sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

A VITÓRIA NA PRIMEIRA EDIÇÃO DA CORRIDA DAS DUNAS




Em tudo, e antes de tudo, dai graças a Deus. 

Porém não há como negar que o Prof. Marcelo Augusti consegue tirar leite de pedra. E quando a gente leva em consideração que "a pedra" em questão, começou a correr quando já beirava os 40 anos, aí que fica mesmo evidente o quanto de agradecimento lhe devo por todos esses 10 anos de orientação na arte de correr.

A primeira edição da Corrida das Dunas, realizada no último domingo, sob a excelente organização de Weider Polha e Eduardo Varoli, não podia ter acontecido em momento mais oportuno.



Explico...

Há nove anos, dois eventos, que virariam enormes paixões, entraram em minha vida: A Beach Cross, prova mais “fofa” do calendário baiano de atletismo, e a festa do corredor-folião-solidário denominada, Circuitos da Folia.

Sagrando-me campeão em 2013, e figurando, por sete anos consecutivos, entre os primeiros do ranking, a Beach Cross, competição que ocorre na areia fofa (piso de minha preferência), e que se desenrola entre as praias de Jardim de Alah e Boca do Rio, é uma daquelas provas que sempre terei no coração.

Fotos de 2016 (faltam aí os 2017 e 2018).
Já a Circuitos da Folia (que a grosso modo, trata-se de um trote em ritmo carnavalesco, embalados por uma bike-trio, que segue pelos circuitos do carnaval, espalhando alegria e música), é aquele sonho que virou realidade. Uma brincadeira anual que começou com 06 pessoas, e hoje em dia, reúne mais de uma centena de amigos, “correndo e cantando juntos”, movidos pela solidariedade.



Pois bem, há anos que chego em dezembro vivendo a angústia da divulgação do Calendário da Federação Baiana de Atletismo, Sempre rezando para que não ocorra o choque das duas paixões...

 
Circuitos da Folia (foto de arquivo)

Saiu a programação 2019 da FBA, e pude enfim respirar aliviado. A Beach Cross estava marcada para o dia 03 de fevereiro, bem longe da Circuitos da Folia que ocorrerá no dia 24.

Entretanto, estranhando a demora na abertura das Inscrições, liguei em busca de informações, e descobri aquilo que tanto temia: a prova havia sido adiada para a mesma data da Folia.

Foi uma notícia complicada para muitos, pois estender o período de base por mais 03 semanas, pode comprometer a periodização de quem tem competições longas mais próximas.

A Sentença final fora dada... e a difícil decisão tomada: Atual vice-campeão da prova, não iria poder defender a “hegemonia” dos últimos sete anos.

Aí reluziu a Corrida das Dunas. Prova também em areia, apenas uma semana após a data que seria a Beach (data perfeita para marco final do período de base), e por assim dizer, no quintal de casa.

Como disse lá em cima... não poderia ser em momento mais oportuno.

A CORRIDA

Com Pataro e Josué (Foguetinho)

Cheguei à linha de largada, consciente que poderia fazer uma boa prova, isso, claro, independente de classificação, que nunca depende só da gente. Sentia-me feliz pela oportunidade de por à prova todo os treinos de janeiro realizados na base dos pés descalços.


Soada a buzina, e finalmente liberto da velha sensação de “leão na jaula”, Deixei a Lagoa do Abaeté com velocidade apenas suficiente para evitar um engarrafamento na primeira subida.



Alcançamos o Boas Vindas (desde os treinos para a Jungle que todos os morros foram nomeados ou rebatizados, rs) exatamente no momento em que o Garmim soava o primeiro quilômetro.

Na volta, o ritmo seria certamente outro, mas agora, enquanto já ocupava a sexta colocação geral, voávamos todos ladeira abaixo.

Numa espécie de fila indiana, entramos na trilha. Lá na frente, era visível que o líder da prova (único entre os primeiros a correr de tênis, e a quem desde a concentração da largada já havia reconhecido como forte candidato a vencedor da disputa), fazia muita força buscando se distanciar do bloco.

Mantendo o controle do ritmo, com alguma naturalidade, ganhei a quinta posição.



Pouco depois, ultrapassaria de uma só vez, o amigo Fernando Caldeira e Vanilson do Reis, este reclamando de um espinho que lhe furava o pé, aquele acusando uma súbita dor de facão, e foi assim que passei pela marca dos 2km na terceira posição.

