sábado, 31 de dezembro de 2022

2ª SÃO SILVESTRE BEACH - 15K NA AREIA FOFA

Marli, Pataro, Val, Ramon, Artur, Naldo, Sérgio, Davi, Lourenço, Carlos Alberto, Su, Vitório, Lalá, Manoel, Ivan Hostil, Josenilton e Wellington

 

E para se despedir de 2022, pelo segundo ano consecutivo, foi realizado o treino solidário e competitivo no circuito da Beach Cross.

Os 15 km de areia fofa, além de se encaixarem como treino perfeito nesse período de base, transformaram-se numa excelente oportunidade para juntar a turma e  ajudar o Lar Luna,  Abrigo para idosos, situado na Boca da Mata/Faz. Grande IV.



Orientado pela Instituição, a "moeda de pagamento de inscrição" de nossa São Silvestre ficou sendo fraldas geriátricas, que foram entregues logo após o encerramento do evento.

Pataro



Muito obrigado a todos que participaram correndo e/ou doando.

Pódio geral masculino

Graças a Deus, sempre!




pódio geral feminino
























Feliz ano novo!
Happy new year!
Feliz año nuevo!
Gott nytt år!
С Новым годом!
Laimīgu Jauno gadu!
Content nouvelle année!
Glückliches neues Jahr!
Gelukkig Nieuwjaar!
з Новим роком!
Felicxan Novan Jaron!

sábado, 17 de dezembro de 2022

DESAFIO DELTA DO PARNAÍBA - ULTRA 2022 (14K + 50K)

Realizada há uma semana, a 4ª edição do Desafio Delta do Parnaíba - Ultra, prova no formato multiday race, foi muito mais um evento esportivo.

Senta que lá vem estória...

NASCE UM DESEJO

No final do ano passado tomei conhecimento do Desafio Delta do Parnaíba através da super campeã Alanna Kécia, com sua animadora apresentação:

- Cada ano é pior... mas é uma prova belíssima, com uma organização impecável, vale muito você conhecê-la.

 Allana, (tetra-campeã da competição)  "metendo" dança, pouco depois de correr e vencer os 50k 

Buscando informações com Rodrigues (amigo que havia acabado de participar do nosso Projeto Capitais Nordestinas em Maratonas) recebi novamente a informação de que era uma prova imperdível e que a galera ludovicense desceria em peso para o Delta.

Apaixonado pelo piso onde majoritariamente se desenrolaria a prova (dunas, areia fofa, areia de praia, manguezais, rios), as fotos do evento só ajudavam a aguçar ainda mais o desejo de ir brincar no Piauí.

As imagens desta postagem foram gentilmente cedidas pela Organização/Adrena Photos

Pois bem, o copo já estava cheio, mas seu transbordamento mesmo se deu quando conheci Luciano Uchôa, o líder da organização do Desafio Delta do Parnaíba.

Luciano no Porto das Barcas (entrega de kit, cerimônias de premiação, show e kit)

Em um cenário desafiador (independente da distância principal escolhida: 17k, 30k ou 50k), a prova, como Uchôa bem diria noutro momento, “poderia ser anunciada de várias maneiras, afinal, o Delta do Parnaíba seria palco de um evento inédito, de alta envergadura e logística ultracomplexa, dignas das grandes provas espalhadas pelo mundo”. No entanto, o que ele incansavelmente “vendia” eram as possibilidades de correr no terceiro maior delta oceânico do mundo, em paragens a que nem mesmo os turistas tinham acesso, a valorização da arte regional / local, a integração entre as comunidades e entre seus habitantes e os atletas.


Gota d´água, admiração instantânea, esse enfoque na experiência cultural, sensorial, geográfica, emotiva, o Desafio Delta do Parnaíba - Ultra ganhara meu coração.

A INSCRIÇÃO

Creio, se não estiver sendo traído pela memória, que é a primeira vez que falarei aqui nesse blog sob o momento da inscrição, mas como esta postagem porventura poderá ajudar corredores que pretendam participar das próximas edições da competição, registremos o alerta.

Entre o sentimento de “quero isto pra mim” e o “agora tô dentro” passaram-se meses.

Providencialmente (naquela conversa inicial com Allana) fui informado que as inscrições acabavam super-rápido, pois a Organização, de forma conscientemente ecológica, disponibilizava apenas cerca de 400 vagas.

Alanna, entre a rapaziada, para vencer também o prólogo de 14km da Pedra do Sal ao Porto dos Tatus


No dia marcado para a abertura das inscrições, pasmem, em 15 minutos atingiu-se 100% da capacidade!

Estar com o “dedo no gatilho” foi parte fundamental nesse caminho para transformação do sonho em realidade.

Mais adiante precisaríamos enviar um Atestado Médico assinado por um Cardiologista, mas essa já é uma etapa comumente vista em provas deste quilate.



