sábado, 2 de novembro de 2019

VICE-CAMPEÃO SOLO NO DESAFIO DOS FARÓIS 2019


E veio enfim o final de semana do Desafio dos Faróis 2019...

A despeito de carregar na bagagem a responsabilidade de quem estava partindo para uma das principais provas-alvo desse segundo semestre, a expectativa de diversão e beleza dessa viagem a Natal excedia, em muito, seu lado competitivo.

Não era pra menos. Havia sido paixão à primeira vista e, desde que fiquei sabendo da corrida que se desenrolava em 53km de areia pelo belo litoral norte potiguar, vinha sonhando com esse momento.

Antônio que correu solo no ano passado e nos apresentou a prova

Com justo orgulho, João Moreno Clares, criador e organizador do Desafio (que, além dos 53km solo, também tem a opção de 63km de revezamento), assim a descreve:

"O Desafio dos Faróis é uma corrida rústica em superfície de areia, englobando diversas praias do paradisíaco litoral norte. O título da prova é uma homenagem aos 04 faróis situados no percurso: Farol de São Roque, Farol Tereza Pança, Farol do Rio do Fogo e Farol do Calcanhar (o maior do Brasil)...

..belezas naturais, como Falésias, Dunas, Lagoas, Rios, Maceiós e Oceano os esperam no Caminho".

Trio misto baiano: Rose, Antonio e Manoel - terceira colocação
Se o destino enchia-me de brilho os olhos, a turma com quem dividiria esses dias não os fazia menos reluzentes. Era outra ótima expectativa saber que estaria na companhia dos amigos Manoel, Rose e Antônio, trio misto que, só para adiantar um pouco a história, festejaria no pódio o terceiro lugar obtido no Revezamento 63km.

QUINTA-FEIRA (O Congresso Técnico)

Moreno na abertura do Congresso Técnico
Aterrissamos no novo aeroporto de Natal (inaugurado na época da Copa do Mundo), e que ficou muuuuuito distante da Capital, no município de São Gonçalo do Amarante.

À nossa espera, Seu Antônio, que já estava na cidade há alguns dias, e Bernardo, seu amigo e anfitrião. 

Dali partimos direto para a Atlanta Jeep (principal patrocinador da prova), onde às 18:30 começaria a mirar a prova com olhos de quem ainda pretendia "bolar" uma fórmula para um possível suporte no dia D.

Após recebermos um conjunto enxuto de informações (aliás, muito boa sacada essa de fazer o briefing dois dias antes do evento, e assim não comprometer as valiosas horas de sono da véspera da competição), fomos agraciados com um coffee breake.


Josias Paulo - segunda colocação no sexteto

Foi nesse momento que ouvi alguém me chamando, era o ultramaratonista Josias Paulo, um dos atletas do Clube de Atletismo do Rio Grande do Norte, cujo técnico é o brilhante Marcos Gomes da Silva, o qual, diga-se de passagem, naquele momento estava na França representando o pais no Mundial de 24 horas, com  Gustavo Medeiros, outro amigo e adversário do CARN.

Gustavo Medeiros e o Prof. Marcos Gomes

Josias foi logo me apresentando a outros atletas-solo, e assim que descobri que ele iria "apenas" fazer parte de um sexteto (uma vez que estava focado na Maratona de Curitiba, que acontecerá agora em novembro), senti que começava a achar o caminho de uma possível ajuda, e assim, tornar ainda mais competitiva minha participação no Desafio dos Faróis.

SEXTA-FEIRA (véspera da corrida)

Morro do Careca - Praia de Ponta Negra
Após uma boa noite de sono, hospedados em Ponta Negra e tendo a oportunidade de correr numa paisagem de cartão-postal como o Morro do Careca, é claro que não poderia faltar nosso tradicional treino de soltura de véspera de prova.


Mal o dia amanhecera e, ao lado de Manoel, Antonio e Bernardo, já estávamos desfrutando da energia incrível daquele lugar. 

Com Antônio, Manoel, Bernardo com os "meninos" Thor e Iara
Enquanto acelerávamos, lamentávamos apenas o fato de nossa amiga Rose não estar ali conosco. Por conta do trabalho, ela não conseguira viajar no dia anterior e só chegaria à tarde.

