O combustível deste blog é um mix composto por duas grandes paixões em minha vida: viagens de bicicleta e competições em corrida de rua.
Sejam bem vindos!
Depois de enfrentarmos (“Tia” Lalá e eu) mais de 14 horas entre voos, escalas e conexão, finalmente chegamos ao nosso destino. Já passava das três da madrugada quando, “no bagaço”, entramos no Hotel.
O mais natural para alguém que havia enfrentado um dia tão cansativo seria deixar-se dormir até o meio dia, e talvez assim o fizesse se não houvesse entrado no blog do André Savazonni na noite anterior, onde fiquei sabendo que às 7:00 da manhã haveria um treino leve de confraternização para corredores brasileiros na Capital Chilena, proposto pelo Murilo Ugolino Klein através do seu perfil no Facebook.
O dia ainda não havia clareado quando entrei num táxi para dirigir-me ao local combinado (Museu de Belas Artes) a fim de participar da festa brazuca.
Por volta das 7:10 encontrei um grupo de dez corredores e, ainda sem saber se se tratava do pessoal do encontro, juntei-me à turma.
O lugar escolhido para correr era muito agradável. Um parque com piso de terra e um monte de cães a acompanhar nossas passadas. Apesar do pouco tempo que corremos juntos (o treino era de apenas 30 minutos e já peguei o bonde andando), ainda deu tempo de trocar algumas palavras, saber de que parte do Brasil cada um veio, nome, etc.
(alguns nomes: Lúcio, Murilo,eu, Mário, Flávia)
Uma coisa que me chamou atenção foi a diferença enorme entre o número de pessoas que havia confirmado presença na rede social (fui o octagésimo a fazer a confirmação) e os que efetivamente ali estavam. De toda sorte, mesmo não chegando a ser um Brazilian Day (El Día de Brasileños) em Santiago, valeu a pena ter participado da brincadeira.
Ao lado de três corredores que estão hospedados no mesmo hotel em que estou, fiz o caminho de volta “pra casa” correndo e só quando travei o cronômetro é que vi que ele marcava 01 hora e 07 minutos de treino. Nada mal para quem não tinha planejado fazer mais nada antes da Maratona.
voltando para o Hotel com Flávia, Marinho e Marcelo (todos de Curitiba)
Após um bom café da manhã, o merecido sono antes da visita na parte da tarde ao Cerro San Cristóbal.
Amanhã o único compromisso é a busca do kit; afora isso a ordem é descansar e relaxar até a hora da Maratona.
A uma semana da Maratona de Santiago (principal desafio do primeiro trimestre), neste sábado, aproveitando a distância natural entre Stella Maris e Jardim de Alah, despedi-me dos chamados treinos de qualidade com um tempo run de 15 km.
Com um pace apenas ligeiramente mais rápido que o pretendido na Maratona, esse tipo de treino é muito bom para trabalhar ritmo de corrida.
Além dos ganhos fisiológicos e de ser uma excelente referência para as competições, o grande barato desta espécie de intervalado de longa duração é a força que ele pode exercer na mente do atleta, aumentando a auto-estima e a confiança na hora de correr.
Como se trata de um treino com foco em velocidade, portanto, em alta intensidade, costumo encará-lo com a mesma seriedade de uma prova, cercando-me de cuidados como dormir mais cedo na noite anterior, hidratação, educativos, aquecimento etc., para só então acionar o cronômetro e partir concentradíssimo para a execução.
“Treino é treino e jogo é jogo”. Quem nunca ouviu esta expressão? Mas fazer estes 15km em 1 hora e 03 minutos às vésperas da viagem aumenta bastante a confiança no sucesso nos 42,2km do próximo domingo, principalmente levando-se em conta que ontem, diferentemente de um tempo run que fiz no mês passado (antes da Meia de SP), não forcei tanto a barra, já que estava correndo em meio a carros e um número cada vez maior de atletas que colorem nossa cidade.
Zé Amâncio, "Tia" Lalá e eu
Aliás, “meio de rua”, trânsito e orla no final de semana não são os lugares mais indicados para treinos de ritmo. Na falta de pistas de atletismo em Salvador, geralmente busco fazê-los no Parque de Pituaçu, sobretudo por conta das placas de quilometragem, ou no Pinicão onde multiplicamos voltas de 500 metros, mas ontem, além de fazer meu treino também tinha o compromisso de acompanhar a tia Lalá nos seus 40’ de grama no Jd. de Alah, o que já funcionaria como “desaquecimento”.
