Em
tudo, e antes de tudo, dai graças a Deus.
Porém
não há como negar que o Prof. Marcelo Augusti consegue tirar leite de pedra. E
quando a gente leva em consideração que "a pedra" em questão, começou
a correr quando já beirava os 40 anos, aí que fica mesmo evidente o quanto de agradecimento
lhe devo por todos esses 10 anos de orientação na arte de correr.
A primeira
edição da Corrida das Dunas, realizada no último domingo, sob a excelente
organização de Weider Polha e Eduardo Varoli, não podia ter acontecido em
momento mais oportuno.
Explico...
Há nove
anos, dois eventos, que virariam enormes paixões, entraram em minha vida: A
Beach Cross, prova mais “fofa” do calendário baiano de atletismo, e a festa do
corredor-folião-solidário denominada, Circuitos da Folia.
Sagrando-me
campeão em 2013, e figurando, por sete anos consecutivos, entre os primeiros do
ranking, a Beach Cross, competição que ocorre na areia fofa (piso de minha
preferência), e que se desenrola entre as praias de Jardim de Alah e Boca do
Rio, é uma daquelas provas que sempre terei no coração.
Fotos de 2016 (faltam aí os 2017 e 2018). |
Já a Circuitos
da Folia (que a grosso modo, trata-se de um trote em ritmo carnavalesco,
embalados por uma bike-trio, que segue pelos circuitos do carnaval, espalhando
alegria e música), é aquele sonho que virou realidade. Uma brincadeira anual que
começou com 06 pessoas, e hoje em dia, reúne mais de uma centena de amigos, “correndo
e cantando juntos”, movidos pela solidariedade.
Pois
bem, há anos que chego em dezembro vivendo a angústia da divulgação do
Calendário da Federação Baiana de Atletismo, Sempre rezando para que não ocorra
o choque das duas paixões...
Saiu a
programação 2019 da FBA, e pude enfim respirar aliviado. A Beach Cross estava marcada
para o dia 03 de fevereiro, bem longe da Circuitos da Folia que ocorrerá no dia
24.
Entretanto,
estranhando a demora na abertura das Inscrições, liguei em busca de informações,
e descobri aquilo que tanto temia: a prova havia sido adiada para a mesma data
da Folia.
Foi uma
notícia complicada para muitos, pois estender o período de base por mais 03
semanas, pode comprometer a periodização de quem tem competições longas mais
próximas.
A
Sentença final fora dada... e a difícil decisão tomada: Atual vice-campeão da
prova, não iria poder defender a “hegemonia” dos últimos sete anos.
Aí reluziu
a Corrida das Dunas. Prova também em areia, apenas uma semana após a data que
seria a Beach (data perfeita para marco final do período de base), e por assim
dizer, no quintal de casa.
Como
disse lá em cima... não poderia ser em momento mais oportuno.
A
CORRIDA
Com Pataro e Josué (Foguetinho) |
Cheguei
à linha de largada, consciente que poderia fazer uma boa prova, isso, claro,
independente de classificação, que nunca depende só da gente. Sentia-me feliz
pela oportunidade de por à prova todo os treinos de janeiro realizados na base dos
pés descalços.
Soada a
buzina, e finalmente liberto da velha sensação de “leão na jaula”, Deixei a
Lagoa do Abaeté com velocidade apenas suficiente para evitar um engarrafamento
na primeira subida.
Alcançamos
o Boas Vindas (desde os treinos para a Jungle que todos os morros foram
nomeados ou rebatizados, rs) exatamente no momento em que o Garmim soava o
primeiro quilômetro.
Na
volta, o ritmo seria certamente outro, mas agora, enquanto já ocupava a sexta
colocação geral, voávamos todos ladeira abaixo.
Numa
espécie de fila indiana, entramos na trilha. Lá na frente, era visível que o
líder da prova (único entre os primeiros a correr de tênis, e a quem desde a
concentração da largada já havia reconhecido como forte candidato a vencedor da
disputa), fazia muita força buscando se distanciar do bloco.
Mantendo
o controle do ritmo, com alguma naturalidade, ganhei a quinta posição.
Pouco
depois, ultrapassaria de uma só vez, o amigo Fernando Caldeira e Vanilson do
Reis, este reclamando de um espinho que lhe furava o pé, aquele acusando uma súbita
dor de facão, e foi assim que passei pela marca dos 2km na terceira posição.
Estar na
zona do pódio geral, sempre causa um aumento na pressão psicológica rs, mas sabendo
que, para o bem ou para o mal, ainda estávamos muito longe, procurei
concentrar-me ainda mais na postura e na
respiração.
