Medalha top 100 |
Considerado por muitos corredores como aquele que reúne as melhores provas de 21k do Brasil, no último domingo, pela primeira vez em sua história, o famoso circuito de corridas de rua Asics Golden Run, aportou em Salvador.
À Capital baiana coube ainda o privilégio de dar o pontapé inicial do Circuito que neste ano acontecerá em 05 capitais brasileiras, além das etapas internacionais de Buenos Aires, Santiago e Lima.
Passagem no km 6 |
Às vésperas de encarar o principal objetivo do semestre (Maratona de Porto Alegre em 11 de junho) a meia maratona chegou em boa hora para avaliar a quanto anda o treinamento, bem como, pegar ritmo de competição.
Com percurso diferente e rápido, a prova fez jus à fama e foi show de organização, desde a entrega do kit, passando pela largada em ondas, organizada por baias de ritmo e com pouquíssimo ou nenhum atraso, até a "hiper" hidratação com água a cada 3 km e isotônico a cada 6km.
O único senão, bastante lamentado principalmente pela turma que corria atrás da medalha do top 100 masculino (no feminino são 20), foi um chip de papelão que não suportou a chuva que caía generosamente em Salvador no momento da prova e acabou deixando de registrar o tempo de muita gente.
Ouvi também várias pessoas reclamando pelo fato da entrega das medalhas douradas ter sido marcada para as 10h.
Entretanto, a meu ver, essa medida é um avanço nessa que é uma das peculiaridades mais vendidas nesta prova, que é a medalha dourada para os 100 primeiros homens e as 20 primeira mulheres, explico:
No ano de 2014, fiz parte de uma Asics Golden Run em São Paulo. Sem grande preocupações em ser top 100, seguia naquela ocasião, como também no último domingo, focado apenas em buscar um tempo e sensação que me trouxessem confiança para o objetivo na Maratona próxima.
Naquela meia, fechei a prova em 1h 24'49 e vi a última medalha sendo entregue ao corredor imediatamente a minha frente, até aí tudo bem, lamentei não ter feito um pouquinho mais de força mas, feliz com o "treino" feito, logo desencanei.
Mais tarde é que fui saber que muitos dos que haviam levado para casa (e para as redes sociais) a top 100, não haviam feito o percurso inteiro. Ou seja, bastava cruzar o pórtico e o cara (mesmo os mais suspeitos) era medalhado, sem necessidade de comprovação de passagens, e só mais tarde é que se ficava sabendo que ele não tinha registro nos postos de controle.
Por isso, apesar de maçante, fiquei feliz com a mudança no sistema de entrega.
O problema aqui em Salvador se agravou porque deu o horário combinado e (talvez por causa do fracasso do chip de papelão) não tinham ainda a tal lista dos tops. Depois no sistema de som, um tempo tempo de corte (1h 32) foi anunciado e mais tarde quando enfim veio a divulgação, muita gente que tinha corrido abaixo desse tempo, não constava na lista.
Naquele momento formou-se um tumulto bastante lamentável e só após algumas horas, a Organização consciente do erro, foi, recorrendo às imagens, caso a caso, buscando a melhor forma possível para solucioná-los.
Não há dúvidas que aquele não era o dia do chip de papelão, os efeitos vão bem além da confusão com os tops 100 e 20, quantas pessoas ficaram sem o registro do seu RP.
Eu mesmo, que fui chamado no sistema de som, recebi minha medalha e a informação que havia sido 30º, infelizmente ainda não tive meu tempo oficial registrado.
Aliás é aí que mora algo que leva para conta dos corredores parte da culpa do que aconteceu no domingo
Se não houvesse o famoso jeitinho brasileiro, se não houvesse tanta gente pegando atalhos para autodenominar-se Maratonista, Ultra, Super isso ou aquilo e otras cositas más, se não nos apetecesse tanto enrolar a nós mesmos (e aos outros), cada qual ocuparia apenas o lugar que lhe coubesse.
Famoso gesto do Espanhol Ivan Fernandez Anaya empurrando pelas costas Abel Mutai que liderava com folga a prova e por engano havia parado antes de cruzar a linha |
Os primeiros levariam suas medalhas, aqueles que porventura houvessem desistido de fazer o percurso todo, acusar-se-iam, etc, etc, e não ficaríamos reféns de tanto controle.
Até porque, em minha modesta opinião, a colocação alcançada ou distância percorrida pelo o corredor não o distingue tanto quanto a alma que ele põe no que está fazendo.
Não por acaso, talvez, as chegadas mais emocionantes que trazemos na memória, nem sempre são as do campeões da prova.
Quantas vezes nossos olhos não marejaram com aquela pessoa que se arrasta até a linha de chegada (sabe-se lá com quantas estórias por traz daquela corrida) muitas vezes em último lugar, mas invariavelmente debaixo de muitos gritos de incentivos e aplausos?
Até a próxima!