Mas não foi bem isso que aconteceu.
Cheguei lá e nada da tia Lalá (parece que eu tava rápido mesmo rs) e, quando finalmente ela estacionou seu carro, para seu azar e felicidade minha (rs) já havia me encontrado com o sempre simpático e alegre José Amâncio, com quem desfrutei de uma boa conversa enquanto a minha "atrasadinha favorita" fazia suas voltas no Coqueiral.
Jd de Alah
Somente nos minutos finais do treino da Titia, após “Seu” Amâncio ir embora, é que a acompanhei. De lá voltamos voando para casa, ainda a tempo de encontrar os meninos dormindo. Não resisti. Descanso também é treino. Após repor as energias com um relaxante banho, deitei-me e adormeci ao lado dos moleques.
No último sábado, pelo sexto ano consecutivo, mais uma vez tivemos a felicidade de estar na acolhedora São Cristóvão para cobrir os desafiadores 25km (com suas famosas 17 ladeiras) até a orla de Aracaju, evento que faz parte das celebrações do aniversário desta cidade.
Uma das primeiras cidades brasileiras a ser planejada, Aracaju já nasceu Capital. Por necessidades econômicas (a região precisava urgentemente de um porto que escoasse melhor seus produtos) e num certo dia 17 março de 1855, o antigo povoado de Santo Antônio de Aracaju, numa só tacada, foi elevado à categoria de cidade e sede da antiga Província Sergipe Del Rey, roubando este posto da pequena São Cristovão.
Desde a largada até a chegada, o que torna esta prova tão especialmente singular é a alegria do povo sergipano. Sem distinção, à passagem dos participantes, palavras de incentivo, brincadeiras, aplausos, foguetes estourados e as mãos estendidas dos pequeninos à espera de um toque dos corredores fazem com que a viagem seja “rápida” e muito prazerosa.
foto de arquivo
Se alguém me perguntasse onde eu queria estar no dia 17 de março nos próximos 44 anos, responderia sem pestanejar: “Na maravilhosa festa entre São Cristóvão e Aracaju, conhecida como Corrida Cidade de Aracaju”.
VIAGEM PARA AJU
Na sexta-feira, as 3h30 entre Salvador e Aracaju foram recheadas de lembranças do Desafio do ano passado, quando chegamos à capital sergipana com 07 dias decorrida. Durante toda viagem mostrava (principalmente à prima Fátima que não conhecia o caminho) as etapas percorridas diariamente enquanto relatava estórias daqueles dias.
Deixando a busca do kit para o dia posterior, no final da tarde já desfrutávamos das delícias aracajuanas na Passarela do Caranguejo, quando nos encontramos com Ivone e Luciana e, entre goles espumantes de suco de abacaxi, acertamos os detalhes do “resgate” que faríamos (Gil e eu) às meninas ao concluirmos nossas provas.
KIT/ALMOÇO
Para fazer uma só viagem e assim estar mais descansado para a “batalha” da tarde, emendamos a busca do kit com o almoço e somente às 10 da manhã saímos do Hotel para ir ao Clube Cotinguiba.
Esse é sempre um momento muito gostoso. Sem filas ou grande espera, resolve-se logo o “problema” e o restante do tempo, enquanto não chega a hora do rango (11:30), torna-se uma ótima oportunidade de confraternização entre os corredores (conterrâneos em sua maioria) que estão por lá.
Às 16:00, pontualmente, foi dada a largada da 29ª. CORRIDA CIDADE DE ARACAJU.
A emoção de estar vivendo aquilo novamente era a única coisa que podia justificar o coração que seguia acelerado e destoante do ritmo tranquilo adotado no começo da prova. Como seguir imune a toda aquela manifestação de carinho?
Após nosso “desfile” pelos paralelepípedos da histórica São Cristovão, já com o peito apertado de saudades daquela gente, apertamos o passo para enfrentar a Rodovia João Bebe Água, nosso caminho até a nova Capital.
Usando a Corrida como treino de luxo para a Maratona de Santiago, somente a partir do sexto quilômetro é que finalmente comecei a entrar no pace pretendido para aquela prova.
Ao término da primeira hora de corrida estava com praticamente 14km percorridos. As famosas e temíveis ladeiras haviam ficado para trás e o ritmo aumentava naturalmente.