A PREPARAÇÃO

Toda pessoa sempre é a marca das lições diárias de outras tantas pessoas” - Gonzaguinha

Com Manoel, Naldo, Lourenço, Pataro e Josenilton numa das  simulações de prova

Antes de seguirmos para a narrativa da prova em si, é preciso fazer uma justa homenagem a todos os amigos que fizeram parte dessa preparação, aquela turma que, mesmo sem ter em seu horizonte competitivo uma prova semelhante, sempre faz questão de ajudar, brincar, acompanhar e experimentar as coisas, treinos e circuito que, como dizia minha mãe, “estuciamos”.


Nas Dunas em  Salvador - treino solidário despedida com a boa energia dos amigos

Ninguém chega a lugar algum sozinho. Agradecer sempre a Deus, ao Mestre Marcelo Augusti e a todo bom pensamento.

A VIAGEM

Após muita lives e postagens da Organização, deixei Salvador decidido a desfrutar ao máximo o Desafio Delta do Parnaíba - Ultra.

Explico: inscrito na distância de 50 km da prova principal, que se realizaria no sábado pela manhã nas Ilhas Canárias, tínhamos (os atletas de todas as distâncias) a possibilidade de também participar da prova de 14 km, dos quais 8 km eram de Dunas, nomeada de Prólogo, que ocorreria no fim do dia da quinta-feira, na ilha Grande de Santa Isabel.

Prólogo - largada 17h  - possiblidade de ver pôr de sol e nascer da lua cheia na mesma prova

A etapa não era obrigatória, mas teria premiação (geral e categoria) específica na sexta-feira, dia reservado também para recovery com fisioterapeutas e briefing da prova principal.

Corredor competitivo, meu primeiro raciocínio foi guardar-me para a prova principal, mas novamente fui contagiado de maneira decisiva pela emoção transmitida pelo apaixonado Uchôa.

Cisco Risco Teresina - performances em meio às Dunas

O horário de largada, marcado para as 17h, não foi mero acaso. A intenção da Organização era proporcionar aos atletas a incrível experiência de, numa mesma prova, ver o pôr do sol e a lua cheia, esta com previsão de nascer às 18h20, aquele se despedindo, em sua viagem para o oeste, às 17h40.

Para completar, na mesma noite seríamos agraciados com o Festival Delta Jazz, onde finalmente poderíamos rever o ídolo Mestrinho, além de conhecer os maravilhosos Sandro Haick e Jazz no Fole.

Sandro Haick e Mestrinho.

Não era um “deixar de lado a competitividade”, mas também não dava para abrir mão de tantas possibilidades por conta dela.

Queremos tudo!” Foi assim que chegamos à simpática cidade de Parnaíba.

AS COMPETIÇÕES

Prólogo: Ilha Grande – 14 km



De carona com o casal Sebastião e Sônia, atletas que também estavam hospedados na Pousada Beira Rio, após a Ponte Simplício Dias, no Porto das Barcas (local onde ocorreriam a entrega dos kits e as premiações) tomamos a direção da Praia da Pedra do Sal, famosa pelo seu belíssimo pôr do sol.

o casal maranhense Sebastião e Sônia

Às 17h, na hora programada (com a louvável precisão que ocorreu em toda a diversa e complexa programação do Desafio), após uma apresentação local com músicas da Axé Music, partimos atrás do carro-madrinha que nos levaria por cerca de 1 km até a saída do asfalto, quando só então poderíamos ultrapassá-lo e iniciar a competição que findaria no Porto dos Tatus.

Na teoria, nosso carro-madrinha deveria fazer esse trecho a 10 km/h (pace 6'/km). Crédulo, programei-me para usar esse primeiro quilômetro como aquecimento e posicionei-me tranquilamente aguardando a largada.



Quando me dei conta, a “supermáquina” já estava bem adiantada, e mesmo correndo a 4'10/km não conseguia diminuir a distância para os ponteiros.

Turma da ponta passado por Enaldo Freire e seu sax


Contando uns 30 atletas à frente, entrei no trecho de praia que levava à estrada das eólicas. Ali, primeira surpresa das muitas que viriam pela frente, o som do sax de Enaldo Freire preenchia e compunha o belo cenário daquele final de tarde.



Na entrada das Dunas, por volta do km 4,5, tirando dos pés o tênis, paulatinamente fui melhorando a colocação.

Levantando areia depois de uma breve parada para "xaxar" com a banda  Torca Regional

No sobe e desce das montanhas de areia, íamos nos deliciando com as inusitadas aparições de artistas do Circo Risco de Teresina, bem como do delicioso forró do excelente Grupo Torca Regional (não resisti a uma breve parada para um xaxado em círculo).



