segunda-feira, 13 de julho de 2020

DE SALVADOR A PORTO DE SAUÍPE

Pataro, Val, eu e Manoel

Esse seria o final de semana da UAI...


Inscritos na Ultra dos Anjos Internacional 2020,  em distâncias entre 25km e 135 km, Manoel, Val, eu e Pataro, não fossem a Pandemia e toda a sequência de cancelamentos de competições provocada por ela, estaríamos por terras mineiras. No meu caso, especificamente, matando saudades da charmosa Passa Quatro.

Tocando em frente com nossas planilhas adaptadas ao momento que estamos atravessando, dentro de mim, segui com o propósito de encontrar uma maneira de aproveitarmos os dias de folga, reservados anteriormente  para a viagem, e realizar um treino simbólico.

A primeira pedida, pela semelhança do percurso, seria viajar para cumprir alguns trechos do Caminho da Paz, mas a logística exigida, e o grande número de municípios envolvidos, trazia incertezas demasiadas à expedição, uma vez que cada Prefeitura tem enfrentado à sua maneira o COVID-19.

Então num dado momento tive a felicidade de lembrar da Pousada do Romano em Porto de Sauípe, onde havíamos ficado em novembro (eu, seu Antônio, Manoel e Joelson) no primeiro dia da viagem ciclística até Aracaju para comemorar os 70 anos do "novinho". 

Confesso que fiz a consulta a amiga Aline sobre a possibilidade de hospedagem, meio que achando que não fosse nos aceitar por lá, mas a resposta veio rápida e super positiva:

"Total. Feliz com vinda de vocês!"
Daí foi só dividir com o grupo (que graças a Deus comprou a idéia), e traçarmos o plano numa proporção parecida com o que faríamos lá na UAI, que ficou assim:

Pataro e eu,  na viagem full (Salvador/Porto de Sauípe), aproximadamente 85km;
Val e Manoel, em revezamento - Ela até Barra do Jacuípe (35km), ele de lá até Sauípe (50km)

* * * 
A PROVA VIRTUAL 

Entretanto, na semana passada recebemos uma proposta de prova virtual da UAI, a ser realizada entre os dias 10 e 12 de julho (período em que seria realizada a prova presencial), e, apesar de saber da pouca atração que exerce no grupo, essa modalidade que vem se popularizando nesses tempos de Pandemia, pela similaridade com as quilometragens de nossa brincadeira, botamos o assunto em pauta, e decidimos pela inscrição.



Comparando as distâncias existentes na prova virtual, com as que tínhamos como aproximadas em nossa viagem simbólica, estabelecemos que na sua véspera, (à exceção de Val, que com seu trecho já cumpriria com sobra a quilometragem exigida na competição), faríamos 15 quilômetros.

DIA 10/07 -

Com Manoel e Pataro

Para se adequar ao Tributo a UAI, na sexta-feira, pouco depois das 08h, (horário oficial da largada) partimos para nosso "complemento antecipado" de quilômetros.

No dia seguinte, nosso plano inicial de saída para Porto de Sauípe fora mudado, tanto de local, quanto de horário, sairíamos as 4h 30,  e não mais do nosso velho e simbólico ponto de partida, uma vez que precisávamos evitar passar pela área de Lauro de Freitas antes de ter acabado o toque de recolher. 

Em ritmo tranquilo de bate papo curtimos nossos 15 km, para em seguida começamos o trabalho de montar o isopor que seria usado no suporte na manhã seguinte.
Manoel que estaria com a responsabilidade de conduzir o carro até o local do revezamento, sairia apenas duas horas depois. A ideia era que nos alcançasse já na altura de Arembepe, onde poderia, de passagem reabastecer nossas mochilas de hidratação, e então seguir para aguardar nossa chegada em Barra do Jacuípe.

DIA 11/07


Deixamos Stella Maris pouco depois do horário previsto. 

Pela frente, eu e Pataro teríamos 80 km para cumprir (o que  já nos deixaria nas redondezas de Porto de Sauípe), enquanto Val teria a missão de nos puxar até as imediações de Barra do Jacuípe.



Rapidamente encaixamos o ritmo e quando o dia clareou já estávamos na altura de Portão/Buraquinho.



Sábado no litoral norte é dia oficial da turma do ciclismo, e a toda hora recebíamos algum carinho dos amigos do pedal. Rafael Peralva e Jonathan Merlo foram dois dos bólidos que passaram gritando nossos nomes (e que nos foi possível distinguir), e a quem agradecemos a boa energia transmitida, mesmo em alta velocidade rs. 





Próximo a Interlagos (aproximadamente 24 km percorridos)  chegava Manoel para dar nosso primeiro apoio. Em breve ele trocaria de lugar com Val.



Sem afrouxar o ritmo um instante (a ponto de ouvir até reclamação de Pataro, rs) nossa coelha nos levou ao km 35 da expedição , onde passou o bastão para Manoel, com o impressionante tempo de 3h 19'.