Por volta do km 20 (com 1 hora e 26 minutos de prova) percebi que o chip descartável, pendurado apenas por um dos lados, tremulava como se fosse uma bandeira sobre meu tênis.
Por alguns segundos acompanhei com os olhos o movimento daquele pedaço de plástico esvoaçante enquanto decidia-me se pararia ou não para ajeitá-lo.
Faltavam apenas 5 km. Julgando que ele aguentaria até o fim resolvi prosseguir e cruzar o tapete de cronometragem andando e virando-o para todos os lados para garantir que fosse feito o registro. (Mas não foi bem assim).
Próximo ao km 23, eis que avisto lá na frente um dos meus ídolos de corrida: o sexagenário Manoel Brandão. Não é todo dia que a gente consegue andar junto com um “monstro” deste e, como fã enlouquecido, apertei ainda mais o passo para alcançar o velho Manoel.
Assim que emparelhei fiquei sabendo que sua perna não estava cem por cento e que ele estava apenas administrando a vitória, já que o segundo colocado da sua categoria estava vindo muito lá atrás. Após um desejo mútuo de boa sorte e um “vai!” de Seu Manoel continuei aumentando o ritmo e deixando o ídolo para trás.
Quase na virada da orla (quando restavam menos de mil metros) é que me lembrei de olhar para o tênis e só então me dei conta de que o Chip batera asas de uma vez.
A angústia daquele momento durou uma eternidade. O que fazer? Virei-me para trás e, ao longe, vi algo reluzindo ao sol. Num ímpeto, sempre em alta velocidade, dei meia volta e retornei para conferir se era o chip perdido.
Após pouco mais de 100 metros no sentido contrário (dois corredores que havia ultrapassado recentemente perguntaram confusos o que estava acontecendo) cheguei ao objeto e, triste, constatei que havia me enganado.
Com a cabeça a mil, dei meia volta e fui até o fim em ritmo de tiro recuperando todas as posições perdidas no retorno e fechando a prova sem registro, mas dentro do tempo programado 1h45min55.
Tão logo cruzei o pórtico relatei o ocorrido para os responsáveis pela Organização. Dos três postos de cronometragem não fui registrado apenas no último. Tendo eles o cuidado de anotar meu número de peito e tempo da passagem no tapete talvez fosse possível fazer constar meu nome no Resultado Geral da Prova.
Superado esse momento chato, corri para os abraços de chegada e beijos da namorada, mas antes de chegar nas preocupadas Titia Lalá e na Prima Fátima (que não estavam entendendo de longe o que tanto eu conversava com os organizadores), ainda tive o prazer de dar uma entrevista contando sobre o que eu achara da prova.
Algum tempo depois, eu e Gil (que completou a prova em 1h53) nos despedimos da família e fomos, cumprindo nossa promessa, buscar Luciana e Ivone
Lu e Ivone após chegada
No final da noite o regenerativo ficou por conta de um um“pé-de-serra” na famosa Casa de Forró Carri a chave mais que perfeita para encerrar nossa participação nos festejos do 157º aniversário da cidade de Aracaju.
De volta a Salvador após um final de semana com os familiares em Amargosa (onde fui comemorar meu aniversário), o foco agora é a Corrida Cidade de Aracaju, prova de 25km que será realizada no próximo sábado e, além das famosas 17 ladeiras cantadas em verso e prosa traz, como diferencial o horário de largada: 16 horas.
Apesar da prova sergipana representar para mim um momento de festa (uma espécie de extensão do aniversário natalício) e de nunca nestes 06 anos de participação ter ido lá em busca de recordes pessoais (geralmente serve como preparação para alguma Maratona) não se pode deixar escapar a excelente oportunidade para realizar um bom treino.
Mantendo a tradição dos últimos anos os treinos da semana “Pré-Aju” são realizados na parte da tarde, como uma espécie de aclimatação.
Acompanhado do amigo Gil, que também irá a Aracaju, às 15:30 partimos para nossa “viagem” de 14km pela Estrada Velha do Aeroporto.
Treinando com Gil na tarde do meu aniversário
.Há um ano estávamos no 3ª dia do Desafio SSA/AJU correndo entre Massarandupió e Baixios
A escolha do percurso deu-se pela semelhança com a Rodovia João Bebe Água (lugar onde se desenvolve metade da Corrida Cidade de Aracaju) e em 1h10min estávamos de volta, justamente a tempo de correr mais um pouquinho para pegar os filhotes na Escolinha.