Após 15 dias de muita correria por conta de intenso trabalho itinerante pelo extremo oeste da Bahia, finalmente trago aqui as estórias da minha participação nos 100 km do Frio 2017.
Única concessão dada ao asfalto antes da Jungle, no último sábado chegou a hora boa de rever amigos e participar da prova mais charmosa da ACORJA,.
Única concessão dada ao asfalto antes da Jungle, no último sábado chegou a hora boa de rever amigos e participar da prova mais charmosa da ACORJA,.
Como na corrida africana, a cada ano o sentido da prova é invertido (Garanhuns - Caruaru nos ímpares, Caruaru - Garanhuns nos pares), e este ano teria direito, caso cruzasse a linha de chegada, ao troféu especial "Back to Back", dado aos atletas que fazem os 100 km solo pela primeira vez e novamente no ano seguinte.
A despeito dos dedos quebrados e de não haver feito nenhum treino específico para a nossa "Comrades brasileira", cheguei a Garanhuns confiante de que faria uma boa prova e a confirmação, na última semana, de que novamente contaríamos com o auxílio mega-luxuoso da Tia Lalá me deixava ainda mais tranquilo.
Números da prova
No retorno - Agradecendo a Dr. Thiago Barros pelo carinho no tratamento e pela diminuição do peso da tala a carregar |
Em sua sexta edição, o Desafio dos 100 km do Frio chegou a 406 atletas (54 solos (43 masculinos e 11 femininos), 26 duplas e 75 quartetos) oriundos do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Sergipe, Minas Gerais, Bahia e até de Angola.
No solo, dos 15 provavéis "Back to Back", 11 conseguiram o feito. Para o próximo ano, 13 atletas masculinos e 10 mulheres estarão aptos ao título.
Coincidentemente todas as 11 mulheres que largaram este ano, estavam fazendo a prova pela primeira vez. As meninas fizeram bonito, pois apenas uma não conseguiu passar no ponto de corte.
Impressiona, e é sempre bom divulgar por causa do bom exemplo, a vitalidade de Maria José da Silva, 61 anos completados no dia da prova, vinda direto de Sampa, que nesta edição ostentava o honroso título de corredora mais experiente, e que deu show ao completar sorridente, após 15h e 11 minutos, os 100 km do Frio.
A Corrida
Por volta do km 30, chegou o socorro. Como no ano passado a primeira coisa que disse para ela foi: "Vai lá na frente e descobre quanto tempo o primeiro colocado já colocou de dianteira".
Àquela altura estava em quinto lugar e mais que esperanças de ainda alcançar o primeiro colocado, aquele "bom dia" tinha a intenção de passar a seguinte mensagem: "Estou bem".
Bem distante do alcance das minhas vistas, lá na frente estava o cupirense José Cristiano, que há uma semana havia vencido a 6ª edição do Ultradesafio de 80km da ASCOM, na região serrana de Macaé.
Lá adiante, porém, comecei a ver dois corredores que rapidamente foram ultrapassados por Josias e sem demorar muito, logo chegou a minha vez de deixá-los para trás, assumindo a terceira colocação.
Alguns quilômetros à frente voltei a emparelhar com Josias e acabei passando à segunda colocação, quando infelizmente após acusar uma dor no tornozelo ele precisou fazer uma parada para trocar o tênis.
Em poucos minutos a aparição de Cristiano no horizonte injetaria ainda mais energia em minhas pernas. Confesso que não esperava vê-lo tão cedo mas reconheci de imediato que logo poderia ultrapassá-lo.
Apesar de ter anunciado por toda a semana que correria apenas com o compromisso de concluir a prova (corredores, rs) no momento que emparelhava com ele, Cristiano disparou a seguinte e esperançosa pergunta: "Você é quarteto ou solo?".
Deu até vontade de despistar o forte adversário (rs), mas respondi enquanto ia me afastando "Nenhum quarteto nos alcançou ainda".
E foi assim que exatamente na marca dos 42km (3h29' de prova) assumi a ponta dos 100 km do Frio.
Vibrei com a possibilidade de vencer a prova e a todo momento deixava claro para a tia Lalá que poderia ficar tranquila pois estava me sentindo bem.
O sonho, porém, duraria apenas uma meia-maratona.
Pelas informações da tia Lalá, percebi que o Gustavo Medeiros (que havia sido terceiro lugar no ano passado) começava a se aproximar muito rapidamente e com certeza iria passar por cima de mim como um rolo compressor.
Antes mesmo da ultrapassagem no quilômetro 63 já havia pedido desculpas a tia Lalá por não poder alcançar a vitória que adoraria dedicar-lhe e ao meu Mestre, o professor Marcelo Augusti (Mr. Running).
