O combustível deste blog é um mix composto por duas grandes paixões em minha vida: viagens de bicicleta e competições em corrida de rua.
Sejam bem vindos!
Oficialmente,
o nome da competição que abre o calendário competitivo de corridas de ruas em
Salvador é Corrida Sagrada.
Nos
dias que antecedem a prova, porém, não conheço um corredor que a chame dessa
forma(rs). A pergunta é sempre a mesma: "Vai correr o Bonfim?".
A
corrida de aproximadamente 6,5 km (que a imprensa insiste, ano após ano, em
noticiar como 8 km), ocorre no mesmo percurso de uma das maiores manifestações
populares de Salvador, a Lavagem do Bonfim.
O clima
de confraternização é total. No trajeto até a Colina Sagrada, naquele mar de
roupas brancas, salvo pelo ritmo do deslocamento, somos todos iguais, fiéis e
atletas, juntos num mesmo desejo de PAZ.
Como,
de modo tão singular, as crenças se misturam aqui na Bahia! Dá um orgulho
danado de ser baiano, e essa é mais uma coisa que a gente, que tá ali só para
agradecer, acrescenta em nossa já extensa lista.
Após
25'46” de contagem regressiva, enfim podia dizer: Feliz 2020!
Nas
comemorações pós "chegada do ano novo", senti falta de um certo tradicional
encontro, mas não pensem que foi uma coisa de entristecer. Era muito clara a
sensação de que lá, do lugar reservado por Deus para ele, o amigo ausente
estava sorrindo com toda aquela sua cativante simpatia.
clique na seta para assistir
E por
falar nisso, encerro esta postagem com o vídeo retrô 2019 deste blog, que foi
dedicado a José Amâncio.
“No quintal por trás de
casa tem um pé de sonho que não para de florar”.
E assim, sob a permissão
divina, concretizamos mais um projeto de viagem cicloturística: “De Salvador a
Lençóis”.
Ter a Chapada Diamantina
como destino é algo que sempre nos enche de excelentes expectativas. Naquelas
mágicas paragens, no contato mais íntimo com a natureza, bons encontros sempre
acontecem, e o Deus que habita em cada um de nós transluz-se em nossos gestos,
palavras e sorrisos, favorecendo o melhor dos encontros, aquele possível apenas
ao longo de uma jornada ao nosso interior.
Com Joel e Marcondes no Ribeirão do Meio
As companhias nesse
prazeroso deslocar-se em duas rodas aumentavam ainda mais a promessa de uma
excelente viagem, que se cumpriria ao final dela, afinal de contas, a formação
para essa empreitada era a mesma do Projeto Salvador a Maceió no final de 2018.
E tanto Marcondes Lyra quanto Joel Araújo não viam a hora de colocarmos novamente
o “pé” na estrada.
Rei da Pamonha - local marcado para o encontro com Joel
E assim, mal desembarcara em
Salvador o componente alagoano do grupo, partimos em busca do nosso destino.
1º DIA: SALVADOR / SANTO
ESTEVÃO (VIA SERRA DA MURITIBA) – 160 KM
O trajeto escolhido para
nosso primeiro dia passou bem longe do trivial.
Pensando em apresentar a
Marcondes, Cachoeira, a terra da FLICA e da Maniçoba (uma comida típica da
região que, além de muito deliciosa, combina com seu estilo low carb), deixamos
a movimentada BR 324 na altura de Geari, fazendo nossa primeira parada para “reabastecimento”
em Santo Amaro da Purificação.
Em Cachoeira
Por volta das 10 horas já
estávamos atravessando a Ponte D. Pedro II para alcançar a cidade de São Félix e
começar a subida da Serra da Muritiba.
Há várias décadas
inventamos uma brincadeira em que elegemos esse trajeto como teste a ser feito
antes de obter a carteira de habilitação de cicloturista:
Pedalou os 110 km de
Salvador a Cachoeira - São Félix e depois subiu a serra da Muritiba? Está
habilitado. Subiu outras vezes? Mudou de Categoria.
