e 44 quartetos) oriundos do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia.

Largada dos 15 heróis do solo

A galera do 100 full larga às 4h da manhã, o restante do grupo começa sua viagem às 6h. Este intervalo é ótimo, principalmente, para a galera solo, que no meio da manhã começa a ser ultrapassado pelas equipes de dupla/quarteto e vai tendo companhia praticamente até a linha de chegada.

Ontem no treino até Olinda com Flávio Rosal um dos back to back

Como na corrida africana, a cada ano o sentido da prova é invertido (Garanhuns-Caruaru nos ímpares, Caruaru-Garanhuns nos pares), há inclusive a premiação especial "Back to Back" para os atletas que fazem os 100k solo em dois anos consecutivos.

PRF dando apoio na prova

A edição de 2016 já tem data: 06 de agosto (sábado). A Acorja pretende limitar a inscrição a 300 vagas e, como o sucesso da prova aumenta a cada ano (o apoio da Polícia Rodoviária Federal é algo que influencia muito nisto), sugiro à galera que fique de olho na abertura da inscrição para que possa viver esta ótima experiência de corrida/amizade no próximo ano.

CORRENDO EM DUPLA

O regulamento exige que cada integrante da dupla faça os seus 50k alternando com o parceiro, ou seja, obrigatoriamente, Um corre 25k depois passa para o carro enquanto o outro faz seus 25k. 

Gilmar Farias conduzindo o Congresso Técnico

No Congresso Técnico, toda vez que um desavisado lança a pergunta: "Mas por que não fazer os 50 direto?", em poucos segundos ouve-se a resposta de Gilmar Farias (prenhe de certo sádico prazer), um dos organizadores da prova:  "Porque é mais fácil e a gente quer que seja o mais difícil possível".

Durante os treinos já sabíamos (Pataro e eu) como era complicado realizar o segundo trecho após as paradas, mas chegamos a Garanhuns nos sentindo bem preparados com os treinos receitados por Marcelo Augusti e parece que não decepcionamos o Mestre.

Do 0 ao 25 

Pontualmente às 6h foi dada a largada e coube a mim o primeiro trecho.

Após um primeiro quilômetro em ritmo tranquilo, encaixei, para meu espanto, um ritmo mais forte que o da última Maratona. 

Não esperava ir tão forte, sobretudo por conta das ameaçadoras ladeiras, mas a coisa fluiu,  corria feliz e sem preocupação com o segundo trecho. Como era bom poder estar ali.

Quando me dei conta já estava avistando a placa dos 25k. À minha frente apenas dois atletas (um de quarteto e outro de dupla). 

Com 1h e 48 minutos, em 2º lugar nas duplas, entreguei o "bastão" a Pataro e tomei seu lugar ao volante do carro para iniciar o apoio ao amigo.

Do 25 ao 50 

Com a alegria costumeira, Pataro voou. Eu tinha certeza de que o clima da prova era sua cara e que ele iria adorar. Já havia contado das provas da ACORJA, mas só estando ali para entender de verdade. O cara que tá dando apoio a um concorrente seu é o mesmo que te incentiva quando você passa, oferece hidração, comida, etc.

Na agitação do entra no carro, dirige, para kms à frente, sai do carro para entregar algo, logo chegou a placa dos 50k. 

O incrível tempo do amigo (1h e 53') passou tão rápido que houve um momento em que fiquei dividido entre comemorar o aumento da vantagem sobre a equipe que vinha em terceiro lugar e a preocupação de já ter de voltar às pistas sem me sentir pronto.

Do 50 ao 75

O ritmo era outro, a sensação de sofrimento chegou, mas o cronômetro até que não refletia tanto isso. No trecho considerado menos difícil, conseguia manter um pace abaixo de 5'.

Fui ultrapassado por duas pessoas de quarteto que iniciavam seu dia ali no 50k. Quando surgiu um terceiro atleta, felizmente também integrante de quarteto, resolvi me esforçar para seguir por mais tempo possível em seu ritmo.

Deu certo, por alguns minutos baixei para 4'30/km, ao tempo em que o enjoo me deixava e conseguia ingerir um carboidrato em gel. Sentindo-me melhor fiz logo, questão de avisar ao assombrado Pataro que não iria morrer. A cada água ou alimento entregue o cara me desejava um "Deus te proteja".

No final queria apertar um pouco para liberar o amigo mais cedo para seu segundo trecho, mas nem o relevo nem as forças me permitiam e foi super importante a força que ele me passou nestes momentos, dizendo para ir tranquilo.

Administrando do jeito que dava (2h 07'), com muita felicidade enxerguei a placa do 75. Vai com Deus, amigo.

Do 75 ao 100 

Novo retorno ao carro. Já era quase meio dia e o clima que havia ajudado até ali, agora começava a esquentar. Comprei mais água, entrei numa churrascaria para pegar um pedaço de carne para o amigo e fui parando com intervalos menores.

Fotos by MAIVAN FERNANDES - 4º TRECHO

O cara deu show de novo. Por duas vezes fiz um monitoramento da Jaguar (dupla composta pelos excelentes Edilson Bigode e Augusto Brito) e vi que estávamos com pouco menos de 2k de dianteira, mas o raciocínio é lógico, não tava fácil pra ninguém e sabia que a defesa de nosso vice-campeonato estava em boas pernas e cabeça.

Com 08 horas e 07 minutos de prova alcançamos a linha de chegada na Faculdade Maurício de Nassau em Caruaru. 

Não foi a vitória que pretendia dedicar à minha mãe (falecida apenas quinze dias antes), mas naquele momento a lembrança de D. Floripes enchia-me de emoção e agradeci a Deus pelo resultado e pelo tempo que me concedeu ao seu lado.

Com D. Floripes no dia das mães

"O amor alcança o espírito onde ele estiver".

Com Marcondes esperando a premiação

A premiação marcada para 18h nos dava um tempo de descanso no Hotel. Estávamos felizes e satisfeitos com nosso dia.

Lula de Holanda

MAIS DA PROVA E DO PASSEIO EM RECIFE COM MEUS TRÊS FILHOS

Chegada do Vencedor e novo recordista da prova solo: INÁCIO SANTOS com 10h e 02 minutos

Flávio Rosal - que fará as 24hs dos Fuzileiro Navais no Rio de Janeiro neste final deste mês

Eduardo Crá-Crá Back to Back na Comrades 2015

O casal Almir e Pâmela

Com Guga Loyde na premiação

EM RECIFE/OLINDA/ITAMARACÁ

                                                Vídeot tocando "Manchas" para o criador Plínio Varjão

Com a Acorja indo para Olinda

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Rafa com o goleiro Jeferson

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Rafa, meu pai e Luan