Corridas e Pedaladas: 09/01/2023

A Uphill era uma Corrida que há muito fazia parte dos meus sonhos...

Nas duas primeiras edições dessa prova, quando a exigência de currículo era muito mais seletiva que nos dias atuais e ainda assim a procura era maior que o número de vagas existentes, não obtivemos sucesso no sorteio que selecionava seus participantes.

Entre projetos e ciclos competitivos, os anos foram se passando sem que fosse possível encaixar a Uphill, até que no ano passado, motivados pela celebração dos 10 anos tomamos a decisão de voltarmos a tentar uma vaga na prova mais famosa da serra do Rio do Rastro.

Arrastados para a vencedora inscrição no sorteio, Manoel nos 42,2k , Pataro nos 67k (assim como nosotros), em novembro do ano passado, o "trio nordestino'' confirmava presença Edição de 2023.

* * *

QUINTA-FEIRA (a viagem/logísticas)

No início da tarde de quinta-feira, iniciamos nosso voo de Salvador a Florianópolis com conexão no Aeroporto de Congonhas.

Em São Paulo, já embarcados, sob alegação de um problema em Curitiba, nosso avião ficou 03 horas esperando por um “tal” plano de voo.

Esse chá de poltrona, acabara nos fazendo iniciar a parte terrestre da viagem por volta das 23horas e, somente, as 2h da manhã chegaríamos em Criciúma.

A escolha da “capital brasileira do carvão” como QG para a UPhil foi pura matemática. Os quatro dias de hospedagem naquela cidade custariam menos que um dia nas cidades da Serra do Rio do Rastro.

SEXTA-FEIRA (a soltura / kits de corrida)

Mesmo tendo chegado de madrugada, nem bem o dia amanhecia, e lá fomos nós para a velha e boa soltura.

soltura em Criciúma

Logo mais cobriríamos os 26km para Treviso, cidade onde estava sendo entregue os kits de corrida e que seria palco da largada dos 42km no domingo.

Agora era só aguardar...

SÁBADO (Challenge 25k)

Para poder contar com o carro “lá em cima”, Pataro e eu fomos deixados pouco antes das 5h da manhã em Lauro Muller, enquanto Manoel (que “só” iria correr a maratona no outro dia) seguia a toda para poder chegar em Bom Jardim da Serra antes do bloqueio da estrada.

As 6h, sob um friozinho gostoso de correr, dávamos início ao Desafio do Samurai.

Na rodovia com muito sobe e desce e passagens em belos distritos, como o de Guatá, aos poucos íamos avançando em direção a misteriosa e deslumbrante Serra do Rio do Rastro.

Mais ou menos quando faltavam 13km, a corrida passaria ser toda “up”. mesmo rs.

Cheguei a perguntar a um atleta que seguia próximo se já estávamos na parte mais inclinada. “Nada, a coisa começa mesmo é no Km 8”. (na Uphill, as placas são colocadas em sentido decrescente).

Um considerável tempo depois, enfim chegávamos à Capela que tantas vezes vimos nos vídeos sobre a corrida.

Dali em diante, nosso conceito de íngreme ganharia uma senhora repaginada, rs.

Subíamos, subíamos, e ventava. Como ventava!.

No vai e vem das famosas 284 curvas da Serra do Rio do Rastro, as rajadas de vento eram capazes de nos empurrar, inclusive, morro acima, quando dávamos a sorte de não pegá-las de frente.

Faltando uns 03km para chegar (não resistindo esperar lá em cima), lá estava Manoel incentivando e registrando nossa passagem.

Com 2h30 de prova, 26º no geral e Campeão da Categoria 55/59, concluímos nossa participação no Challenge 25k.

Logo mais chegaria Pataro, e assim que terminada a pontual (como tudo na programação da Uphill) e dinâmica premiação, pegamos estrada de volta para Criciúma.

No dia seguinte haveria mais subida de serra, e dessa vez, o “trio nordestino” estaria completo na prova.

DOMINGO (Marathon 42k)

Sob uma temperatura bem mais amena que nos dias anteriores, , por volta das 4h30 da manhã, chegamos em Treviso, onde deixamos estacionado o carro.

Uma vez que não compramos antecipadamente o "Transfer" de volta e, tanto no local da entrega do kit, quanto no local de chegada no dia anterior, não conseguíramos obter uma passagem, deixamos para pensar no que fazer apenas no final da prova.

Cada coisa a seu tempo, depois pensaríamos como descer, agora o que interessava era subir e bem.

Com o resultado do dia anterior (2h30), restava-me o direito de fechar a maratona no máximo até 4h29, para ter direito à medalha de Samurai.

A prova Uphill Samurai é um desafio para atletas que corram a Uphill Chalenge 25k + a Uphill Marathon 42k.

Para se ter direito ao título de Samurai, há que se fazer a prova dentro do tempo limite, que é atualmente: 7h no masculino e 7h30 no feminino.

As 5h da manhã, novamente de forma pontual, partimos para mais uma viagem morro acima até Bom Jardim da Serra.

Na primeira hora de corrida, às escuras, 11km ficaram trás.

A passagem em Lauro Muller (com + ou - 17km rodados) "bateu" com minha previsão/pretensão de tempo: 1h28.

A segunda hora de prova me alcançou com 23km.

Beleza para todos os lados, quando já ia com 31km, não resisti mais e saquei o celular para registrar (e dividir) a verdadeira festa para as nossas retinas. que é a Serra do Rio do Rastro.

Exatamente com 3h alcançava a Capelinha no km 34. A sensação do momento é a de que chegara mais rápido que no dia anterior.

Naquele momento, a grande maioria dos atletas seguia alternando caminhada e corrida.

Aproveitando-me de minha característica, mantive-me trotando o tempo inteiro e desta forma, ia galgando posições. Sabia encaminhada a conquista do Samurai, mas tinha ainda como possível um sub -4.

Na entrada da cidade, quando a serra termina, mas ainda há um leve inclinação, voava feliz por ter participado da festa de 10 anos da Uphill.

Com 4h04 de prova (22º no geral), novamente Campeão da Categoria 55/59, concluímos nossa participação no Marathon 42k.

Agora era esperar o restante do trio nordestino. Logo estaríamos todos reunidos.

Na soma dos tempos, acabei como 8º lugar geral nos 67km.

Na premiação Lendas da Serra (em que a organização marca o tempo da passagem dos atletas no intervalo mais íngreme da Serra) saberia mais tarde que, entre os Samurais, apenas o campeão Marcelo Henrique Rocha, subira mais rápido.

E o retorno para o ponto de largada?

Resposta: Não poderia ser em melhor estilo.

Quando estávamos buscando um jeito de pelo menos um de nós ir buscar o carro em Treviso, tivemos a benção e o privilégio de sermos levados pelo Ronin (e sua esposa) Givaldo Massena dos Santos, que mesmo após seus 250km de corrida, ainda nos brincou com excelentes estórias enquanto nos despedíamos da Serra do Rio do Rastro.