Melhor para mim que entendi logo que o restava a ser feito era buscar defender o bi vice-campeonato. A missão não era nada fácil pois logo teria em meu encalce o Coronel, nada mais nada menos que o campeão de 2016.
Por alguns metros peguei uma carona com Gustavo e seu staff. Em meu fone ecoavam os seguintes e proféticos versos: "Avisa lá que eu vou chegar mais tarde".
Outra coisa faço questão de ressaltar: adversários (e seus apoios) não precisam ser inimigos, grosseiros ou ter olhares de "seca-pimenta" (rs) e a gente bem sabe que infelizmente isso acontece. O time do carro de apoio do campeão era um excelente exemplo de que cordialidade é possível mesmo quando estamos brigando por um objetivo que excluirá o outro.
Os 37 quilômetros restantes foram administrados da melhor maneira que podia e somente ao cruzar a linha de chegada com o tempo oficial (o meu deu 40 segundos menos) de 09h 49' e 18 segundos) reencontrei-me com Gustavo e sua equipe. De passagem aproveitei para dizer-lhes que o título havia ficado em boas mãos.
Não podia reclamar, sem nenhum treino específico havia alcançado o back to back e o vice-campeonato dos 100 km do Frio e a composição do pódio, que incluía o Coronel Israel Neto, o Acorjeano Alan Greg e o Jungleman Regis Leal, valorizava ainda mais o feito.
Após alguns minutos para troca de roupa, era hora de voltar para a estrada e reiniciar o suporte e a torcida pelo amigo Pataro. Nossa saída coincidiu com a chegada de Bené e antes de pegar a pista ainda deu para dar aquele grito de Parabéns ao Quarteto dos Assombrados.
Dando a volta por cima e enfim desengasgando, Pataro, com o sorriso de sempre ( e dessa vez sem sumir rs) completou bem os 100km do Frio.
No fim a prova pernambucana foi a costumeira festa e todos foram felizes para sempre.
Até a próxima!
No solo, dos 15 provavéis "Back to Back", 11 conseguiram o feito. Para o próximo ano, 13 atletas masculinos e 10 mulheres estarão aptos ao título.
Coincidentemente todas as 11 mulheres que largaram este ano, estavam fazendo a prova pela primeira vez. As meninas fizeram bonito, pois apenas uma não conseguiu passar no ponto de corte.
D. Maria José e o sempre estampado sorriso no rosto |
A Corrida
Pontualmente às 4 da manhã o Presidente Lula Holanda deu a largada da turma dos 100 km full.
Antes de tomarmos a direção de Caruaru, fizemos cerca de 02 quilômetros no sentido contrário. Naquele momento estava num bloco intermediário, em que também estavam o Jungleman Pataro e o baiano Diego Lessa, e foi justamente na hora de embicar na direção de Caruaru que o potiguar Gustavo Medeiros chamou atenção para o fato de que o Coronel Israel (campeão da edição passada) também estava na prova, apesar de ter dito que não viria por conta de um braço quebrado.
Provavelmente devemos ter pensado o mesmo: Lá vem chumbo grosso! rs
Aproveitando o frescor da madrugada fui imprimindo um ritmo confortável, mas que com toda certeza não seguraria até o fim, seguindo fielmente a filosofia do Mestre Carlinhos: "Se for para quebrar, que seja lá adiante", o mais perto do fim possível.
O dia clareou e, acompanhando o bom ritmo do Ultramaratonista Josias Paulo, aos poucos fui saindo do bloco que vinha encaixado.
Antes de tomarmos a direção de Caruaru, fizemos cerca de 02 quilômetros no sentido contrário. Naquele momento estava num bloco intermediário, em que também estavam o Jungleman Pataro e o baiano Diego Lessa, e foi justamente na hora de embicar na direção de Caruaru que o potiguar Gustavo Medeiros chamou atenção para o fato de que o Coronel Israel (campeão da edição passada) também estava na prova, apesar de ter dito que não viria por conta de um braço quebrado.
Provavelmente devemos ter pensado o mesmo: Lá vem chumbo grosso! rs
Israel Neto (vencedor em 2016) coincidentemente com problemas no braço também |
O dia clareou e, acompanhando o bom ritmo do Ultramaratonista Josias Paulo, aos poucos fui saindo do bloco que vinha encaixado.
É importante ressaltar que naquele momento corria ainda sem a presença da nossa staff. Munido de 500ml de água e 330ml de carboidrato, havia sugerido uma folga de 2 horas de sono para a tia Lalá, afinal de contas, depois ela ainda teria muitas horas de trabalho para facilitar a minha corrida e a do amigo Pataro.
Àquela altura estava em quinto lugar e mais que esperanças de ainda alcançar o primeiro colocado, aquele "bom dia" tinha a intenção de passar a seguinte mensagem: "Estou bem".