Estar na zona do pódio geral, sempre causa um aumento na pressão psicológica rs, mas sabendo que, para o bem ou para o mal, ainda estávamos muito longe, procurei concentrar-me ainda mais na postura  e na respiração.

Na mesma pegada, 500 metros adiante, ultrapassei o atleta Jocy Carlos, com quem ainda troquei umas conversas sobre a complicada largada que havíamos enfrentado na Maratona do Rio no ano passado.

Alguns morros adiantes, o barulho da passadas atrás de mim, revelava  que Jocy não iria desistir fácil do seu posto. Cheguei mesmo a pensar que seria ultrapassado, mas mantive o ritmo.
 
Perseguido por Jocy

Na passagem pela marca do KM 3, exatamente no descampado que nos levaria a parte das dunas que beira a nova avenida Mãe Stella de Oxóssi, pude perceber que não só me afastara do terceiro colocado, como diminuíra bastante a distância para o rio-realense Eduardo Alcântara.

Retribuindo com sorrisos, a força que os amigos que estavam de staffs iam me dando ao passar (uma das vantagens de correr em casa), começava a achar possível a vitória.



Na subida do Morro do Urubu (antiga ladeira da paciência, rs), senti que avançava com mais facilidade que o adversário a minha frente. E apesar de não esperar ultrapassá-lo tão cedo, antes de chegar a seu cume, após cumprimentá-lo, e ainda em ritmo controlado, tornei-me o líder da prova.

Na hora de fazer o retorno, daquele que é o ponto mais alto da Corrida das Dunas (KM 4), onde fui recebido com a carinhosa frase “tinha que ser vc, o desbravador das Dunas”, busquei inspirar todo o ar que pude, sabia que a partir dali, as caretas iriam aparecer.



Mais tarde, num delicioso bate-papo pós prova, ficaria sabendo que Eduardo tem 10 km para 33’, mas já “adivinhava” que se chegássemos pau-a-pau, fatalmente não iria conseguir segurar a fera.

Chegara a hora de fazer força. No sobe e desce em zig-zag nas proximidades do “Peitinho do Aquaman” (outro morro batizado pelo amigo Ivan Falcão), fui fazendo o possível para abrir uma pequena dianteira.




Todavia descemos praticamente juntos a ladeira que nos levaria ao campo. Nessa hora, percebi que tanto o terceiro quanto o quarto colocado, acabaram (de forma não intencional) passando direto num ponto do circuito, mas ao serem alertados pelo staff, prontamente fizeram meia volta para fazer o percurso correto.

Isso dava praticamente a certeza que,  ainda que perdesse a peleja com o corredor da cidade de Rio Real, se não “morresse”, iria figurar no pódio geral, o que, a bem da verdade já estava de bom tamanho.

Havíamos alcançado, porém, o ponto onde havia traçado mentalmente, fazer o tiro, e liderando a prova, sabia que precisava aproveitar a oportunidade.


Subi o mais rápido e concentrado possível. De passagem, mesmo em ritmo nada confortável, ainda tive tempo de ouvir e me divertir com a observação que uma expectadora/staff que estava no pé do Morro das Boas Vinda (agora morro acima), fazia a uma amiga sua: “Parece que está correndo no asfalto”.

Fiz aquela que seria a última grande subida (marca do km 6) combinando da melhor maneira que conseguia,  a técnica com o grande nível de esforço.

Precisava entrar na trilha, onde o tênis de Eduardo, passaria a fazer a diferença positivamente, com a maior frente possível.

Pelos gritos dos que estavam no alto do morro, percebi que ele não via longe, mas tampouco colado. Resolvi então respirar um pouco mais na passagem pelo local onde se concentrava o maior número de espinhos e pedras, para evitar um acidente.


Saí da trilha e voltei a velocidade máxima.

Dois sobe e desce depois, um pouco antes de saber que sairia do raio de visão de quem vinha atrás, dei uma pequena conferida, o segundo colocado não estava lá.



Apertei ao máximo, sabia que não me ver na parte descampada, poderia refrear a fúria do caçador. Mais tarde, em nosso bate-papo, de forma  bem-humorada, Eduardo me contaria, que nessa hora, na ansiedade de voltar a me ver, acabou tropeçando, “rolei ladeira abaixo sem saber onde iria parar, rs”.

De repente, ali próximo à descida para o Abaeté, de cabeça baixa, estava Eduardo Varolli, que num susto percebeu minha aproximação e de imediato passou rádio para o locutor da prova avisando que já vinha chegando o primeiro colocado.