Na
mesma pegada, 500 metros adiante, ultrapassei o atleta Jocy Carlos, com quem
ainda troquei umas conversas sobre a complicada largada que havíamos enfrentado
na Maratona do Rio no ano passado.
Alguns
morros adiantes, o barulho da passadas atrás de mim, revelava que Jocy não iria desistir fácil do seu posto.
Cheguei mesmo a pensar que seria ultrapassado, mas mantive o ritmo.
Na
passagem pela marca do KM 3, exatamente no descampado que nos levaria a parte
das dunas que beira a nova avenida Mãe Stella de Oxóssi, pude perceber que não
só me afastara do terceiro colocado, como diminuíra bastante a distância para o
rio-realense Eduardo Alcântara.
Retribuindo
com sorrisos, a força que os amigos que estavam de staffs iam me dando ao passar
(uma das vantagens de correr em casa), começava a achar possível a vitória.
Na
subida do Morro do Urubu (antiga ladeira da paciência, rs), senti que avançava
com mais facilidade que o adversário a minha frente. E apesar de não esperar ultrapassá-lo
tão cedo, antes de chegar a seu cume, após cumprimentá-lo, e ainda em ritmo
controlado, tornei-me o líder da prova.
Na hora
de fazer o retorno, daquele que é o ponto mais alto da Corrida das Dunas (KM 4),
onde fui recebido com a carinhosa frase “tinha que ser vc, o desbravador das
Dunas”, busquei inspirar todo o ar que pude, sabia que a partir dali, as
caretas iriam aparecer.
Mais
tarde, num delicioso bate-papo pós prova, ficaria sabendo que Eduardo tem 10 km
para 33’, mas já “adivinhava” que se chegássemos pau-a-pau, fatalmente não iria
conseguir segurar a fera.
Chegara
a hora de fazer força. No sobe e desce em zig-zag nas proximidades do “Peitinho
do Aquaman” (outro morro batizado pelo amigo Ivan Falcão), fui fazendo o
possível para abrir uma pequena dianteira.
Todavia
descemos praticamente juntos a ladeira que nos levaria ao campo. Nessa hora,
percebi que tanto o terceiro quanto o quarto colocado, acabaram (de forma não
intencional) passando direto num ponto do circuito, mas ao serem alertados pelo
staff, prontamente fizeram meia volta para fazer o percurso correto.
Isso dava
praticamente a certeza que, ainda que perdesse a peleja com o corredor da cidade
de Rio Real, se não “morresse”, iria figurar no pódio geral, o que, a bem da
verdade já estava de bom tamanho.
Havíamos alcançado, porém, o ponto onde havia traçado mentalmente, fazer o
tiro, e liderando a prova, sabia que precisava aproveitar a oportunidade.
Subi o
mais rápido e concentrado possível. De passagem, mesmo em ritmo nada
confortável, ainda tive tempo de ouvir e me divertir com a observação que uma
expectadora/staff que estava no pé do Morro das Boas Vinda (agora morro acima),
fazia a uma amiga sua: “Parece que está correndo no asfalto”.
Fiz
aquela que seria a última grande subida (marca do km 6) combinando da melhor
maneira que conseguia, a técnica com o
grande nível de esforço.
Precisava
entrar na trilha, onde o tênis de Eduardo, passaria a fazer a diferença
positivamente, com a maior frente possível.
Pelos
gritos dos que estavam no alto do morro, percebi que ele não via longe, mas
tampouco colado. Resolvi então respirar um pouco mais na passagem pelo local
onde se concentrava o maior número de espinhos e pedras, para evitar um
acidente.
Saí da
trilha e voltei a velocidade máxima.
Dois
sobe e desce depois, um pouco antes de saber que sairia do raio de visão de
quem vinha atrás, dei uma pequena conferida, o segundo colocado não estava lá.
Apertei
ao máximo, sabia que não me ver na parte descampada, poderia refrear a fúria do
caçador. Mais tarde, em nosso bate-papo, de forma bem-humorada, Eduardo me contaria, que nessa
hora, na ansiedade de voltar a me ver, acabou tropeçando, “rolei ladeira abaixo
sem saber onde iria parar, rs”.
De
repente, ali próximo à descida para o Abaeté, de cabeça baixa, estava Eduardo
Varolli, que num susto percebeu minha aproximação e de imediato passou rádio
para o locutor da prova avisando que já vinha chegando o primeiro colocado.
Desci voando. Seguia à toda. Agora não queria mais de jeito nenhum perder a chance da
vitória.
Ia
nessa batida quando, a festa começou...
Já dava
para ouvir os gritos do pessoal que estava na área de chegada. O locutor dava
show. Numa das suas falas, avisou que o segundo estava bem atrás. Isso para mim
no primeiro momento foi mais um susto que uma notícia boa. “Ele já vem aí
atrás?”.
