segunda-feira, 26 de maio de 2014

RUNNING D'AVENTURA 2014


Tarja preta para simbolizar a não conclusão dos 42km

FRUSTRAÇÃO! Essa talvez tenha sido a mais comum das sensações entre os participantes que resolveram encarar os 21 e os 42Km da 6ª edição do Running Daventura 2014.

Para um certo grupo de 08 corredores, no qual estive incluído, o vexame beirou o absurdo, culminando com uma absoluta falta de respeito aos atletas e seus familiares.

A prova, que mais uma vez foi realizada na paradisíaca Praia do Forte, este ano contou com 04 distâncias (5, 10, 21 e, pela primeira vez, 42km).

Com a inclusão da Maratona (também inauguraram uma prova Kids) e todo potencial turístico daquele lugar, o RD ganhou sim condição de tornar-se uma prova atraente para corredores de toda parte do Brasil, a exemplo das Maratonas de Búzios (RJ) e Bombinhas (SC), arrastando ainda famílias inteiras como nas provas dos X Terra (e, verdade seja dita, os “maraturistas” apareceram).

Uso a expressão atraente como atleta, pois sabemos que a rentabilidade dos 42k, que contava com apenas 2% de inscritos de um total de 2.500 vagas disponibilizadas (que atingiram o valor de R$ 210,00 reais no último lote de inscrição para qualquer distância), não soe sensibilizar organizadores.

Voltando ao sábado...

Somando a falta de tato no “Congresso Técnico” ( cerimônia de abertura com atraso e demorada, na qual já se denotava pouca preocupação com necessidades básicas dos atletas, como comer e dormir cedo), a detalhes como as mudanças nas regras com o jogo em andamento (apesar de previstos postos de hidratação de 5 em 5km, foi inserido posteriormente no regulamento a obrigatoriedade de levar 1 litro de água), não precisava ser nenhuma mãe Dináh para saber que o negócio, principalmente nos 42km, não sairia às mil maravilhas e, em conversas com os amigos/adversários sempre fiz questão de ressaltar: “Não vamos estressar, correr naquele lugar é mágico e a gente se vira”.

O que tinha em mente, porém, para definir “não sair às mil maravilhas”, estava muito distante do descaso com que fomos tratados, e aqui falo especificamente do grupo de oito corredores (como fico tentado a usar a expressão “palhaços”) deixados à margem da corrida.

Como previsto, o litro de água exigido, que sempre sugeri fosse recomendado, não foi cobrado (quantos de nós investimos na compra de uma camelback e em treinos adaptativos desnecessariamente?).

Fruto de uma luta dos corredores, quando do anúncio por parte da organização que as provas largariam às 8:30 da manhã (estariam adivinhando?), a Maratona e a Meia tiveram suas largadas programadas para horários diferenciados, os 42km às 7:00 e os 21km, às 7:30.

Investindo em comodidade dormi em Praia do Forte e cheguei à arena de largada por volta das 6:30. Na saída da Vila deparei-me com um poste quase tombado na estrada e antevi que aquele fato certamente traria conseqüências ao horário de largada.

Com os amigos Cristiano, Pataro, Chico, Moésio e Rubem - enquanto aguardávamos notícias de quando seria dada a largada
O atraso, em parte tolerável (apesar de achar que todos os 58 maratonistas já se faziam presentes), acabou atingindo também a meia maratona e, somente às 08h25, de forma conjunta, maratonistas e meio-maratonistas foram autorizados a largar.

A partir deste momento as lambanças começaram.

Ávida por cumprir sua meta, a massa de corredores disparou morro abaixo e, não encontrando ninguém da organização para orientá-la, os que vinham na retaguarda seguindo os da frente (que iam inclusive com batedores do lado), acabaram errando o caminho.

Seguindo entre os ponteiros, a maior parte do tempo em 5º lugar, tendo sempre a visão dos primeiros colocados e do motociclista que os comboiava (e que portava um walkie talkie), nenhum de nós se deu conta do erro.

Subindo trilha, descendo trilha, saltando ou se agachando para transpor árvores, logo estávamos em dois blocos de 04.

Tendo sempre por perto o amigo Chico, com quem treinei para esta prova desde meados de março (e que graças a Deus não está mais na minha categoria), meu plano A era manter-me entre os 05 que fariam parte do pódio geral e, no caso de não suportar, partir para o B, que era ficar em 6º e garantir sem sustos o título da Categoria 45/49.

Os primeiros 10km foram atingidos com 48’.