Estávamos por volta das 8h da manhã, e sabendo que teríamos sangue novo a partir de Jacuípe, Pataro e eu já estávamos preparados espiritualmente para seguir correndo atrás de coelho.



Aproveitando bem o incentivo, passamos a casa da maratona com pouco menos de 4 horas.

Em Guarajuba, 12 km após ter nos deixado, Val faria nosso primeiro suporte.

Sua próxima reaparição seria em Itacimirim, exatamente quando estávamos completando 54 km.


Manoel já estava uns cinco minutos na frente, e mesmo eu e Pataro já não estávamos indo mais lado a lado. Por experiência (afinal há apenas uma semana havíamos fechado um ciclo de treino para 21 km), de antemão sabíamos que nossa missão, não ia ser nenhum "arroz doce"... e bota "beiço de jegue" nisso rs, pois a parte de maior aclive do percurso, teria inicio justamente a partir de Itacimirim.

simulação de meia maratona no sábado passado

Desta forma, buscando evitar um espaçamento muito grande entre nós 03, o que certamente iria comprometer o trabalho de nosso carro suporte, "via rádio", pedi a Manoel (àquela altura preste a atingir metade dos seus 50km) que fizesse um lanchinho na entrada de Praia do Forte, e ali nos aguardasse chegar para reagrupar o time.


Manoel gentilmente topou nos esperar, e alguns minutos depois estávamos todos reunidos, e da forma mais célere possível para a ocasião,  ainda foi possível desfrutar de um delicioso sanduba, antes de retomarmos o caminho.

A medida se mostrou muito eficaz. Dali até o nosso destino, alternando posições, não mais nos afastaríamos o suficiente para deixar de nos ver.



Um quilômetro à frente, nossos Garmins  quase que simultaneamente, anunciavam que atingíramos o km 60. Portanto, restavam 20 km para nosostros (Pataro e eu), e  25 para o valoroso Manoel.

Val foi orientada a parar, agora, de 3 em 3 km. Iberostar, Mirante de Imbassaí, Gran Palladium. Em breve a gente já tava chorando hidratação de 2 em 2 km (nosso carro já tava mais para carro de socorro do que carro de apoio rs). Quem já fez sabe, às vezes a gente não vai pegar nada, mas avistar o carro parado lá adiante sempre dá uma animada no ritmo.


Por termos, acompanhando Manoel, feito 5 km a mais do que necessitávamos no dia anterior, (e por não estarmos nada gatinhos para entregar 100 km em vez dos 95 exigido pela UAI virtual), o destino meu e de Pataro seria um pouco depois do Complexo de Sauípe.



Os 50 km de Manoel "bateria" pouco antes do entroncamento (o plano havia sido traçado para passarmos na barreira sanitária, rezando para não ser barrado, com todos dentro do carro)

Já havia algum tempo que passáramos das 13 horas, o sol ia a pino...

Sempre quero que as pessoas cheguem lá, mas resolvi lembrar a Manoel que ele tinha a possibilidade de parar junto com a gente, e deixar para entregar os 05 km no dia seguinte, uma vez que a competição permitia, e que nós de toda forma iríamos fazer um regenerativo ao acordar.


Não estava fácil pra ninguém, Manu poderia ter topado a opção apresentada, sem demérito algum, mas eu fiquei muito feliz quando ele no seu jeito alegre de ser de sempre disse: eu vou é até lá, rs.

Fechada nossa meta, passamos a fazer parte da equipe de suporte, e verdade seja dita, Manoel praticamente nos ignorou nos próximos 5 km, rs. Entregou seus 50 km, ali onde havíamos calculado, e de forma mais que justa, nos esculhambou: "Só eu vim até Porto de Sauípe, rs".

Nem o fotográfo Manoel tava mais respeitando rs

Quase que no mesmo instante, como que trazida por uma frente fria, uma chuva forte começou a cair lavando nossa alma naquele começo de tarde. 

Derrubamos o gelo no meio da estrada, e acomodados sob as caixas de isopor, seguimos até a pousada do Romano sem ser detidos. Eta! chuvinha boa!



Fomos novamente recebidos com todo carinho por Aline, e pra dizer o que é chegar num paraíso daquele após uma manhã correndo, novamente farei uso das palavras de André Pipa.. "foi ali que passamos a tarde no mais completo "dolce fare niente".

DIA 12/07


Sem "dever" mais nada para a UAI, mas cumprindo a programação de nossa brincadeira simbólica, cedinho estávamos fazendo nosso regenerativo. 



O resto da manhã foi gasto até entre café da manhã, piscina e rede, e causos.



Na hora do almoço, nova alegria, conhecemos a pessoa e as delícias de D. Eliene, marisqueira de longa data, que nos serviu e ensinou um pouco da arte de viver. "Ninguém sabe do amanhã. Ninguém sabe se amanhã a gente poderá olhar no olho de uma pessoa e poder chamá-la de amigo, então pra que  viver de cara emburrada não é mesmo?". O que nos resta mesmo é, sempre, agradecer a Deus!











Percurso de Manoel