Tudo isso dourado por um inesquecível pôr de sol, rente às dunas a nossa frente, como se fosse um portal, pórtico da nossa chegada.

Um olho nas belezas, outro na competição, na passagem pela marca de 11 km, com o aproximar dos quilômetros finais da prova, já entendia que não conseguiria alcançar os ponteiros, que seguiam muito à frente.

Pedro Henrique seguindo com passos firmes para a vitória masculina no Próloogo

Apesar de não ser a prova principal, não estava nos planos poupar esforços naquela etapa. Verdadeiramente, acreditava que poderia brigar um pouco mais na frente, mas devido às circunstâncias, a partir dali comecei a pensar nos 50k, que aconteceriam dali a cerca de 36h.

Foi bem por esse momento que percebi a aproximação de um atleta. Fora da briga pelo pódio geral, com uma pouco usual olhada para trás, rapidamente conferi que não era nenhum “velhinho” (rs).


Lucas Lima levantando "poeira"

Em breve já estaria no habitual “converseiro” com Lucas Lima, atleta que me alcançara e estava brigando na categoria 30/39. Juntos fomos até o momento em que, aproveitando o último monte de areia antes de entrar na cidade, sentei-me para devolver aos pés os tênis.

Em ritmo forte e guiados pelos staffs logo cruzaria, em 8º lugar geral (campeão da categoria 50/59), o pórtico de chegada.


Ali reencontrei Lucas, que se desculpava por não haver me esperado para fazermos juntos os metros finais. O sentimento de camaradagem, iniciado durante a competição, naquele momento, com aquele gesto cavalheiro, ganhava um upgrade..


A cada chegada a festa ia aumentando e a resenha do carro-madrinha necessitando de uma revisão no velocímetro nos provocou boas risadas.

Com as meninas voadoras Tatyana (MA), Alanna (CE), Drica e Norma (PI)

Para os que chegaram na frente não houve tempo de ver a lua cheia nas Dunas. A grande maioria, porém (350 atletas correram o Prólogo), pode desfrutar do plenilúnio, bem como de uma queima de fogos naquela mágica noite na Ilha Grande de Santa Isabel.

Com Lucas e Wernek

Prolongar a estada naquele local tão cheio de energia seria a coisa mais natural do mundo, mas a lembrança do show de Mestrinho & Cia fez-me lembrar que precisava arranjar uma forma de retorno a Parnaíba, 11 km distante dali, para saborear o Delta Jazz Festival.

No hotel, já de saída para a Marina Velho Monge, reencontrei Sebastião e sua esposa. Ambos “reclamando” por terem ficados em 4º lugar em suas faixas etárias e, desta forma, fora do pódio, do que acabariam se “redimindo” nos 17k da prova principal.

Poucos atletas foram curtir o show, mas a VM Marina Club estava lotada.


Com Mestrinho

Sem vaga para sentar e ser atendido com algo que alimentasse o corpo, encontramos um cantinho (coincidentemente perto da mesa onde estava a turma da Torca Regional) e ali, alma refestelada, deixamo-nos ficar até o soar dos últimos acordes.

Principal: Etapa das Canárias – 50 km



Deixamos a deserta cidade de Parnaíba às 4h45 da manhã.

Porto das Barcas e a ponte Simplício Dias da Silva

Ancorado no Porto dos Tatus, o Catamarã Camaleão aguardava os atletas dos 50 k para partir em sua viagem de cerca de 50 minutos até a Ilha das Canárias.



Em nosso destino, fomos alegremente recebidos por uma banda local.

Viagem de barco, recepção festiva numa comunidade... a lembrança da Jungle Marathon foi inevitável.

Em breve seríamos levados para o pórtico de largada, onde o carro-madrinha (desta vez um quadriciclo) sairia novamente por cerca de 1 km sem que pudéssemos ultrapassá-lo.

Ressabiados com a experiência no Prólogo, tratamos de seguir mais de perto o pelotão dianteiro. Ao soar a buzina do “agora é pra valer”, nosso carro-madrinha postou-se à margem da estrada.

Naquele mundaréu de areia fofa, antes mesmo de completar o segundo quilômetro, o velho tênis já havia saído dos pés para a frente da mochila.

Familiarizado com a turma devido à convivência desde a quinta-feira, já reconhecia, entre os aproximadamente 9 atletas que seguiam à minha frente, fortes candidatos à vitória.

Na chegada ao primeiro posto de hidratação (km 9,7) fui avisado que apenas um corredor passara por ali antes.

Somente quando estava chegando ao segundo posto de hidratação (km 18,5) é que fui avistar o atleta que seguia à frente, mas nem deu tempo de comemorar, num relance, reconheci, a aproximar-se, Lucas Lima.

Deixando o local de hidratação e controle antes dos dois atletas, liderei a prova por cerca de 1 quilômetro.