A partir de certa altura começamos a ver placas indicando uma quilometragem maior do que a que nos encontrávamos. No bloco em que seguia todos pensamos que talvez houvessem feito uma mudança para evitar a passagem na Vila por conta do tal poste e que iríamos passar ali novamente mais tarde.

Intrigados, sempre que encontrávamos alguém nos postos de hidratação questionávamos se estávamos no caminho certo. Respostas positivas, seguíamos adiante. Houve inclusive um momento, num lugar mais aberto, em que fomos acompanhados e filmados por pessoas que estavam em um carro aparentemente ligado ao RD.

Com 1 hora e 40 minutos passamos (eu, Chico e o corredor da AD3) a marca da meia-maratona e o atleta da AD3, desejando-nos boa sorte, disse que ia apertar mais um pouco para colar no 4º lugar.

Acreditando que ainda faltava muita prova, Chico e eu optamos por manter o ritmo conservador por mais tempo e deixar para apertar um pouco mais perto do final.

Não faltava.

A desconfiança foi aumentando quando, saindo de uma trilha, deparamo-nos com uma estrada mais larga bem próxima da linha de largada. Inocente, aventei com Chico a hipótese de que talvez a Organização, em função do atraso na largada, tivesse diminuído a distância (que no regulamento constava como aproximadamente 42k) pensando em preservar os mais lentos.

À medida em que nos aproximávamos da largada / chegada essa suspeita aumentava. Era isso ou haveria outro caminho para nos dirigir para o lado da praia, pensávamos.

Estávamos completamente enganados.

Enquanto buscava com olhos esperançosos o tal caminho que nos levaria a completar os 42km, Chico já perguntando indignado ao Tiago Valois se realmente a corrida já estava acabando mesmo e dizendo que estava errado, que deveriam ter avisado para que pudéssemos correr menos cautelosos, ouvi os gritos de Peralva nos incentivando a fazer logo a chegada, acrescentando num tom indignado:
- “Tá tudo errado. Vai, chega logo que tá tudo errado”.

Ainda sem se dar conta do que havia acontecido, de mãos dadas, contando com uma segurada do amigo, em 6º lugar, cruzamos juntos (Chico e eu) a linha de chegada, com 2 horas e 31 minutos.

Apesar da conta ter ficado apenas em 29km, era um jeito de comemorarmos os meses de treinamento junto.

Com Chico ainda reclamando pela diminuição sem aviso da quilometragem (ele com certeza ainda poderia crescer na prova) e eu ainda acreditando que aquilo havia sido pensado em função dos atletas, apanhamos nosso lanche e fui atrás do amigo João Paulo para dar-lhe os parabéns pela vitória com a seguinte frase:
- Não importa se não foram os 42, parabéns pela vitória!

Diante de um olhar que misturava incredulidade com frustração entendi que definitivamente havia mesmo alguma coisa muito errada e somente quando ouvi a palavra relargada é que a ficha começou a cair.

Apesar de finalmente compreender o pedido de desculpas com que fui recebido por Carol, foi muito difícil acreditar de primeira.

Quando se deram conta de que todos haviam passado direto, os organizadores optaram por uma nova largada. Os corredores foram localizados e chamados novamente para a Arena de Largada e tiveram seus chips zerados. Houve atletas do 21k (Edson Barbosa e Edésio), que somente no 7º quilômetro, o qual, por sorte passava novamente na arena, ficaram sabendo do ocorrido e voltaram para relargar. Até aí, apesar da nova falha, tudo bem, mas as coisas que vieram depois parecem mentira:

Incrível 1. Com tanto aparato ninguém nos alcançou para avisar que a largada fora invalidada.

Incrível 2. É óbvio que foram notadas nossas ausências, afinal de contas, entre nós estavam alguns dos nomes (e não me incluo neles) apontados como prováveis vencedores da prova.

Incrível 3. Os familiares, amigos e técnicos dos corredores não resgatados que tentaram impedir a relargada sem nossa presença foram “convencidos” de que, PASMEM, havíamos nos recusado a voltar e desistido da corrida.

Incrível 4. Nós estivemos correndo (pelo menos até a marca da meia-maratona) guiados por uma moto da organização com batedor que levava consigo um rádio-transmissor.

Posso imaginar a confusão que se formou e a pressão para que a corrida se reiniciasse o mais rápido possível, algo que só aconteceria por volta de 1 hora depois, mas é inconcebível que nos tenham cerceado o direito de participação na prova, até porque, apesar de ser uma corrida de trilha (e mesmo considerando que eram cenográficos os rádios portados por várias pessoas da organização) em vários momentos saíamos em trechos rapidamente acessíveis para quem fosse de automóvel.