O dia passou suave e no comecinho da noite já estávamos todos em Maxaranguape...

Consultor Manoel trabalhando na piscina. Acaba não, mundão.
Conseguimos uma pousada exatamente ao lado da largada dos atletas-solo, a 10km da largada do revezamento. Ali também seria o local do primeiro posto de troca, onde seu Antonio, que estava listado como segundo atleta a correr, tomaria a pulseira de Rose para seguir adiante.

Outra coisa elogiável da competição foi a alternância dos corredores que iriam fazê-la em trio. Em vez de cada um correr 21km e entregar definitivamente para o outro, eles foram se revezando nos mesmos postos do sexteto, ou seja, o primeiro atleta fazia os trechos 1 e 4; o segundo, o 2 e o 5; e o terceiro, o 3º e o 6º e último trecho.

SÁBADO (a corrida)


Com uns 10 minutos de atraso, em parte causado pela altura inesperada da maré, simultaneamente (cada um no seu quadrado) foram dadas as largadas dos 63km de revezamento e dos 53km solo.

Quase no apagar das luzes da noite passada havia resolvido tirar a metade do peso da mochila e pedi aos meninos que a levassem para Josias, que prometeu me entregar no posto em Zumbi (altura em que estaria com 27km de corrida).


Largar mais leve fazia aumentar as esperanças de uma boa prova, no entanto, optei por uma largada conservadora.

Passados alguns quilômetros e a euforia geral da largada, encaixei-me num segundo pelotão (que estava com 4 corredores) de onde pude acompanhar a briga ferrenha dos três primeiros colocados lá na frente.

Um esticada ali, uma neutralizada acolá... Do meu "camarote" comecei a entender que poderia beneficiar-me daquela prematura disputa. Para tanto, precisava fazer meu dever de casa, que naquele momento era me destacar do pelotão em que vinha.
Os líderes  José, João e Jaílson (e um pontinho rosa lá atrás que sou eu, rs)
Sem aumentar demasiadamente o ritmo, logo estava ouvindo apenas o som do mar e dos meus próprios passos, e dessa forma atingi a marca dos 10km na 4ª colocação.

Todo corredor sabe que essa posição de meio de caminho, nem lá, nem cá, é bem perigosa. Era hora de subir "um tom" e tentar chegar o mais rápido possível nos líderes.

Nessa toada, com 1h 13' atingia Maracajaú, primeiro posto de registro do chip.

Marcação feita, parti imediatamente com destino a Zumbi. Lá na frente o pelotão já se dissolvera e no meu campo de visão restavam apenas dois atletas. Não demorou muito e, numa passagem de rio (km 16), consegui fazer a ultrapassagem que me deixava na terceira colocação geral da prova.


Apesar de relativamente perto do atleta seguinte, a próxima ultrapassagem só aconteceria na marca da meia-maratona (1h 43').

Com 2h e 13 minutos alcançava Zumbi (km 27,6), e enquanto me aproximava da tenda de cronometragem, buscava encontrar com os olhos alguém que estivesse com o saco onde estavam os itens de hidratação deixados para a segunda metade da prova. Cheguei mesmo a levantar a mão quando vi um homem descendo como se viesse em minha direção, porém era alarme falso. 

Tratando logo de esquecer, pedi um garrafa d'água ao pessoal da organização (no que fui atendido gentilmente) e voltei para o mar de areia. O próximo posto estava a exatos 10 km, quem sabe por lá? 

Bernardo tocando o barco rumo ao Farol do Calcanhar
De todo jeito, no caminho fui fazendo um inventário do que ainda tinha na mochila e dei início a um racionamento de água. O plano B já estava em ação e, como eram menores "as próximas pernas", seguia firme na crença que, se pudesse contar com mais 1 garrafa d'água em cada posto, dava para continuar na briga.

Em meio a esses pensamentos, eis que, num trecho desértico, quando faltavam 2 quilômetros para chegar em Perobas, surge correndo na areia Josias. Pronto! a corrida estava salva (rs). 

O plano C surgiu exatamente no momento em que o amigo (que já completara seu trecho), ao me reconhecer, fez meia-volta e disparou na direção do seu carro, onde o material estava guardado.