Nas Dunas do Morro do Meio, Lucas me alcançaria. Ali, após uns instantes de hesitação, primeira e única vez em todo o evento, avistei as bandeiras de orientação. Trocadas algumas palavras de incentivo mútuo, lentamente o amigo foi se afastando.

Alternando areia e vegetação nativa (gramínea e plantas rasteiras), alcançávamos uma lagoa em que a água estava batendo no peito, um irresistível convite a banhar-se durante a passagem.



Na altura do km 28 atingíamos a Barra do Caiçara, onde nos aguardava um canoeiro, que nos levaria até a outra margem.



Enquanto fazia a travessia, seguindo o plano traçado, finalmente devolvi aos pés os tênis retirados no começo da prova.

Deixando a canoa com os tênis nos pés


Não era um bom momento, perceberia logo depois. Contava com a areia dura da maré baixa dali até o final da prova, mas até sair do rio e alcançar a praia ainda havia uma distância considerável.


Para piorar as coisas, 02 atletas acabavam de atravessar a Barra do Caiçara.

Durou uma eternidade até chegar à beira-mar. Dali, a ordem era seguir em frente até o final.

Em teoria, chegáramos à parte “mais fácil” da prova, porém uma ventania ensurdecedora, vinda em sentido contrário, logo nos traria de volta à realidade.

Breve eu seria alcançado por um dos atletas que acabaram de atravessar o rio. “Vamos, Grande!” – falou Elton (descobriria seu nome depois). Não lembrando de tê-lo visto antes, devolvi o educado cumprimento.

Elton Lima - que viria a ser o vencedor dos 50k 

Por cerca de 2 km peguei carona com ele que, pés descalços, seguia em excelente ritmo, a despeito do vento sem tréguas.

Mais que tentar conservar a segunda colocação, naquele momento em que surgia a ameaça de ficar fora do pódio geral, meu objetivo era abrir uma dianteira do atleta que vinha na 4ª colocação.

Logo Elton começou a sumir lá na frente. Suas passadas consistentes fizeram-me crer (o que se confirmaria depois) que ele ainda poderia vencer a prova.

Mantendo a terceira colocação, alcancei o posto de hidratação (km 35).

Enquanto repunha água nas garrafas, aproveitei para dar uma olhada e saber se estava sendo seguido de perto. Entretanto, a mistura com a turma dos 30 k tornava muito difícil a missão de identificar “o inimigo”.

Buscando correr da forma mais concentrada possível, pensava um quilômetro de cada vez.

A nova meta era manter a dianteira até o km 41, último PC antes do pórtico de chegada, o que consegui, verdadeiramente lutando para não ceder à tentação de ouvir a canção do vento, que parecia dizer “pra que tanta pressa, pra que tanta pressa” (rs).

Ali reencontrei a Fisioterapeuta Lorena, com quem havia feito o recovery após a chegada da prova da quinta à noite.

Lorena e sua equipe de fisioterapeutas - na viagem de barco junto com os atletas

Enquanto me ajudava com a reposição de água e um gole de refrigerante, Lorena, como que inspirada, avisou: “Cuidado com o mangue, é bem perigoso lá e pode machucar os pés”.

45, 46, 47... a Odisseia estava chegando ao fim.





Correndo entre os 03 primeiros desde o km 8, era hora de dar o máximo para não arriscar “a morte na praia”. Então, lá se foram os tênis para a frente da mochila de novo.


Como que num passe de mágica, surgiu à nossa frente um emaranhado de raízes na areia da praia, um mangue à beira mar: A Floresta Encantada!

Quase que de forma imediata, julguei ter visto Lucas em meio ao mangue. Na resenha do banho de rio descobriria que havia sido ele mesmo: “Rapaz, ia já meio quebrado, conversando com um amigo, quando olhei pra trás e vi você. O susto foi tão grande que cheguei correndo abaixo de 5’/km”.


Com 5h e 29 minutos, feliz com a vitória alcançada, cruzei, em terceiro lugar geral, o pórtico de chegada.

Pódio masculino Geral: Elton Lima, Lucas Lima e Roberto Encarnação

Com esse tempo nos 50 k, na soma dos resultados das duas provas (14k + 50k), tive o privilégio de sair do Piauí como vice-campeão geral do DesafioDelta do Parnaíba – Ultra.

Na Premiação Geral do Desafio -  com Elton (6h43) eu (6h46)  e Marquezan (7h03)

VALEU MUITO A PENA

Com leveza, alegria e eficiência, os organizadores do Desafio Delta do Parnaíba entregaram tudo que prometeram. Um evento pra ficar gravado para sempre nos corações de todos os atores envolvidos nesses 03 dias inesquecíveis!


Axé!









Fotos do retorno via Paracuru






outras fotos do prólogo Ilha Grande de Santa Isabel












Um pouco mais do 50k...