Os absurdos citados acima (mesmo a falsa afirmação de que nos recusamos a relargar), acreditem, consigo até entender de que forma foram se enredando, e lá mesmo no recinto tentei ao máximo levar os desafortunados e indignados colegas ao sentimento de resignação, de “deixa pra lá”, de “não vale a pena se chatear”.

Entretanto, a coisa que mais me incomodou e, por mais que pense, por mais que tente ainda não tive a capacidade de encontrar justificativa, foi o descaso com que fomos tratados, deixados feito bobos “competindo entre si” por 29km, (no meu caso, 2 horas e meia de “prova”), sem que ninguém tentasse nos localizar no percurso (ainda bem que, graças a Deus, não precisamos de socorro) e sem merecer, nem mesmo no momento de nossa chegada, uma comunicação oficial da nossa desclassificação (Incrível 5).

Voltando à corrida.

Após digerir um pouco a frustração inicial restou-me ir ao desértico portal de chegada do 42km oficial esperar e torcer pela chegada dos guerreiros que conseguiram superar o baque psicológico do atraso e da relargada.

Valeu a pena a espera. Com pouco menos de 5 horas de prova (às 14:30) Rubem, na 5ª posição, completava o pódio geral. Alguns minutos depois chegavam Cristiano e Pataro, respectivamente 6º e 7º colocados na prova e vencedores de suas respectivas categorias.
Os Organizadores no Pódio Geral Masculino com o amigo Rubem em 5º lugar

Por maiores que tenham sido os erros acontecidos nesta edição (este post não teve intenção de elencá-los), acredito ser possível uma redenção no próximo ano, adoro correr naquelas trilhas, foi através do RD que as conheci e torço para que a Organização dê a volta por cima. Eu, porém, já tenho a minha escolha.


Boa semana!

quarta-feira, 21 de maio de 2014

CORRENDO EM MACEIÓ PELO ANIVERSÁRIO DE MARCONDES LYRA


No último domingo a corrida levou-me uma vez mais à belíssima Maceió. O evento esportivo no entanto não era uma corrida oficial, mas uma comemoração surpresa pelo aniversário do amigo Marcondes, organizado por sua dedicada esposa Sandra Lyra com tamanha eficiência que me senti parte de um filme de espionagem.

Para melhor entender o motivo da minha participação nesta festa alagoana precisarei retornar um pouco no tempo e falar de como conheci o Marcondes.

Novembro de 2013
Faltando menos de 15 dias para a realização da Ultramaratona de Revezamento 300km da Acorja, Etapa Mossoró/Natal,  fui convidado/convencido pelos organizadores Lula de Holanda e Gilmar Farias a participar da corrida compondo uma equipe de Maceió que estava precisando de corredores.

A Pé no Chão necessitava ainda de mais uma pessoa e levei comigo o amigo Rubem para também fazer parte do time.

Assim que a equipe reuniu-se ficou evidente que, entre nós cinco, Marcondes era o corredor com menos experiência, fato que ele mesmo fazia questão de ressaltar.

Cada um dos participantes teria que correr 4 trechos de 15km, sendo dois no sábado e dois no domingo e, apesar do chororô, em sua primeira parte nosso novel corredor acabou mandando razoavelmente bem.
Acompanhando Marcondes em seu segundo trecho (Lages-RN)
No final da tarde do primeiro dia, Marcondes  assumiu o último trecho na segunda colocação e, coisa que absolutamente não estava em seu contrato, iniciou uma sangrenta batalha que nos manteve nesta colocação.

No outro dia nosso guerreiro voltaria a ser o destaque da equipe e símbolo de superação para todos que participaram daquela etapa, mostrando raça e coragem para fazer sucumbir todos os seus fantasmas interiores e cumprir a missão de realizar a chegada da Pé no Chão em Natal.

O mérito da vitória daqueles dias foi todo do guerreiro Marcondes, entretanto, por ter corrido o tempo inteiro ao seu lado (enrolando-o com estórias e músicas de gostos duvidosos), acabei ganhando um destaque maior em seus relatos quando retornou à sua cidade.

Março de 2014
Saindo de uma sessão de cinema recebi a ligação de um telefone com prefixo 082 (AL).

- Olá. Eu sou Sandra Lyra, esposa do Marcondes. Irei fazer um aniversário surpresa pare ele em maio e gostaria que estivesse presente, pois desde que voltou ele sempre fala de você.