Valeu sexteto  Marcos Gomes Assessoria Esportiva - Obrigado pela ajuda

Antes que ele voltasse a alcançar-me (competitivo, o próprio Josias mandou-me seguir em frente) fui tirando o resto das coisas para os bolsos da bermuda e, recusando parte dos itens que estavam na sacola, entreguei-lhe minha mochila. Afinal, àquela altura, restavam a percorrer pouco menos de 20km para atingir o Farol do Calcanhar.

Em Perobas, novo registro e aquela olhadinha para o lado contrário na saída para ver se tinha alguém muito próximo (não havia) para, sem perder tempo, rumar para Touros.

Correndo mais livre, o posto de troca em Touros não demorou a chegar. Naquele momento já havia percorrido 47 quilômetros. Passara a marca da maratona com 3h 33', e minha última esperança de avistar ao longe o líder da prova, Jaílson Vieira da Silva (também atleta do CARN) seria o trecho final, onde torcia para encontrar a areia fofa e vento contra tão comentado na edição do ano passado do Desafio dos Faróis.
Atleta Flaviano Ribeiro
Mesmo não parecendo que encontraria tal situação (a maré estava mais baixa este ano), numa última cartada retirei o tênis, deixando-o em Touros, onde o reencontrei após o fina da prova.

A única coisa que ganhei com essa opção foi umas bolhas provocada pela areia quente, porque quando avistei a linha de chegada, Jaílson já tomando massagem há "horas" rs.


Feliz com o segundo lugar, tratei de atravessar e seguir o mesmo caminho do campeão.




Pouco tempo depois chegaria José Isael da Silva (o corredor que havia passado no km 21) completando assim o pódio geral masculino do Desafio dos Faróis 2019.


Muito obrigado sempre, Prof. Marcelo Augusti
Alguns banhos de chuveiro depois, Rose e Antônio chegavam com o carro, dali a instantes, para completar a festa baiana em solo (arenoso) potiguar, chegaria Manoel, fechando em alto estilo os 63 km do trio.


missões cumpridas
Moreno tinha toda razão. Havíamos corrido pelo paraíso.



Até a próxima!






Finalizando o dia com o pôr-de-sol de São Miguel do Gostoso (Praia de Tourinhos)
De volta a Salvador...


Segunda-feira de manhã - Pilates com a Professora Marina


Participação na excelente brincadeira do Prof. Maurício  - De Stella ao Barbalho - 22 km de boas energias e uma feijoada para lá de gostosa

5h 30/55km -pontapé inicial dos treinos em circuito  visando a prova noturna de 12 horas do final do mês
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Los chicos








8 comentários:

  1. O sorriso de Joãozinho fechando esse belo relato me fez navegar por outros mares, mas voltando à prova, à viagem e a delícia de estar esses dias em companhias de vocês, me trouxe também a sensação de missão honrosamente cumprida...rsrs
    As imagens de cada trecho percorrido, de cada canto por onde passamos, dos lugares onde hospedamos não me deixam desconectar dessa experiência linda, que já desejo vivê-la no próximo ano.
    Obrigada Roberto pelo estímulo, por apostar nesse trio (juro que tive medo de não conseguir), por toda estrutura que sempre se ocupa para que tudo seja perfeito, dentro das possibilidades.
    Até os novos desafios, companheiro!

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    1. Rose,
      Joãozinho é mesmo um presente de Deus! As fotos aí não conseguem dar toda a dimensão de quanta beleza percorremos. Fiquei aguardando a divulgação no site da prova mas não deu mais para esperar e fiz a postagem com o que já existia (assim que sairem as fotos vou buscar acrescentar aqui e divulgo). Quanto ao trio, não foi nenhuma aposta, à sua maneira, todos estão prontos para fazer o melhor, e sobretudo se divertir, enquanto dá conta do recado. Você com certeza foi peça fundamental nessa conquista.

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  2. Show Roberto!! Vou tentar me programar para 2020 tentar fazer está linda prova!! Parabéns pelo relato... brilhante!!

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  3. Vele muito à pena. Boa organização e belíssimo trajeto.

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  4. Parabéns guerreiros prova dificil e linda e pelo seu cometario ótimo isso ai, e são merecedor pelas conquista.vanuza Lins

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