Uma
virada para conferir, e graças a Deus, não vinha ninguém.
Tão bom
poder chegar brincando com o público, ver a alegria genuína dos amigos, nos
olhos, gritos, gestos. Realmente foi um momento muito feliz. Agradeci a Deus,
ensaiei uns passos de dança, diminuí bastante os passos, distinguia algumas frases
em meio à todas manifestações sonoras da chegada, uma delas era “pode desfilar,
pode desfilar”.
Gratidão
a todos pelas energias positivas. Aquela especial a meu técnico, Professor
Marcelo Augusti, para quem dedico essa vitória, feliz por ter atendido seu pedido
(nunca carregado de pressão): “Vai lá e faça valer o mando de campo”.
Com a turma do Salvador Pró-Maratona |
Graças
a Deus, pelo momento vivido.
coemorando com Luanzinho |
Com Eduardo e Marcos Paulo |
...
Pataro e Foguerinho subindo o Boas Vindas (namoro ou amizade, rs?) |
Pataro vice-campeão da categoria 55-59 |
A primeira torre de chopp da vida a gente nunca esquece |
No after day, com a turma dos Brutos de Stella, fazendo limpeza nas Dunas... Ponto para organização, não achamos nada da corrida do dia anterior. |
Excelente matéria, cada passo muito bem descrito, me senti correndo com se estivesse em seu lugar, da maneira que descreveu sua corrida, nunca foi tão fácil correr nas dunas do Abaeté, parabéns, além de excelente corredor, um excelente dicertador, obrigado pela presença em nossa corrida das DUNAS, o brilho foi muito maior , esperamos contar com sua presença nas próximas edições, mas, não se preocupe, talvez eu não corra.
ResponderExcluirValeu, Serjão!
ExcluirDevo a vc por ter me deixado participar do treino de reconhecimento do desenho esoevifies da competição ao lado de sua equipe de Tigres e Pantera Rinners.
É sempre uma honra dividir o pódio com você, atleta que me inspiro.
ResponderExcluirUma pena a mudança do Beach estou fazendo de tudo pra tentar ir. Mais em fim parabéns por mais essa conquista e por narra tão bem essa pr9va que é linda e tem tudo pra ficar no calendário baiano.
Marcão,
ExcluirHonra toda minha. Fico feliz de servir de inspiração para alguém que além de excelente corredor, tem um excelente caráter. Concordo com vc, a prova veio pra ficar!
Parabéns, Beto!
ResponderExcluirEu participei ativamente da definição do circuito da prova e sei muito bem que ele tem partes muito difíceis. Quando você passou por mim já no alto a após ter superado a parte mais da prova, eu sabia que iria vencer.
É Ivan , O circuito ficou perfeit: técnico e prazeroso.
ExcluirParabéns meu amigo !!! Fiquei muito contente com sua vitória!!! O troféu não poderia ficar em outras mãos , você representa as dunas de stella !!!
ResponderExcluirMuito obrigado pelas palavras, e parabéns novamente pela prova
ExcluirParabéns Roberto pela vitória, fiquei feliz pela sua conquista e já esperava um bom resultado vindo de sua parte no quintal de casa! Obrigado pela riqueza na descrição do que foi a prova para você e estamos juntos nessa jornada esportiva. Abraço amigão!
ResponderExcluirObrigado, Professor!
ExcluirFoi um dia perfeito!
Parabéns, foi um lindo evento!
ResponderExcluirConcordo, Edilene
ExcluirParabéns ! Campeão é merecido esse titulo claro que vitória tinha que ser sua é vc que faz todos nós correr nas dunas e postar fotos lindas das Dunas👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏🏃🏃🏃🏃🏃🏃🏃🔝🔝🔝🔝🔝🔝🔝vanuza Lins.
ResponderExcluirValeu, Vitor e Vanuza.
ExcluirParabéns meu amigo!vc é um merecedor de tudo isso,valeu campeão 👏👏👏👏
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirParabéns! Vc merece! Muito disciplinado, exemplo para muitos... Principalmente para mim 🤦🏽♀. Esporte sempre... 🙌🏿👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽 Vaninha.
ResponderExcluirObrigado, Vaninha!
ResponderExcluirObrigado, Vaninha!
ResponderExcluirParabéns Roberto!
ResponderExcluirVocê é fera!Mega!
ResponderExcluirParabéns pela conquista , muito merecedora. E ao mestre Marcelo Augusti. Relato bonito, empolgante, de quem sabia o que iria fazer na prova. Prova bonita, organizada , que veio para ficar. Um forte abraço irmão!
Pataro
Parabens Beto! ! ! Deu show!!! e eu já sabia!!!
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