Desci voando. Seguia à toda. Agora não queria mais de jeito nenhum perder a chance da vitória.

Ia nessa batida quando, a festa começou...

                          Clique para assistir... vídeo da largada e da chegada

Já dava para ouvir os gritos do pessoal que estava na área de chegada. O locutor dava show. Numa das suas falas, avisou que o segundo estava bem atrás. Isso para mim no primeiro momento foi mais um susto que uma notícia boa. “Ele já vem aí atrás?”.




Uma virada para conferir, e graças a Deus, não vinha ninguém.

Tão bom poder chegar brincando com o público, ver a alegria genuína dos amigos, nos olhos, gritos, gestos. Realmente foi um momento muito feliz. Agradeci a Deus, ensaiei uns passos de dança, diminuí bastante os passos, distinguia algumas frases em meio à todas manifestações sonoras da chegada, uma delas era “pode desfilar, pode desfilar”.
 
Com o Prof. Marcelo Augusti


Gratidão a todos pelas energias positivas. Aquela especial a meu técnico, Professor Marcelo Augusti, para quem dedico essa vitória, feliz por ter atendido seu pedido (nunca carregado de pressão): “Vai lá e faça valer o mando de campo”.

Com a turma do Salvador Pró-Maratona
Graças a Deus, pelo momento vivido.


coemorando com Luanzinho

Com Eduardo e Marcos Paulo 


...



Pataro e Foguerinho subindo o Boas Vindas (namoro ou amizade, rs?)




Pataro vice-campeão da categoria 55-59
A primeira torre de chopp da vida a gente nunca esquece


No after day, com a turma dos Brutos de Stella, fazendo limpeza nas Dunas... Ponto para organização, não achamos nada da corrida do dia anterior.

22 comentários:

  1. Excelente matéria, cada passo muito bem descrito, me senti correndo com se estivesse em seu lugar, da maneira que descreveu sua corrida, nunca foi tão fácil correr nas dunas do Abaeté, parabéns, além de excelente corredor, um excelente dicertador, obrigado pela presença em nossa corrida das DUNAS, o brilho foi muito maior , esperamos contar com sua presença nas próximas edições, mas, não se preocupe, talvez eu não corra.

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    1. Valeu, Serjão!
      Devo a vc por ter me deixado participar do treino de reconhecimento do desenho esoevifies da competição ao lado de sua equipe de Tigres e Pantera Rinners.

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  2. É sempre uma honra dividir o pódio com você, atleta que me inspiro.
    Uma pena a mudança do Beach estou fazendo de tudo pra tentar ir. Mais em fim parabéns por mais essa conquista e por narra tão bem essa pr9va que é linda e tem tudo pra ficar no calendário baiano.

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    1. Marcão,
      Honra toda minha. Fico feliz de servir de inspiração para alguém que além de excelente corredor, tem um excelente caráter. Concordo com vc, a prova veio pra ficar!

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  3. Parabéns, Beto!
    Eu participei ativamente da definição do circuito da prova e sei muito bem que ele tem partes muito difíceis. Quando você passou por mim já no alto a após ter superado a parte mais da prova, eu sabia que iria vencer.

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  4. Parabéns meu amigo !!! Fiquei muito contente com sua vitória!!! O troféu não poderia ficar em outras mãos , você representa as dunas de stella !!!

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  5. Parabéns Roberto pela vitória, fiquei feliz pela sua conquista e já esperava um bom resultado vindo de sua parte no quintal de casa! Obrigado pela riqueza na descrição do que foi a prova para você e estamos juntos nessa jornada esportiva. Abraço amigão!

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  6. Parabéns ! Campeão é merecido esse titulo claro que vitória tinha que ser sua é vc que faz todos nós correr nas dunas e postar fotos lindas das Dunas👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏🏃🏃🏃🏃🏃🏃🏃🔝🔝🔝🔝🔝🔝🔝vanuza Lins.

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  7. Parabéns meu amigo!vc é um merecedor de tudo isso,valeu campeão 👏👏👏👏

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  8. Parabéns! Vc merece! Muito disciplinado, exemplo para muitos... Principalmente para mim 🤦🏽‍♀. Esporte sempre... 🙌🏿👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽 Vaninha.

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  9. Você é fera!Mega!
    Parabéns pela conquista , muito merecedora. E ao mestre Marcelo Augusti. Relato bonito, empolgante, de quem sabia o que iria fazer na prova. Prova bonita, organizada , que veio para ficar. Um forte abraço irmão!
    Pataro

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