O amigo Joel, por exemplo,
que em 2010 fizera seu primeiro “teste” (pouquíssimo tempo depois de haver, de
surpresa, se apresentado, à margem da BR 324, como alguém que queria começar a
fazer cicloturismo), salvo engano, nessa viagem já estava trocando a Carteira
para D.
Marcondes iniciando a subida da Serra da Muritiba
Já Marcondes, a julgar
pela forma veloz e compenetrada que venceu a serra, levou a brincadeira muito a sério e, com méritos, conseguiu
sua CNHC baiana.
Em pouco tempo já nos
encontrávamos na BR 101 e às 11h15, exatamente no horário programado, paramos
na cidade de Governador Mangabeira, onde nos fartamos com a Maniçoba da
Tapiocaria Aconchego.
Um pouco depois do almoço,
numa velocidade compatível com a deliciosa sensação de quem havia comido um
manjar dos deuses, tomamos o rumo da cidade de Cabaceiras do Paraguaçu.
Ali, de balsa,
atravessamos o rio, e após desembarcarmos na outra margem, apenas 10 km nos
separavam da BR 116 e da cidade de Santo Estevão, onde encerraríamos nosso
primeiro dia de viagem.
2º DIA: SANTO ESTEVÃO / ITABERABA
– 126 KM
Sempre buscando aproveitar
ao máximo o frescor da manhã, cedinho retomamos nossas pedaladas.
Com relativa facilidade, pouco
depois das 6h da manhã chegamos à Ponte do Paraguaçu (entroncamento da BR 116
com a BR 242), onde paramos para um café à base de cuscuz com ovos.
Sabíamos que a partir dali,
nos 90 km que restavam até Itaberaba, o destino daquele dia, as coisas mudariam
um pouco.
Uma reta interminável nos
fez lembrar o quanto havia sido divertido o dia anterior, tão cheio de nuances.
No meio do caminho havia
um pneu furado. Havia um pneu furado no meio do caminho. E a monotonia foi
quebrada... (rs)
Ao fundo a Pedra "itaberaba"
Pouco depois das 11 horas
chegávamos à cidade da Pedra Reluzente.
3º DIA: ITABERABA / LENÇÓIS
– 140 KM
Conscientes de que aquele
seria o dia de maior ganho de elevação (mais de 1.400 metros ao final da
jornada), deixamos Itaberaba antes das 4h da manhã.
Uma chuvinha gostosa nos
acompanhou por um bom tempo.
km 242 da BR 242
O dia amanheceu e, no sobe
e desce da estrada, nosso avançar era bem melhor do que havíamos calculado.
Ao contrário do dia
anterior, a cada hora que passava revisávamos para baixo nossa previsão de
chegada.
Estava enfim acontecendo a
velha e boa síndrome do terceiro dia, onde tudo se encaixa...
No primeiro dia a gente
avança com aquela euforia de quem vai fazer um pedal bate e volta no litoral.
No segundo, o ritmo de estrada começa a se impor, mas há certas dores dos “excessos”
do primeiro dia. A partir do terceiro dia nem parece que estamos indo tão
velozes, mas as coisas vão saindo como se estivéssemos em outra dimensão, e
ganhamos a certeza de que poderíamos fazer isso, sem nenhum traço de angústia,
para o resto de nossas vidas.
Não obstante estarmos
subindo o chaparral, muito antes do que havíamos previsto chegamos ao
entroncamento de Lençóis.
Dali até a cidade seriam
apenas mais 12km de ladeira abaixo.
Aí não tem jeito, a
euforia vai tomando conta e, mais do que nunca, somos apenas crianças brincando
de bicicleta.
Mostrando a conexão do
grupo, sem nenhum acerto prévio (parece que todos estávamos lembrando a nossa
chegada a Maceió), logo estávamos gritando: é Lençóóóóis!
Clique na seta para ver um pouquinho do que foi a viagem
Com Sandra e o casal (Gil e Gil) que chegaram de Maceió no dia seguinteó para curtir a chapada