Achei ótimo ter sido lembrado, mas devido a contenções de gastos estava pronto para agradecer-lhe dizendo que provavelmente não poderia ir, mas o que a Sandra disse em seguida mudou tudo:

- O aniversário cai num dia de semana, estou pensando em fazer uma corrida entre amigos no dia 25, mas se esta data não der para você a gente muda para outra em que você possa vir.

Aquelas palavras soaram como uma rajada deixando-me atônito. É óbvio que o que acontecera em novembro fora algo absolutamente natural, mas aquela deferência realmente deixava-me envaidecido.

 Já não via a hora de desligar o telefone para dividir com a tia “Lalá”, que estava ao meu lado, a notícia, quando o tiro de misericórdia foi disparado:
- “Pode vir com sua família que há lugar para todos aqui em casa”.

Aquele domingo coincidia com o Running D’aventura, o anterior ficou acertado como data da corrida / festa surpresa. Alguns dias depois o convite foi estendido a Rubem e desde então o resto foi digno, como já disse lá em cima, de filme de espionagem.

Sábado


Com a família no Rio São Francisco

O fato é que, no último sábado, após passar o dia na Foz do Rio São Francisco, à noite já estava hospedado com a família na casa de Marcondes (disse-lhe alguns dias atrás que iria a Maceió a passeio com a família e ele nos convidou para ficar em sua casa).

Horas antes ele descobriu que, “coincidentemente”, Rubem também estava em Maceió, pois soubera da minha estada ali e conseguira uma passagem barata de avião.

Encontrando com Rubem e Rubinho na Praia do Francês
Como parte do plano, seu compadre Marcelo Victor havia falado com ele para aproveitar que eu estava na cidade e fazermos um longão no domingo.

Ele estava tão inocente que quando me falou do “convite” de Marcelo Victor fez questão de dizer que não precisava eu ir pois estava na cidade para passear com a família.

Rubem também iria para “nosso” treino e a viagem para pegá-lo na pousada seria usada também para ganhar tempo enquanto Sandra preparava a chegada dos “convidados”.

Aliás, quase que o plano ia por água abaixo justamente na hora de pegar o Rubem. No dia anterior, quando a “agente” Sandra Lyra o apanhou no aeroporto, deixou com ele um bugre do Marcondes.

Eu estava mostrando ao Marcondes o local em que Rubem estava hospedado quando ele exclamou:
- Mas que carro parecido com o meu!

Por sorte Rubem já estava lá na frente da Feira de Artesanato e pude gritar para desviar sua atenção:
- Olha o Rubem lá, olha o Rubem lá!

Dali fomos pegar o Marcelo Victor, que fez Marcondes praticamente retornar à sua casa para pegar Joni (um amigo corredor) e aí o negócio tomou ares de comédia pastelão.

Com desculpas pra lá de esfarrapadas ficamos quase uma hora rodando de uma extremidade a outra na pequena orla de Maceió e nosso aniversariante já estava disposto a desistir e prestes a explodir.

Após receber mensagem de ok de Sandra, Marcelo dirigiu-se ao local onde finalmente iríamos estacionar, mas não sem mais um lenga-lenga:
- Rapaz, você tá nervoso. Vá brigar com sua mulher, não brigue comigo não. Fique calmo. Já pensou se você tivesse uma surpresa? Acho que nem aguentaria.

Quando Marcondes olhou de lado pode ver cerca de 40 amigos padronizados com um camisa em sua homenagem e prontos para correr os 17km que separam Pajuçara da Massagueira, que quase em uníssono gritavam-lhe Parabéns!



Demorou um tempo para cair a ficha. Somente depois é que ele começou a ligar as coisas, inclusive, que eu e Rubem não estávamos ali por acaso e sim para participar da festa (falamos do episódio do carro, etc). rs

Embalados por um som ao vivo, após a corrida rolou um café da manhã seguido de churrasco.


Entre um e outro fomos (Rubem, Rubinho, eu, tia Tetê, tia Lalá, Rafa e Luan) visitar as Piscinas Naturais de Pajuçara.

Pajuçara (piscina natural)

Viajamos de volta imensamente agradecidos por todo carinho e hospitalidade a nós dispensados e com a certeza de que realmente valeu a pena fazer parte desta festa.



Até a próxima!

A CORRIDA
































Fátima na chegada



Caminhando contra o vento



A FESTA











A VIAGEM







Piaçabuçu









a nuvem cachorro




















RAFA - foto de álbum de figurinha nº 10