Porto de Sauípe - ponto de transição |
O treino deste final de semana, atendendo pedido de Rubem, amigo e parceiro desta empreitada de combinar pedal e corrida num só dia, foi concebido de forma que ficássemos pelo menos um dia fora de Salvador, e assim, mais uma vez o 4:1 nos levou para a estrada.
“Só
não queria voltar pra casa no sábado, o resto pode escolher que eu topo”.
Frases
deste tipo, além de demonstrar confiança, fazem crescer ainda mais a
responsabilidade na escolha do destino e montagem da logística, mas, justiça
seja feita, o cara não é de muita frescura não, o que facilita e muito a
missão.
A
distância pretendida é já bastante simbólica, 90km de pedal + 21km de corrida. Não
fosse pela ausência da danada da natação (quem sabe 2015?), em vez destes
números nossa planilha poderia conter apenas a sonora inscrição: Meio Iron-Man.
Porto
de Sauípe, na Linha Verde, surgiu como destino natural para a etapa do
ciclismo. Tendo vivido bastante naquele paraíso nos anos 90 poderia contar com
alguns dos meus amigos e parentes que vivem ou veraneiam por lá para deixar a
bike sem perder muito tempo na transição.
Mas,
e depois? Correr a meia-maratona para que lado? Dois lugares magníficos
martelaram minha cabeça durante toda a semana, havia sondado Rubem e sabia que
ele ainda não conhecia nenhum dos dois.
O
destino Diogo, via Praia de Santo Antônio (o outro vou guardar na manga rs), só
veio a consolidar-se na quinta à noite, quando falava ao telefone com Bruno sobre a Corrida Circuitos
da Folia (assunto do próximo post) e descobri que ele também estaria com sua
família em Porto neste final de semana.
E
o Bruno foi logo taxativo:
-
Vocês ficam lá em casa.
Eu
sabia que no sábado (antes de viajar) ele e o pai também fariam seus longões,
mas fui logo impondo uma condição:
-
Fico, mas domingo de manhã o regenerativo é todo mundo junto.
-
Ótimo, tem um lugar no condomínio que estou louco para explorar, mas não fui
ainda.
Estava
batido o martelo.
Sábado:
Às
4:15 da manhã, em ritmo de aquecimento, saímos de Cajazeiras e, com 10km
pedalados, fizemos uma parada no Km 0 da Estrada do Coco.
A
concentração no ritmo é muito importante, sabemos que quanto mais cedo
chegarmos ao nosso destino, menos sol enfrentaremos durante a corrida depois.
Rubem passando em Barra do Jacuípe |
Durante
o pedal tivemos a sorte de topar em dois momentos com vários ciclistas e triatletas
treinando na Linha Verde.
Não
sem algum esforço, afinal de contas meu esquema de cicloturismo é bem mais light,
deu para pegar “umas rodas” e houve algumas dessas brincadeiras cheguei a ficar
por mais de 20km, o que sem dúvida deu um grande up em nosso ritmo.
Com
apenas uma breve parada em Imbassaí para repor água e gatorade chegamos a Porto
de Sauípe antes das 9:00 horas da manhã.
Ali
me aguardava a amiga Aline, que gentilmente cedeu espaço em seu Salão de Beleza para
as bicicletas.
Sai
capacete e luva, entra mochila de hidratação e logo estávamos prontos para
seguir.
Visivelmente
impressionada com nossa disposição, Aline perguntava:
-
Vocês não estão cansados não?
-
A gente tá com cara de cansado?
-
Não.
-
É que disfarçamos bem (rs).
O
4:1 não é competição. Então o que chamamos transição não é nenhum espetáculo de
velocidade, do tipo troca de pneus na Fórmula 1. A gente já aprendeu que o
negócio é sair aos poucos e logo o ritmo encaixa.
Recentemente
a data de encerramento do Projeto foi mudada para 25/05/2014, quando
pretendemos chegar a Mangue Seco com a combinação 180km pedal + 42km corrida.
Tome-lhe simbolismo, esta é a mesma data do Ironman em Floripa e, se tudo der
certo, chegaremos lá faltando inserir “apenas” os aterrorizantes (no meu caso)
3,8km de natação para dali a um ano também ser um de Homem de Ferro.
