Com Pataro, no meio do dia, em algum ponto entre Mutuípe e Jiquiriçá |
Na esteira da preparação para a UAI, o fim de semana destinado ao Caminho da Paz, além de treino específico (com testes de roupa, lanterna, tênis etc), para a prova que irá acontecer daqui a um mês, também era o marco final para tomar a decisão em relação à distância escolhida: Se ficaria nos 235km junto com Pataro ou se iria migrar para os 100k.
Inscrito na prova desde o ano passado, o rompimento do menisco no dia 31 de dezembro, bem como, a confirmação em laudo em fevereiro, havia me "tirado" pelo menos uns dois meses da preparação, quando precisei investir em treinos mais leves para "apagar o fogo" do joelho, o que nos fez desistir, inclusive, do sonho de buscar índice para o mundial nas 24h de Natal, o que culminou, por exemplo, na redução de 12h para 6h (apenas para acompanhar o amigo-irmão Pataro) na prova de Indaiatuba.
Indaiatuba: Pataro nas 12h, eu nas 06h |
Pois bem, tratava-se de uma hora H que me havia imposto e as muitas horas de treino semanal em condições extremas, traziam-me uma razoável confiança que faríamos um bom teste nos 80k de serras do Caminho da Paz entre as cidades de Mutuípe, Jiquiriçá e Ubaíra, mas o resultado só poderia saber depois.
Não sem algum malabarismo logístico, as 07 da manhã da sexta-feira, o carro ficou completo quando pegamos Pataro na saída do seu plantão no Polo Petroquímico.
No time montado para a viagem até o Vale do Jiquiriçá seguiam, também, Naldinho, Sérgio e Ramon.
É sempre importante ressaltar que a presença de amigos sempre enriquece e suaviza as missões, mas eles não estavam lá só a passeio rs.
Largada do primeiro dia |
O PLANO
DIA 1 -
Trecho 1 - 31km criados usando parte do Caminho da Paz, com largada e chegada em Mutuípe que seria comum a todos e ponto final do dia (como corredor rs) para Naldo, que passaria a ser nosso apoio nos pontos seguintes;
Trecho 2 - 26km de Mutuípe a Cachoeira do Jiquiriçá pelo Caminho da Paz; Ponto de chegada para Sérgio e Ramon e de passagem para eu e Pataro. Alí Naldo nos entregaria nosso "drop box" para seguirmos adiante, enquanto os meninos seriam levados de volta a Mutuípe;
Trecho 3 - 27km da Cachoeira do Jiquiriçá a Ubaíra - O incansável Naldinho nos buscaria ao final do treino em Ubaíra e nos levaria de volta a Mutuípe;
DIA - 2 - Cachoeira do Jiquiriçá a Ubaíra - 27km
Pataro e eu, deixaríamos o time na Cachoeira do Jiquiriçá e em seguida partiríamos para Ubaíra, ponto de chegada da turma, onde iriamos correr cerca de 1h regenerativa, 30 minutos no sentido deles (na torcida para encontrá-los) e mais 30 retornando para o ponto onde largaríamos o carro.
A EXECUÇÃO
Pra simplificar, direi que as coisas se encaixaram maravilhosamente bem e que vivemos mais um daqueles fins de semana inesquecíveis.
No primeiro dia todos cumpriram sua missão. No segundo, apenas Sérgio que fizera 57km no dia anterior, preferiu não correr. Ramon entregou o treino full nos dois dias. Naldo deu show, porque além de fazer os 31k de manhã e passar todo o resto do sábado nos dando suporte, no dia seguinte, não contente com os 26 até Ubaíra, seguiu pela estrada para fazer novo 31k.
Em Ubaíra, no sábado, Pataro e eu, havíamos fechado (em pontos diferentes) 80 e 82k, respectivamente. No Domingo lá estávamos de novo com a felicidade de encontrar os amigos em meio ao Caminho da Paz e voltar com eles até que finalizássemos a festa.
Após um café da manhã, servido fora do horário normal, como um carinho da equipe do Hotel do Vale, baterias recarregadas, retornamos a Salvador.
Abaixo deixarei um vídeo que mostra um pouco do que foi o final de semana. Antes, porém, preciso tocar no assunto "Dia D".
O teste não poderia ter sido melhor. Foram cerca de 14 horas de treino (11:17 líquidas) no sobe e desce da Serra num dia particularmente quente e tudo fluiu perfeitamente: alimentação, lanternas, roupas, tênis, mochila, meia e, atenção das atenções, o joelho se comportara de forma excelente.
Entretanto, naquele processo contínuo de conversa com Deus, a sensação que me vinha é que não era hora de abusar. Precisava estar muitíssimo grato por ter recebido o diagnóstico que recebi no começo do ano (menisco medial rompido e um combo de patologias adjacentes rs) e estar fazendo o que gostava.
Foi assim que a um mês da prova, tendo cumprido todos os treinos como se fosse fazer os 235k, voltei para Salvador convicto de que o melhor a fazer em relação a UAI 2024 era alterar minha prova para os 100k.
o irmão Pataro ficou um pouco abalado com a decisão, mas fiz questão de reforçar o que sinceramente achava: ele estava pronto para nos representar na distância full da competição.
Vamos que vamos!