Bem distante do alcance das minhas vistas, lá na frente estava o cupirense José Cristiano, que há uma semana havia vencido a 6ª edição do Ultradesafio de 80km da ASCOM, na região serrana de Macaé.
Lá adiante, porém, comecei a ver dois corredores que rapidamente foram ultrapassados por Josias e sem demorar muito, logo chegou a minha vez de deixá-los para trás, assumindo a terceira colocação.
Josias Paulo cruzando o primeiro quarto da prova |
Em poucos minutos a aparição de Cristiano no horizonte injetaria ainda mais energia em minhas pernas. Confesso que não esperava vê-lo tão cedo mas reconheci de imediato que logo poderia ultrapassá-lo.
Apesar de ter anunciado por toda a semana que correria apenas com o compromisso de concluir a prova (corredores, rs) no momento que emparelhava com ele, Cristiano disparou a seguinte e esperançosa pergunta: "Você é quarteto ou solo?".
Cristiano após vitória na Ascom uma semana antes |
Deu até vontade de despistar o forte adversário (rs), mas respondi enquanto ia me afastando "Nenhum quarteto nos alcançou ainda".
Vibrei com a possibilidade de vencer a prova e a todo momento deixava claro para a tia Lalá que poderia ficar tranquila pois estava me sentindo bem.
O sonho, porém, duraria apenas uma meia-maratona.
Pelas informações da tia Lalá, percebi que o Gustavo Medeiros (que havia sido terceiro lugar no ano passado) começava a se aproximar muito rapidamente e com certeza iria passar por cima de mim como um rolo compressor.
Antes mesmo da ultrapassagem no quilômetro 63 já havia pedido desculpas a tia Lalá por não poder alcançar a vitória que adoraria dedicar-lhe e ao meu Mestre, o professor Marcelo Augusti (Mr. Running).
Melhor para mim que entendi logo que o restava a ser feito era buscar defender o bi vice-campeonato. A missão não era nada fácil pois logo teria em meu encalce o Coronel, nada mais nada menos que o campeão de 2016.
Por alguns metros peguei uma carona com Gustavo e seu staff. Em meu fone ecoavam os seguintes e proféticos versos: "Avisa lá que eu vou chegar mais tarde".
20km finais para Caruaru (foto de 2015 - Maivan) |
Outra coisa faço questão de ressaltar: adversários (e seus apoios) não precisam ser inimigos, grosseiros ou ter olhares de "seca-pimenta" (rs) e a gente bem sabe que infelizmente isso acontece. O time do carro de apoio do campeão era um excelente exemplo de que cordialidade é possível mesmo quando estamos brigando por um objetivo que excluirá o outro.
Os 37 quilômetros restantes foram administrados da melhor maneira que podia e somente ao cruzar a linha de chegada com o tempo oficial (o meu deu 40 segundos menos) de 09h 49' e 18 segundos) reencontrei-me com Gustavo e sua equipe. De passagem aproveitei para dizer-lhes que o título havia ficado em boas mãos.
Pódio Geral - Agradecimento sempre especial a "Tia Lalá" que fez como sempre toda diferença |
Após alguns minutos para troca de roupa, era hora de voltar para a estrada e reiniciar o suporte e a torcida pelo amigo Pataro. Nossa saída coincidiu com a chegada de Bené e antes de pegar a pista ainda deu para dar aquele grito de Parabéns ao Quarteto dos Assombrados.
Bené, Antônio e Eugênio - Fotografados por Fábio outro integrante do quarteto Assombrados |
Dando a volta por cima e enfim desengasgando, Pataro, com o sorriso de sempre ( e dessa vez sem sumir rs) completou bem os 100km do Frio.
Pataro nos kms finais - Ao fundo Tia Lalá |
Premiação do Back to Back com direito a camisa e troféu personalizado.- Com Anderson e Lula Holanda |
Presidente Lula de Holanda ((mentor e organizador da Prova) ACORJA |
Com a Tia Lalá no relógio das flores em Garanhuns |
Em destaque o Jungleman Regis Leal (5º Lugar geral e o Cel Israel Neto (terceiro lugar geral) |
Chegada de Diego Lessa |
Os ultrabarefoots baianos - Fábio Cordeiro e Fernando Melo |
Foco de volta a Jungle - Parceria com o Nutricionista Jonathan - (que já me acompanhou nutricionalmente quando fiz Salvador a Aracaju correndo) |
Lula e toda sua agitação antes das 4 da manhã |
Pai e filho da família Holanda e Gustavo Maia do Programa Fôlego que também correu a prova (em quarteto) e a cobriu vídeo do Programa Fôlego sobre os 100km do Frio |