Vejo
o Rubem com muito menos temor e, portanto, mais chance de realizar pela dupla
este sonho.
Com
5km estávamos de volta à Linha Verde. O caminho agora era no sentido inverso e
seguíamos como se estivéssemos voltando para Salvador.
passando em frente ao Complexo de Sauípe |
Antes de sairmos da estrada para acessarmos a Praia de Santo Antônio teríamos ainda cerca de 10km na BA. Não havia nenhuma parada programada, esperávamos concluir os 21km por volta das 11 e meia, mas como resistir a um lugar vendendo água de coco na beira da estrada chamado “Barraca do Rubem”?
Havíamos passado ali de bike sem notar. O que prova a teoria de que quanto mais lenta é a viagem mais a vivenciamos. Quem passa de aquário (de carro) com certeza vê menos ainda.
Mesmo
sem ganhar nenhum desconto pela “xaracidade” caímos na água, o que não era
nenhum sacrifício para quem já estava há quase 7 horas em atividade.
1km
à frente saímos da estrada e tudo tomou outros ares. Logo que pisamos na
estrada de barro batido, como por encanto o sol diminuiu e uma brisa fresca
vinda do mar fazia verdadeiras carícias no corpo antes castigado pelo calor.
Diante
de nós, num caminho que só podia ser mais um presente de Deus à nossa
determinação de deixar nossas casas ainda na escuridão para cumprir nosso
treino, um céu azul de tom alucinantemente belo, contrastava com o verde dos
coqueirais e o branco das dunas.
Logo
chegamos à Vila de Santo Antônio e seguimos para fazer nosso encontro com o mar.
De lá nosso caminho ainda nos faria passar pelas Dunas e por um rio super
convidativo antes de chegar a Diogo.
Banho
no rio a menos de 1km da chegada e a cabeça fervilhando de ideias, a gente
sempre quer dividir com as pessoas que gosta estes lugares e sensações, eu já
sabia como e onde seria nosso regenerativo no dia seguinte.
Nosso
ponto final não poderia ser mais gostoso. Restaurante Sombra da Mangueira,
Aratu, Polvo e muita limonada. A gente tava merecendo.
Esperando o polvo |
Domingo
O REGENERATIVO
8,6 KM
Bruno
tinha até outros planos para o regenerativo do domingo, mas não resistiu a
nossos elogios ao percurso descoberto no dia anterior e resolveu apostar nele.
8,6 KM
Edmundo, eu, Rubem e Bruno prontos para o regenerativo |
A
logística era simples: sair de carro até o Diogo, estacionar no Sombra da
Mangueira, correr em direção à saída para a Linha Verde, seguir na estadual até
chegar à entrada que leva à Praia de Santo Antônio, seguir até a Vila e a
Praia, atravessar as Dunas, passar no Rio e finalizar em Diogo, onde o carro
estava estacionado.
Em
ritmo tranquilo, isso deu 8,6km de muita diversão. É sempre muito bom correr
com Bruno e Edmundo (seu pai), que dá a todos uma verdadeira lição de amor à
vida.
Agradeço-lhes
a confiança, a companhia e a estada em seu lar.
Faltam as fotos, para podermos realmente ter dimensao de como é belo o trajeto que fizemos. Sem nenhuma duvida, foi uma otima opcao, a adesao a este percurso. Vamos repeti-lo com certeza, e obrigado pela oportunidade de estarmos mais uma vez desfrutando de suas historias, e companhia. Da próxima vez, nos estruturaremos melhor para recebe-los.
ResponderExcluirO fim de semana foi especial com voce e Rubens conozco.
Valeu
Bruno Fraga
Bruno,
ResponderExcluirVocê comentou um post em construção...rs. As fotos já estão aí. Muito obrigado novamente por tudo. Agora é corrermos atrás fazer acontecer a IV Corrida Circuitos da Folia daqui a um mês.
Abraços!
Espero em breve poder participar de um desses passeios.
ResponderExcluirA Corrida da Folia vem aí e desta vez você não escapa.
ExcluirAbraços!
Maravilha, meu caro Roberto! Mais uma vez você "arrasou" no relato e nas fotos! Uma beleza. Parabéns! Deu até vontade de participar, naturalmente só no último dia e também desfrutar das companhias dos amigos Edmundo e Bruno. Se Deus quiser estaremos todos juntos no IV Corrida Circuitos da Folia. Um abraço.
ResponderExcluirAmâncio,
ExcluirQuase ligo para você aparecer no domingo, mas em breve podemos montar este treino de novo e encher de gente lá. Estaremos sim, se Deus quiser, na IV Corrida Circuitos da Folia.
Abraço!
Roberto,
ResponderExcluirAcho que agora você encontrou o parceiro perfeito. Adorei a frase de largada e da "xaracidade".
Saudade de vocês!
Gilmar
Gilmar,
ExcluirTambém temos saudades suas e o Rubem realmente é um cabra bom de parceria.
Abraços!
Lugar lindo para treino. E um bom duatlon.
ResponderExcluirBj e boa semana
Boa semana, Ivone.
ExcluirVamos retornar às corridas na Folia?
Beijo.
Roberto,
ResponderExcluirUma coisa é certa. Você é o culpado!
Sabe o que significa essa "brincadeira 4:1" na minha vida? É renascer com a sabedoria de entender que sonhar e realizar é um caminho simples e gostoso de percorrer, um fardo leve! Estou muito motivado, e cheio de força para seguir firme e determinado em todos os meus objetivos de vida. Como de praxe, lê o relato da "nossa brincadeira" não foi difícil, dificuldade foi segurar as lagrimas de emoção, pois, hoje tenho certeza absoluta que sou capaz de realizar o que antes classificava como o impossível de realizar. Valeu irmão!!!
No aguardo da próxima "brincadeira" de criança, pedalar e correr!
Rubem Fernandes
1. Rubem,
ResponderExcluirIdealizei o 4:1 com a idéia de atrair gente da bike para as corridas e vice-versa.
De antemão sabia que não seria fácil encontrar pessoas com tempo e, principalmente, disposição e vontade para dedicar as horas necessárias a este empreendimento, mas tinha certeza, por todos estes anos de cicloturismo, que a coisa ficaria muito prazerosa à medida que fôssemos aumentando as cargas.
Uma parte deste prazer está ligado diretamente ao entender e sentir que praticando qualquer que seja o esporte de forma paulatina e regular o corpo e a mente fatalmente fortalecer-se-ão.
Por isto começamos com 20 de pedal para 5 de corrida, acessível para qualquer um que já tivesse algum conhecimento de um destes esportes. (Parece que já faz tanto tempo, né?).
A outra coisa em que apostei quando vendi o 4:1 era justamente poder fazer viagens com ele. Todo mundo que pedala ou corre sabe a diferença entre fazer vários kms num mesmo lugar ou sair por aí e chegar em outro canto. Este outro canto nem precisa ser uma outra cidade, pode ser ir à praia, chegar no trabalho, na casa dos seus pais, sabemos como isso nos enche de felicidade.
Lá no começo (pode ir olhar), já dizia: com o passar do tempo e o aumentar das distâncias, o 4:1 ficará mais interessante pois poderemos montar pequenas viagens com ele.
Sabe lá quantas pessoas podem ter sido afetadas por estes lugares onde passamos? Não prego, não tento convencer, nem converter, cada um encontrará seu caminho, mas inúmeras vezes em minha vida, muitas delas até alguns meses, anos depois, ouvi, feliz, estórias de pessoas dizendo: "Depois daquele dia, daqueles causos, comecei a andar, comecei a correr, comecei a pedalar, etc.
Você veio, ficou e o projeto de meu virou nosso. Como disse Gilmar, encontrei o parceiro ideal. Queria movimentar mais gente - mas quantos podemos estar movimentando sem que saibamos - estaria fazendo sozinho se ninguém tivesse aderido - mas é muito bom estar dividindo estes destinos com você e saber o quanto isso está representando. Só me resta agradecer a Deus por mais isso.
E quer saber de uma coisa? Vamos deixar de frescura, que para dois cascas-grossas, brabo e nordestino ( sem falar em meu parentesco com Lampião) como nós isso não pega bem.
Valeu!
Caro Roberto, gostei do relato.
ResponderExcluirCorrida e bike são duas coisas que gosto bastante.
Minha bike nova está clamando por giros... :-)
Abraços e parabéns novamente.
Ricardo
Valeu, Ricardo!
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